quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Esta luz pequenina vou deixá-la brilhar...

No dia 27 de Agosto a Maria foi batizada. O evento foi preparado com afinco e dedicação pelos meus sogros, que deram a casa, o jantar, a ceia, o pequeno-almoço do dia seguinte e por aí fora, não fosse essa uma característica marcada da família: o gosto de bem comer mas sobretudo o gosto de bem receber!
Comidas e bebidas à parte, o que me enervava era mesmo a celebração. Digam lá o que disserem isso é que interessa.
Não é obrigatório batizar ninguém. Trata-se pura e simplesmente de uma questão de Fé.
Durante estes últimos dias procurei informar-me junto de documentos oficiais da Igreja Católica, sobre o ritual do Batismo e mais convencida fiquei que o Batismo não pode ser instrumentalizado como forma de dar uma festa e receber presentes para o bebé! Para isso façam um baby shower! Sou muito bruta nestas coisas, mas é assim que as coisas são. Por mim nem tinha recebido presentes nenhuns e digo isto com verdade.
Quem quer pertencer à Igreja Católica é livre de o fazer, mas deve ter consciência das suas regras. Se são justas ou não, se são demasiado rigorosas ou não, se são radicais ou não, isso é outra discussão. Mas se as regras existem são para se cumprir! Que sentido tem a definição de católico não praticante? Assumam as coisas ou bem que se é católico ou bem que não se é! Simples! Se não é quase como ir ao supermercado, só lá vou quando me falta alguma coisa! Isso é hipocrisia!
Porque é que os pais escolhem batizar um filho? Já pensaram nisso? É que não precisam de o fazer. Não é como matricular o filho na escola, ou inscrevê-lo como sócio de um clube de futebol. A escolha passa por uma enorme alegria de saber que a partir daquele momento a minha filha faz parte de Cristo! Quem não sente isto porque decide batizar um filho? Porque é que se dá ao trabalho de organizar uma festa? Arranje outro motivo, há tantos!!! Ninguém censura a vontade de se dar festas e receber presentes, de estar com amigos e família a conviver. Mas com tantos pretextos para convidar amigos e família para uma festa custa-me compreender porque é se que utiliza um que não é sentido verdadeiramente, manipulando a sua dignidade!
O Batismo é o início de uma caminhada que os pais começam e que a criança irá no futuro confirmar através do sacramento da Confirmação. Que verdade tem o batismo de um bebé se os pais depois não estiverem dispostos a caminhar?
"Esta luz pequenina vou deixá-la brilhar, bem dentro de mim vou deixá-la brilhar..." e que luz é aquela que se acende nesse dia tão especial e que depois é coberta pelos comodismos dos pais, pelas vergonhas e preconceitos dos amigos e da família, pela ausência de sentido de responsabilidade perante os apelos de uma igreja a que se pertence mas que é descurada porque tem uma voz incómoda e muitas vezes incoerente...? A resposta é simples: a luz apaga-se por falta de oxigénio para arder.
Nunca vou deixar que a luz que se acendeu no coração da Maria no dia do seu Batismo se apague. Nunca!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Saudades

Estou sem ver a minha filha há 2 dias. Como não tive férias, o pai foi com ela e com os avós apanhar ar do campo e eu fiquei em Lisboa a trabalhar. Até deu jeito para tratar de algumas coisas, mas sair do trabalho e constatar que não a vou ver dá-me cá um aperto... Fico com umas saudades!
Felizmente hoje já estarei ao pé dela, mesmo que só para a ver dormir, que já é um efeito calmante pois emana tranquilidade, aquela tranquilidade que em adulto é tão difícil de encontrar, mesmo durante o sono.
Estar longe da Maria é saber que uma parte de mim não está comigo, por isso custa tanto. Lembro-me dos meus pais quando estive a viver na Bélgica durante um ano... nunca dizem nada até porque sabem que nós filhos não gostamos de os ver preocupados, mas agora sinto mais na pele o aperto que eles sentiram silenciosamente durante 1 ano. E sentem quando nos deixam ir passar o primeiro fim de semana fora, o primeiro campo de férias, as saídas à noite, as viagens com os amigos e namorados e todos os programas e escolhas de vida que não passam por estar com eles. No fundo sabem que a maior parte da vida dos seus filhos será passada longe deles, o que é como viver a maior parte da nossa vida sem um bocado que nos pertence. Mas a grande verdade é os filhos não são nossos, não são nossa pertença, são dons de Deus que não podemos esconder com medo que nos tirem, pelo contrário têm que ser criados para serem dados à Vida.


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

6 meses...

Hoje a Maria faz 6 meses! Meio ano! Um semestre! Já é muito tempo!!!
A felicidade e a alegria de viver junto de um pequeno ser humano que cresce connosco, que nos surpreende a cada dia que passa, é inexplicável!
É delicioso olhar para ela, vê-la a ultrapassar os obstáculos que vão aparecendo, e sempre com boa cara! O virar-se de barriga para baixo e querer gatinhar, a vontade de estar em pé ou de se sentar sozinha, a expressão nos olhos dela quando quer pedir alguma coisa e não consegue, ou as tosses fingidas para chamar a atenção, são tudo momentos únicos cheios de magia, que transformam a nossa vida. Passamos a ter uma vida mais simples e sem grandes planos de viagens, jantares, saídas à noite ou compras, mas muito mais preenchida e muito melhor vivida!
Parabéns à Maria, parabéns a mim e ao Rui, parabéns à família e aos amigos que espero que ajudem sempre a Maria a crescer sabendo que na vida não há facilidade mas há Felicidade!!! E essa só se consegue verdadeiramente pelos caminhos mais difíceis, mas nunca impossíveis de ultrapassar. Não quero que facilitem a vida à Maria, quero que ela saiba o que são as dificuldades que atravessam o seu caminho, quero que ela tente agarrar a vida mesmo que lhe custe, tal como quando quer um boneco e estica o braço para o apanhar, coisa que nunca fará se eu lhe der logo o boneco. Para quê esforçar-me a tentar apanhar o boneco se alguém mo vai dar? Talvez seja uma tentação, pois quero vê-la feliz, mas sei que sempre que lhe poupar o esforço estarei a deitar fora uma oportunidade para ela crescer e aprender.
Hoje partilho convosco a algria que me enche o coração e me faz sorrir só de me lembrar daquelas bochechas que vou encher de beijos!!!
:D

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Combates, o primeiro de muitos!

Hoje forcei-me a vir aqui para partilhar o que chamo de: O primeiro de muitos combates entre a Maria e os pais.
Começa cedo, pensam vocês, mas não. É perfeitamente normal os bebés começarem a "medir forças" com os pais, sobretudo na hora da refeição, recheada de momentos e oportunidades para o bebé triunfar levando os pais ao cansaço e assim vencendo a batalha.
Hoje a Maria tinha à sua espera uma sopa muito cor de laranja, que já tinha deixado umas boas nódoas no Domingo e por isso o cuidado para não sujar o pijama de hoje foi redobrado.
Ora, nem de propósito! Começou a comer lindamente até que se lembrou de fazer o famoso "brrrrr" com a boca cheia de sopa cor de laranja! Rapidamente salpicou a cozinha e ouviu dos pais um: "Não faz isso!". Nesse momento parou, não estava à espera daquela reacção. "Teriam achado graça?" deve ter pensado... a calmaria durou apenas por momentos. Passado três colheres de sopa e uma de banana resolveu experimentar o "brrrr" outra vez, para ver qual era a nossa reacção. Mais uma vez, de olhos arregalados e com a voz colocada em tom de ralhete dissemos em uníssono: "Maria, não faz isso!". Ela estremeceu, depois riu-se na tentativa de arrancar de nós também um sorriso, mas logo se apercebeu que não tínhamos achado graça. Isso não a impediu de continuar, pelo contrário até a motivou mais e logo se recompôs para repetir a proeza. Já estávamos os dois perdidos de riso e com a cara tapada com guardanapos!!! Tudo menos mostrar-lhe que achávamos piada.
Fez-se uma pausa para ver se ela retomava a refeição normalmente, mas de pouco serviu, pois daí a nada recomeçaram os "brrrrs". Eu aproximei-me dela, abri os olhos e disse: "Não faz isso!". Ela parou, fitou-me com os seus olhos penetrantes e em silêncio disse-me: "não me vences tão facilmente". Aí caiu-me tudo, um pingente daquele tamanho enfrentou-me com o olhar!!!
Lembrei-me das vezes em que depois de ouvir um ralhete continuei a fazer certas coisas que sabia que deixavam os meus pais irritados (sobretudo a minha mãe) só para medir forças. Lembro-me como se fosse hoje! Era uma sensação de desafio que me movia. Depois acabava em castigo ou com umas boas palmadas para deixar claro que a relação entre pais e filhos não é uma democracia (e ainda bem!!!).
Em toda a nossa vida medimos forças, vamos travando vários combates com quem tem autoridade sobre nós, umas vezes por causas nobres e válidas, outras vezes só pelo prazer de combater e de esgrimir argumentos. Todos esses combates são inevitáveis, e se encarados com o devido bom senso até são saudáveis. Só há um combate que para mim não faz sentido travar, é o que teimamos em travar com quem amamos e nos ama: com a pessoa que escolhemos para viver o resto da nossa vida e com Aquele que nos ama infinitamente e nos deu a vida.
Contra nenhum deles vale a pena combater, pois o resultado é sempre negativo!