sábado, 25 de junho de 2011

O regresso ao trabalho

Cheguei ao fim da minha primeira semana de trabalho depois de ter tido a Maria. Pensei que ia ser mais difícil, mas acabou por ser uma semana tranquila e com os horários bem repartidos.
É evidente que voltar às rotinas de trabalho custa, mas confesso que já estava a precisar de trabalho intelectual, pois isto de ficar 4 meses a mudar fraldas e a falar baboseiras farta um bocadinho. Também é evidente que tive saudades da Maria e que quando cheguei a casa no primeiro dia ela apenas esboçou um leve sorriso e depois fez questão de me mostrar que tinha percebido perfeitamente o que se estava a passar e o que iria começar a acontecer daqui para a frente. Só passado uma meia hora é que ela me deu aquele sorriso rasgado com que nos brinda quando está bem disposta! É impressionante como com apenas 4 meses os bebés compreendem tão bem as coisas e mesmo sem falar conseguem fazer passar a sua mensagem. Já os adultos parece que deixaram de perceber que existem outras formas de expressão para além da fala e por isso, tantas e tantas vezes, deixam de estar atentos a outros sinais que valem muito mais do que palavras, como um suspiro, um olhar, um sorriso ou levantar da sobrancelha. A nossa cara fala sem querermos e muitas vezes podemos perceber como o outro se sente se nos detivermos por uns momentos nas suas expressões faciais. A Maria tem uma grande expressividade facial e é através dela que muitas vezes percebo o que sente: espanto, alergia, tristeza (ai aquele beicinho) ou até manha.
Não sei se será o meu último post neste blog, vou fazer para que não seja, mas devo dizer que grande parte da sua missão foi cumprida: permitir-me nestes 4 meses partilhar para quem quer que fosse, as aventuras deste início de caminhada, que por vezes se revela muito solitária, que é ser mãe.
Se antes não era disciplinada com algumas metas a que me propunha, agora a disciplina está inerente à condição de mãe e por isso acho que vou conseguir manter este blog, de qualquer modo, caso não consiga, aqui fica um até já repleto de um enorme prazer que foi escrever para quem me quis ler durante estes meses.
Um beijinho meu e da Maria

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Primeira papa

Já lá vai algum tempo desde o meu último post, não por falta de tema mas por falta de tempo e receio bem que vá piorar daqui para a frente.
As mudanças têm sido mais que muitas e fica difícil acompanhar o ritmo da Maria (faço ideia quando ela começar a falar e a andar).
Ontem a Maria comeu a primeira papa. Depois da consulta no pediatra fomos directos à Farmácia comprar a papa (sem gluten para bebés com menos de 6 meses). Fizemos um ritual complexo e demorado enquanto a Maria berrava com fome, com muitos salpicos e nódoas à mistura. Resultado: imensa loiça suja tudo apenas para dar uma papa à Maria, que comeu tudo! Correu lindamente. Ela estava cheia de fome e chorava de cada vez que a colher não estava cheia!!! Claro que pôs a mãozinha para ajudar a empurrar e ficou toda peganhenta!
Tirámos cerca de 100 fotografias para registar o momento, mas não há nada que substitua a alegria de presenciar mais uma etapa avançada no crescimento de um ser humano.
A estranheza em relação à papa foi superada pela necessidade de comer e cada vez me convenço mais de que é assim que tudo avança na vida. Perante as verdadeiras necessidades a adaptação do ser humano é infinita e então de um ser humano bebé nem se fala!
São as adversidades que nos fazem evoluir e é perante situações novas que nos desenvolvemos. É nessa capacidade imprevisível e inesgotável de adaptação que devemos centrar a nossa atenção e depositar a nossa confiança. Somos capazes de muito mais do que imaginamos e olhar para a forma como um bebé luta minuto a minuto para se desenvolver é revigorante. Lembra-nos que por maiores que pareçam as dificuldades nós conseguiremos sempre, mas sempre superá-las!

domingo, 5 de junho de 2011

Dia de mudança

Hoje é dia de eleições, dia de grandes decisões, dia de mudança! Pois também parece ter sido um dia de mudança para a Maria.
Fomos almoçar com os avós a Belém e a Maria não pregou olho durante o almoço todo. Depois durante um pequeno passeio pelo jardim lá dormitou, mas não mais do que 45 minutos. Pensei para mim que mal chegasse a casa, adormeceria ferrada depois de comer. Estava redondamente enganada. Primeiro deu umas belas gargalhadas com as macacadas do pai, o que foi inédito pois nunca ela tinha rido tanto e com tantas gargalhadas como hoje. Depois esteve a palrar e nada de sinais de sono. Pu-la na cama dela e os olhos diziam: "Brinca comigo, ainda não quero dormir"! Não queria nada com o sono e só depois de insistir um pouco é que me apercebi: ela está a crescer e por isso vai ficando mais tempo acordada, vai querendo mais atenção, interage muito mais e queixa-se quando se sente entediada.
É engraçado que estas mudanças são muito subtis. Não vêm nos livros e nem sempre são fáceis de perceber. Parece que do nada surge um click na nossa mente e aí tudo faz mais sentido: ela está a mudar... É uma constatação inevitável que deixa antever o que é ser pai e mãe. As realidades mudam todos os dias e a compreensão de que a nossa filha é, cada dia que passa menos bebé, menos vulnerável, menos dependente é uma tarefa árdua e difícil de assimilar. Mais uma vez tiro o chapéu aos que já são pais há mais tempo, em especial aos meus, por terem sempre tentado dar-me o meu espaço em cada mudança que ocorreu na minha vida. Nem sempre resultou logo, mas a tentativa vale como esforço de ver partir sem poder ir atrás para a travar!