segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Casa de bebés

Este fim de semana fomos jantar a casa do Afonso e a Maria também foi, claro! O Afonso já é um bocadinho mais velho do que a Maria, mas só uns meses. Como saímos a correr de casa, só tive tempo de levar a sopa da Maria e mais nada. Quando lá chegámos estava o Afonso a jantar na sua cadeirinha e ficou um pouco envergonhado quando nos viu entrar pela cozinha adentro a fazer muitas gracinhas e a interromper-lhe o jantar. Do saco da Maria tirei a sopa e depois tive que pedir emprestado um babete, uma colher de bebé, uma banana para a sobremesa e uma cadeira para a Maria comer, ao que a mãe do Afonso me responde: "Serve-te à vontade porque isto é uma casa de bebés".
Fiquei a pensar naquela frase e realmente apercebi-me de que quando se tem um filho tudo que compramos para o bebé fica automaticamente à disposição dos outros pais que, como nós, tenham filhos pequeninos. Há uma solidariedade, quase uma irmandade entre aqueles que têm o primeiro filho mesmo tempo, pois todos comungam da mesma experiência avassaladora. É como se falássemos a mesma língua em termos de necessidades do bebé, de tal forma que não é preciso pedir nada pois sabemos perfeitamente o que é preciso, sabemos bem a logística que envolve ir jantar fora com um bebé e sabemos que o factor mais importante é que o bebé se sinta em casa! Assim é tudo mais fácil.
A Maria jantou na cadeirinha do Afonso (ao que ele ficou um pouco desconfiado ao início, mas depois passou-lhe) e depois dormiu na cama dos pais do Afonso, cheia de almofadas à volta. Dormiu profundamente e só acordou quando tivemos que ir embora, porque se sentiu em casa.
Uma casa de bebés é assim, é uma casa em que os bebés se sentem seguros e confortáveis, e podem ficar à vontade para fazer disparates porque os donos da casa compreendem perfeitamente.
Que a nossa casa também seja sempre uma casa de bebés, para os bebés de 2011 e para os que aí vêm! Sejam muito bem-vindos!!!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Filhos, Pais, Avós... barafunda da família, a riqueza das relações humanas

Hoje recebi um email com um texto, enviado por uma avó, avó da Maria, mãe do pai da Maria. Não digo sogra porque o que interessa é o passaporte de passagem pelas várias gerações: Mãe duas vezes, Avó três vezes e Filha (só se é filha uma vez e a vida toda!) - curriculum invejável.
Ao ler o texto pus-me a pensar nesta teia, neste emaranhado de sentimentos e relacionamentos que surgem no meio familiar com os quais muitas vezes não sabemos lidar, mas que são a maior riqueza que nos é dada nesta vida.
De um lado: "Há um período em que os pais ficam orfãos dos seus filhos".
Do outro lado: "Eu ainda não estou nesse período, estou apenas agora a começar esta aventura de ser mãe e por isso tudo que que ali está escrito eu ainda não vivi e quero viver intensamente com a Maria."
De um lado: "Passou o tempo do ballet, do inglês, da natação e do judo. Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas."
Do outro lado: "Ainda quero viver as brincadeiras na praia, o ballet, os trabalhos de casa, tudo isso, não quero perder pitada. Quero viver até ao último segundo e mesmo assim um dia direi que ela cresceu de repente."
De um lado: "Os pais ficaram exilados dos filhos. Tinham a solidão que sempre desejaram, mas, de repente, morrem de saudades. Chega o momento em que só resta ficar de longe torcendo e rezando para que eles acertem nas escolhas em busca de felicidade. É esperar que a qualquer hora nos podem dar netos. O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos. Por isso os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável carinho. Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto."
Do outro lado: "Os avós querem reeditar o afecto nos nossos filhos, e muitas vezes essa reedição passa por fazer o que não fizeram enquanto pais. Já disse isto aos meus pais que me deram uma educação rígida e conservadora e que de repente, com uma facilidade impressionante, esqueceram-se de boa parte dela. Nós os filhos e pais recentes temos dificuldade em lidar com isso e queremos rapidamente encontrar e estabelecer limites. O perfeito é que os limites sejam definidos em conjunto, mas nem sempre é possível e por isso vamos apalpando terreno, vamos calando quando é preciso e falando quando é preciso. Não é fácil estabelecer essa fronteira, mas faz parte da riqueza das relações humanas e familiares. Talvez sejamos melhores filhos para os nossos pais quando temos filhos, melhores pais para os nossos filhos quando temos netos e melhores avós para os nossos netos quando temos bisnetos... mas isso faz parte da aprendizagem da vida, pois cada vez que passamos para uma nova fase não queremos cometer os mesmos erros. Cada fase da vida tem, a meu ver, um papel específico e único que não se pode sobrepôr mas sim complementar-se. Não é fácil estabelecer essa fronteira, mas faz parte da riqueza das relações humanas e familiares".
Duas visões de duas fases diferentes da vida, que enriquecem a nossa aprendizagem se as olharmos com humildade e de coração aberto.

domingo, 18 de setembro de 2011

É mais fácil andar para trás

Hoje a Maria faz 7 meses e hoje a Maria resolveu gatinhar... mas para trás! Estávamos os 3 no tapete do quarto a montar os brinquedos novos, quando reparámos que a Maria estava quase fora do tapete, mas em marcha à ré!
O esforço que ela andava a fazer há já alguns dias finalmente compensou, mas foi para trás! Talvez não fosse bem isso que ela tinha em mente, mas lá conseguiu sair do sítio.
É mais fácil começar a andar para trás. Mas na vida parece que continua a ser mais fácil andar para trás. Sempre que nos deparamos com um obstáculo a tendência é recuar, em vez de enfrentar. Sempre que surge uma situação mais complicada de resolver, constrangedora, intimidatória, a tendência é calar em vez de falar, contornar em vez de confrontar, baixar em vez de erguer. Bem sabemos que custa muito mais "pegar o toiro pelos cornos" do que saltar para as trincheiras.
A Maria anda para trás agora, mas vai chegar o dia em que ela vai descobrir como se anda para a frente e como é bom seguir em frente! Nessa altura não vai querer parar nunca, só quando começar a ter responsabilidades (oxalá que nem aí se canse de andar para a frente).
Devemos olhar as coisas de frente, saber dizer o que é preciso mesmo que isso nos custe e custe aos outros, seja na família, no trabalho ou com os amigos. Que não deixemos nada por dizer, para que não aconteça como a sopa que deixei na panela durante a noite: azedou!
Pode ser mais fácil andar para trás, mas isso é para a Maria que ainda não aprendeu a andar para a frente.
Queiramos reaprender a andar para a frente como um bebé, saboreando cada passo do nosso caminho.
Deixo-vos um texto "das 5ªs feiras" (site da RR)

"Um dia de não desperdício.

Hoje gostaria de estar mais atenta ao desperdício. Desperdício do bom dia do vizinho, a quem não retribuoDesperdício das cores do dia, que não vejo.Desperdício da mão estendida, que não agarro.Desperdício da palavra gentil, à qual não respondo.Desperdício do olhar atento e solícito, que evito.Desperdício da carícia, que rejeito.Desperdício do pão, que não saboreio.Desperdício da sabedoria, que ignoro.Desperdício dos desperdícios; tudo é desperdício, quando não amo. Ensina-me Senhor da Vida a não desperdiçar o dom deste dia."

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Estrela

Na passada 5ª feira o céu e as nossas vidas ganharam mais uma estrela. O Gonçalo deixou esta vida curta e redonda para começar uma vida eterna e plena de felicidade, junto de todas as outras estrelas que outrora já foram alguém especial aqui na terra.
A Maria já tinha conhecido o tio Gonçalo, e que tio babado! Foi lá a casa de propósito, fora de visitas com amigos e entre horários difíceis, para conhecer a Maria e presentea-la com roupinhas, as últimas trazidas de Londres. Eu até lhe disse que tinha perdido a cabeça, mas ele com aquele vozeirão e com o sorriso rasgado disse: "Pois perdi! Mas em Londres o que é tu querias?". Três vestidos, qual deles o mais giro, três pijamas em vários tons de cor de rosa, e muita vontade de ver a Maria crescer e tornar-se uma menina para com ele um dia aprender a dançar a valsa. Talvez não vá poder ensiná-la a dançar a valsa, mas vai com certeza vê-la crescer e de um sítio privilegiado, acompanhado de todas as estrelas que não chegaram a conhecê-la mas que olham por ela, como a Avó Maria e o Avô Roquette, o Pedro Zenóglio, e tantos outros que do céu tomam conta de nós. Creio profundamente que eles, ao lado de Nosso Senhor, vêm o que fazemos, e sopram sinais de esperança e de alento quando nos sentimos em baixo. É neles que tropeçamos quando estamos a ponderar uma decisão errada, é com eles que viajamos quando temos medo que o avião caia, é junto deles que adormecemos sabendo que lá não se dorme (não é preciso) e por isso alguém está de vigia por nós.
A Maria ganhou mais uma estrela, e esta muito brilhante de certo, pois partiu na flor da vida e com essa mesma garra vai fazer de tudo para nos iluminar o caminho certo.
À noitinha, antes de a deitar faço questão de lhe falar em cada uma das estrelas que ela tem a olhar por ela no céu, e desde 5ª há mais uma na lista! Ela vai conhecer bem este tio babado e vai querer aprender a dançar e a cantar, e a respirar música, história e cultura, como ele tanto gostaria de lhe ter mostrado!
Até sempre querido Gonçalo!