sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Tudo o que não deres hoje, perde-se amanhã!

A Maria esteve doente pela primeira vez. Doente a sério, não foram aquelas frebicas de 37.º,5 por causa dos dentes. Esteve doente de febre alta e dores de barriga. Ao primeiro sinal de febre alta fiquei logo assustada, ela coitadinha gemia entre os desenhos animados do babytv e ia tentando brincar enquanto a febre e as cólicas a deixavam em paz. O pediatra disse-me que devia esperar que se completassem 24h com febre pois antes disso não havia grande motivo para preocupação, mas eu já estava preocupada por isso as 24 horas passaram como se fossem 24 dias!
O corpo dela reagiu e venceu! Hoje já não teve febre e já poderá começar a deixar de comer canja!
Nestes dias todas as outras coisas passaram para o plano de baixo, só queria que o tempo passasse para chegar a casa e ver a Maria. Isso fez-me pensar que devia ser assim todos os dias! O que deve ficar sempre no plano de cima é a família, tudo o resto vem a seguir. É que vamos deixando o tempo passar nesta lógica de que o podemos recuperar depois, mas o que é certo é que tudo o que não damos hoje, amanhã já estará perdido e já não será recuperável. Estamos sempre a adiar para o fim de semana com a desculpa que estamos cansados e tivemos um dia complicado no trabalho... Chega o fim de semana e as soliticações aparecem de todos os lados e de repente já é 2ª feira outra vez e tudo não passou de uma intenção.
O beijo que não dei hoje, já não o posso dar amanhã; a palavra amiga que não disse hoje perdeu-se e amanhã não será a mesma; e assim se vão perdendo as oportunidades de cuidar daqueles que são nossos.
No dia do nosso casamento prometemos um ao outro que iríamos namorar pelo menos 5 minutos por dia, todos os dias da nossa vida. Hoje digo que isso não acontece todos os dias, e que ao contrário do que queria que fosse verdade, os dias em que não dedicamos 5 minutos do nosso tempo ao namoro não se convertem em créditos para usar depois, perdem-se! É assim com tudo o que amamos e não cuidamos, cada oportunidade que escolhemos perder é um descuido que não pode ser compensado depois. É uma distância que não se recupera, porque não há dois momentos iguais.
Dizia-me hoje um amigo: "Tu só comes ao fim de semana? Imagina como seria se assim fosse, andavas à míngua a semana toda". Também é assim com o amor. Não somos um depósito de beijos e carinhos que enchemos ao fim de semana e vamos utilizando durante a semana. Precisamos disso todos os dias, em doses pequenas mas vitais!
Sejamos capazes de encurtar as distâncias, reconhecendo que o que não dermos hoje ao outro não vamos poder recuperar, mas assumindo (com vontade e determinação) que iremos dar um bocadinho de nós todos os dias! Só assim é possível cuidar de alguém.
Bom fim de semana (mas hoje ainda é dia)!

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Anjo da guarda

Hoje a Igreja celebra o dia do Anjo da Guarda.
Desde pequena que me lembro de ouvir falar do Anjo da Guarda, normalmente personificado numa criança com asas, talvez o meu tio António que desde os 2 anos ganhou asas e que lá do alto nos vai guardando!
Não quero aqui discutir o sexo ou a personificação dos anjos. Limito-me a reconhecer que a presença deles me conforta a alma. Se calhar somos demasiado incrédulos para acreditar em anjos, mas todos nós temos alguém que partiu a quem atribuímos essa função: olhar por nós!
Já muito se escreveu sobre anjos, já muito se pintou e encenou sobre o tema dos anjos. Numa sala de teatro ou de cinema, num livro ou num quadro os anjos dão azo a muita criatividade e curiosidade, mas para mim não é preciso pensar ou fantasiar muito, simplesmente porque sinto que tenho um anjo que me guarda.
Uma oração ternurenta antes de dormir foi o que a minha mãe a a minha avó Maria me ensinaram e hoje sou eu a que canto à Maria.
Quando estava grávida resolvi ensaiar uma canção que ela pudesse escutar, ainda no meu ventre, e que de algum modo a acalmasse, e hoje assim que canto as primeiras notas da melodia ela serena e aninha-se para dormir. A letra da música é a oração que me ensinaram a rezar com um pequeno acrescento:
"Ó meu Anjo da Guarda, minha doce companhia, guardai a minha alma de noite e dia. Ó meu Anjo da Guarda, minha doce companhia, guardai a minha filha de seu nome Maria".
Não sei a Maria fica mais calma só por se ter habituado a escutar aquela melodia, ou se de facto o Anjo da Guarda dela me ouve e fica ali sentado a olhar por ela para que ela durma tranquilamente, sei que o meu coração fica mais calmo sempre que a canto.
São João Maria Vianney dizia:
"Meus irmãos, não só Deus não vos perde de vista um instante, como até vos dá um anjo que não deixa nunca de vos guiar. Oh, grandiosa felicidade, tão mal conhecida pelos homens!"
Que no dia de hoje nos lembremos do nosso Anjo da Guarda e nos deixemos guiar na sua doce companhia, quer de noite quer de dia!

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Indignação

Hoje, após uma longa jornada de trabalho e uma discussão sobre a crise à sobremesa, fiquei a pensar sobre a indignação e qual o limite para se estar indignado. É que nao sendo a indignação um direito, não existe verdadeiramente um limite para se estar indignado, isto porque a indignação de cada um pode ser tão subjectiva...

Tal como a dignidade é absoluta também a indignação o é, logo eu não devo dizer ao meu vizinho se deve ou pode estar ou não indignado, ele é que sabe se tem razões para estar indignando. Parece que os pais têm uma grande facilidade em avaliar o grau de indignação dos filhos e, por consequência, a sua justificação e o respectivo limite. Mas como são pais, os filhos até compreendem. Já não se compreende quando são outras pessoas que nada têm a ver connosco. Porque raio é que uma pessoa mais pobre pode/deve estar mais indignada do que uma pessoa mais rica ou vice-versa? E até que ponto posso estar indignado sem correr o risco de me chamarem mariquinhas? 

Não existe um direito à indignação! Simplesmente se está indignado ou não se está! E note-se bem que eu disse estar e não ser. É que a indignação é um estado temporário/transitorio que serve precisamente paramarcar um ponto de mudança interior que por sua vez impulsiona uma mudança exterior. Não se é indignado!

O que fazer depois de estar indignado é que é a chave do problema. A diferença entre a indignação e o queixume é precisamente a permanência num estado de reclamação e cobrança constante, o que no caso do queixume se torna prejudicial para a própria pessoa porque conduz ao pessimismo.

Parece que hoje já não estamos indignados, somos indignados! E é isso que vai corroer a nossa última réstia de esperança, aquele que nos poderia impulsionar para a mudança.

Eu não quero que a Maria cresça numa geração de pais e permanentemente indignados. Eu não quero que o queixume se apodere de mim e transforme o meu dia a dia numa constante reclamação capaz de matar todo e qualquer sonho. Hoje estou indignada mas amanhã quero trabalhar para mudar (o meu centro de gravidade)

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O amolador de tesouras

Todos sabem entoar as notas musicais que o amolador de tesouras toca quando está a chegar a uma rua. Aquele som é familiar a qualquer ouvido lisboeta. Característico da cidade doutros tempos, é um som que antecipa a chuva, pelo menos já dizia a minha avó Maria.
Ontem, dia 11 de Setembro, recordou-se a tragédia que mudou o mundo. A história da humanidade encerrou um capítulo e começou um novo em que tudo acontece à velocidade da luz, em que as ligações se estabelecem com a facilidade de um "click" e em que quem não está ligado a uma rede social é excluído dos acontecimentos.
Ontem, dia 11 de Setembro, muitos pararam para ouvir o Ministro das Finanças falar em sacrifícios e gerações futuras, outros não; muitos saíram mais cedo para poder assistir ao jogo de Portugal com o Azerbeijão, outros não. Talvez porque já estejam fartos de ouvir sempre a mesma coisa, seja na política seja no futebol.
Ontem, dia 11 de Setembro, eu ouvi o amolador de tesouras na rua onde trabalho, ouvi aquele som que sobressaiu no meio dos sons da rua e dos carros, como se calasse tudo à sua volta. Ouvi as notas simples e conhecidas que todos os amoladores sabem tocar e voltei atrás no tempo. Por momentos lembrei-me da minha avó Maria, das férias grandes com os primos, das brincadeiras na rua, do tempo em que as profissões do futuro eram simples e fáceis de entender. O que faz um amolador de tesouras? Afia tesouras. O que faz um sapateiro? Conserta sapatos. O que faz um consultor comercial? O que faz um assessor? O que faz um jurista? O que faz um designer? O que faço eu? Aquele som tranquilizou-me a alma porque me recordou que a simplicidade das coisas é o que lhes dá a verdadeira beleza e que os meus sonhos para o meu futuro e o futuro da Maria são simples e fáceis de entender.
No meio desta confusão de sinalética e vocabulário de difícil compreensão, em que ninguém sabe qual a direção a seguir,  ainda se ouvem amoladores de tesouras em Lisboa!

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

STOP: Férias, paragem obrigatória para pensar!

"Este é o pão que desce do Céu; se alguém comer dele, não morrerá.
Eu sou o pão vivo, o que desceu do Céu: se alguém comer deste pão, viverá eternamente"


Hoje escrevo sobre o Evangelho de ontem porque ultimamente tenho andado com pensamentos e atitudes que fogem do essencial, do simples, do básico.

O pão é o alimento básico, que tapa sempre o buraquinho de um estomago a dar horas.
No outro dia encontrei-me com uma amiga que vive perto de um Pingo Doce, eram quase 22h, e dei por mim a olhar fixamente para os caixotes do lixo. Estava um homem que podia ser o meu pai, bem vestido, sem mau aspecto, a vasculhar o lixo do Pingo Doce. Os desperdícios daquele dia seriam aproveitados para ele e talvez para a família, não sei. Mal me viu escondeu-se atrás dos caixotes e ali ficou sem se mover até eu sair com o carro. A vergonha, a tristeza, não sei o que sente alguém que tem de ir vasculhar o lixo para comer. O homem ficou escondido durante o tempo em que estive a conversar na rua, como um gato que tem medo das luzes de um carro... Fiquei a pensar nisso, rezei, mas no dia seguinte tudo voltou ao normal.

Penso em ter mais filhos, penso em viagens, penso nas férias, penso em remodelar a casa, em jantar fora, é normal pensar nisso e não posso sentir-me culpada por pensar nisso, pois tenho trabalho e vivo bem. Mas posso sentir-me culpada por não fazer nada para ajudar os outros. Sinto-me inútil na parte voluntária. Sinto-me incompleta mas não sei como começar nem por onde! Acho que não tenho tempo, e por vezes penso como quando tiver mais filhos! Mas tudo se faz, tudo se consegue com a graça de Deus e com a ajuda da família, do nosso parceiro de caminhada. Se ao menos pudesse convencer os outros e a mim própria que ação de voluntariado é importante, preenche-nos e faz bem a todos!!!!!!!!!! Não quero desistir, mas confesso que muitas vezes baixei os braços e pensei, que se lixe! Vou continuar o meu caminho e os outros que continuem o seu. Mas bem sei que o meu caminho cruza todos os dias com o caminho de uma outra pessoa.

Faz-me falta parar e ganhar coragem para começar e acordar cada dia com outra esperança, com a esperança de que posso fazer a diferença nem que seja por pouco, mas posso.

Objetivo de férias: parar para pensar em como posso preencher este vazio de não me dar aos outros. Talvez o meu post de Setembro já tenha um plano de acção voluntária concreta!

A Maria faz 18 meses dia 18... Como está crescida e linda! Alegria da minha vida! :D

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Bem-vindo Verão

Esta semana foi uma semana quente, muito quente! Dias quentes, noites quentes. E o calor convida a sair de casa, a não dormir, porque mesmo de janela aberta se dorme mal, a usar pouca roupa e a beber (e brincar com) muita água!
Assim fizemos com a Maria. Apesar de não podermos ir à praia, pois em dias de trabalho, e com os meus horários, sobra pouco tempo para ir até à praia, levámos a Maria a sair mais à noite. Fomos comer um gelado às Docas e logo percebemos que muitos mais casais com filhos pequenos tiveram a mesma ideia... estava cheio de miúdos e graúdos!
Na relva muitos pezinhos do 20 ao 25, corriam sem parar. Uns atrás dos outros corriam, caiam, riam, gritavam de excitamento por estarem acordados àquela hora e a brincar na rua! Estava um calorão e o vento soprava quente!
Foi tão engraçado ver todos aqueles pequeninos a aproveitar a noite para correr e tirar o maior partido daquele momento, até chegar a hora em que se ouve: "Vá, vamos para casa". Corriam sem parar como que se aquela hora estivesse mesmo atrás quase a apanhá-los e fosse preciso fugir para não ir para a cama.
Mas a hora chegou e a Maria mal chegou ao carro encostou-se ao seu amiguinho coelhinho e parou de correr. Tenho a certeza que nos seus sonhos a correria continuou e prolongou-se para o dia seguinte!
Este tempo quente é o tempo para sair e aproveitar. É certo que é preciso deitar cedo, mas nestes dias posso estar mais tempo com a minha filha, posso esticar o tempo livre para viver a minha filha fora de casa.
E já não era sem tempo! Bem-vindo Verão, que nos empurras para a rua, para a liberdade, para a descontração. Bem-vindo Verão, que abres as janelas e as portas, deixas soprar o vento e despentear os cabelos, destapas os ombros e os dedos dos pés e trazes gotas de água salgada.
Bem-vindo Verão, que chegaste atrasado mas ainda a tempo de nos despertares para os dias que se prolongam pelas noites e que, sem culpa, nos fazem ficar acordados até mais tarde.
Agora só faltam mesmo as férias, mas até lá vou aproveitar este Verão e não quero perder pitada das descobertas da Maria!

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Saudades da minha princesa!

Esta semana a Maria está com os avós na praia. Uma semana, 7 dias, 168 horas, 10 080 minutos... Passa tão devagar...
Tem sido bom para fazer outras coisas, para jantar fora, para namorar, para sair da rotina, mas falta algo. Chegar a casa com silêncio é insuportável!
Falamos ao telefone todos os dias e várias vezes por dia, mas ela pouco diz, e às vezes grita. Acho que está chateada comigo, mas sei que se diverte todo os dias, que adora água, que brinca com os primos e que come imensa fruta!!!
Já sei que no Domingo a vou apertar e encher de beijos!!! Já sei que vou notar diferença na altura e no peso. Já sei que vou ver coisas novas que ela saber fazer, palavras que aprendeu a dizer, e asneiras que vai ter de perder! Já sei que a paciência para voltar a implementar as rotinas tem de ser gigante, mas ainda bem. Vamos voltar à rotina... ainda bem!!!
Bem sei que me queixo de andar cansada, do trabalho, das obrigações, das papeladas, dos horários apertados,  mas na realidade é me permite dar o melhor a quem mais amo. É por isso que trabalho, que ando em correria todos os dias da semana, que me levanto cedo e deito tarde. É por isso que me esforço. Ninguém corre sem uma meta, sem objetivo, pois a corrida torna-se vã. A meta da minha corrida é a felicidade da Maria! É assim que sou feliz!

Bom fim de semana :D 

terça-feira, 29 de maio de 2012

São Martinho do Porto

Este fim de semana, contrariando a previsão meteorológica, fomos para São Martinho do Porto. A Maria já lá tinha ido no Verão passado, mas ainda não tinha estatura nem consciência para disrutar do mar, do jardim, do pôr-do-sol, do chilrear das andorinhas quando se vão deitar...
Pois bem, este fim de semana foi diferente. Mal chegámos e avistámos a baía, ela guincha e diz "Aba, Aba" que quer dizer água. O excitamento de ver o mar, tanta água junta, contagiou-nos e mal acabámos de almoçar, fomo pôr o pé na areia!
Admirada com a textura dos grãos de areia que se colavam entre os dedos, a Maria foi andando devagar e sempre de mão dada, para não se desequilibrar. Pouco tempo depois já estávamos à beira mar e mal a água tocou nos seus pezinhos, num laivo de independência largou a minha mão e se não tivesse atenta tinha-se molhado toda dos pés à cabeça! Ria-se sozinha sempre que vinha uma onda (uma ondinha porque em São Martinho não há ondas), chapinhava, corria e se pudesse dado um mergulho. Ao fim do dia, depois de um banho quentinho, jantou e dormiu tranquila a noite toda.
O ar do mar traz-nos uma lufada de ar fresco que congela as preocupações, e neste fim de semana as minhas preocupações ficaram congeladas e só descongelaram quando regressei a Lisboa. Na praia em geral, mas em São Martinho em particular, o relógio serve apenas para confirmar que a barriga tem as horas certas e que a Maria tem que jantar. O telemóvel fica esquecido dentro da mala em casa. Os óculos não saem da caixa e são substituídos pelos óculos de sol. Os sapatos trocam-se por chinelos e as calças por uma canga atada à cintura. A carteira fica na cómoda da entrada e leva-se apenas uns trocos no bolso para um café ou um gelado. A leveza da praia contagia e torna a vida mais leve do normalmente é no quotidiano. Além disso, as descobertas da Maria mexeram na minha forma de olhar as coisas, sem ser com a perspectiva de que já conheço tudo, de que já sei o que vem a seguir, que é como normalmente olho os acontecimentos rotineiros do dia a dia. O que se conhece deixa de ter encanto. Já não somos supreendidos por nada. Mas porque achamos que conhecemos tudo? Mesmo as pessoas que julgamos conhecer, muitas vezes têm algo novo para nos mostrar, mas são à partida afastadas pelo nosso preconceito de achar que já sabemos o que esperar delas.
As descobertas da Maria fizeram-me redescobrir e viver os momentos deste fim de semana de uma forma mais especial. O mar clareou-me a mente e sol revitazlizou-me a alma. Pronta para mais uma semana de trabalho com o propósito de levar a Maria mais vezes perto do mar, faz-lhe bem a ela, a mim, a nós.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Músicas de filmes

Desde pequena que gosto de música, de teatro com música, de cinema com música, de cenas da vida com música e admiro (com alguma inveja) todos os que sabem ler música porque não é apenas trabalho, é um dom! Sempre gostei de ouvir as bandas sonoras dos filmes. Sempre gostei de fechar os olhos e imaginar cenas, mesmo sem as ter visto no cinema, ao som de um piano. Às vezes dava por mim a ouvir uma música e a pensar: "esta música dava um filme".
Dos momentos dos óscares que mais gosto de ver é aquele em que é anunciada a melhor banda sonora porque acho que o cinema seria tão mais pobre sem música. O cinema, a vida...
Muitas das vezes desconheço o compositor, o nome do album e até o nome da música, mas sei de cor uma melodia que me toca, porque fica gravada na alma e na pele: na alma com um calafrio e na pele com um arrepio. Fica gravada e já não sai mais! De modo que sempre que volto a ouvir aquela combinação de notas o meu coração dá conta e o meu cérebro vai buscar ao mais fundo da memória aquele sentimento que faz chorar, sorri, sonhar... As combinações de notas musicais devem ser infinitas e por isso há sempre hipótese de alguém construir uma melodia nova que nos preencha e que fique gravada na nossa alma.
Esta música do Bernardo Sassetti é claramente uma música de cinema, basta fechar os olhos e, sem nunca ter visto o filme, imaginar uma menina que brinca numa casinha de bonecas e que sonha acordada, que olha pela janela e vê a chuva e a curiosidade não a deixa ficar quieta. Que espreita pela porta, que vê o que não pode ver, que não sendo adulta tem que agir como tal, que está triste e tem saudades dos pais.
Podem não acreditar, mas escrevi este texto e só depois fui ver a sinopse do filme. Não é bem a mesma coisa, mas está lá perto! O mérito não é meu mas da música e do compositor.

Aqui fica com a promessa de que ou ver, ainda que com o coração apertado por todas as crianças desaparecidas e por todos os pais angustiados!





segunda-feira, 7 de maio de 2012

Os filhos são um empréstimo de Deus

Depois do dia da mãe, depois do post da Helena Sacadura Cabral no seu blog, fio de prumo, transcrevo as suas palavras que transparecem o sentimento único e inimaginável do que é perder um filho e de como se pode olhar para essa perda: "Os filhos são um empréstimo de Deus". «Depois da missa de ontem o meu coração serenou. Fiz tudo quanto o Miguel pediu antes de morrer. Acabei como devia, entregando-o nas mãos de quem mo emprestou. Amanhã ele faria 54 anos. Hoje recomecei, mansinho, a trabalhar. Como ele desejaria. Mais uma vez em sua homenagem. Aquela que só uma mãe pode dar. Porque a vida continua e, felizmente, ainda tenho vivos de quem me ocupar.» Penso tantas vezes na perda e, no entanto poucas são as pessoas que perdi ao longa da minha vida. Tenho medo de sentir a perda, tenho medo do estrago que isso me possa causar. Perdi dois grandes amigos, perdi uma avó, mas tenho os meus pais e irmã vivos, tenho a minha metade viva na pessoa do Rui e, sobretudo, tenho a minha filha viva! A ordem natural das coisas nem sempre funciona, e quando "por acaso" acontece não funcionar como o previsto, baralha-nos o sistema, o coração e a vida. Não sabemos bem porque é que as coisas não acontecem como era suposto e expectavel, não compreendemos que, de um momento para o outro, o nosso mundo possa ficar de pernas para o ar e tudo o que construímos e sonhámos seja destruído num segundo. Temos uma visão da vida como um direito adquirido, o qual reclamamos todos os dias perante nós próprios e perante os outros. O qual teimamos em dizer que não gozamos como seria de esperar ou porque trabalhamos demais ou porque não temos trabalho, continuando a exigir cada vez mais e melhores condições para gozar esse direito em nome da nossa realização pessoal e da nossa individualidade. Se ao menos experimentássemos olhar para a vida não como um direito adquirido mas como uma dádiva, tudo seria diferente. Ao invés de reclamar todos os dias, agradeceríamos todos os dias. Em vez de dispendermos energias em projectar as nossas acções para alcançar o sonho futuro da casa, do carro e da realização profissional e pessoal, gastaríamos as energias em viver plenamente cada dia, em constante acção de graças por termos mais mais um dia que nos é dado viver. Os sonhos que temos são feitos à medida dos homens e por isso são limitados, ou seja não são verdadeiros sonhos. Os sonhos verdadeiros devem ser à medida de Deus, perfeitos, infinitos, com asas, e tornar-se-são realidade um dia e para sempre!

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Pára, escuta, olha

Depois de umas férias cinzentas, com chuva, espirros e muita tosse, depois de umas férias apenas para descansar, para pôr o sono em dia, para parar, este texto não podia fazer mais sentido! Aqui deixo para reflexão: "Dormimos a correr, levantamo-nos a correr; comemos a correr, trabalhamos a correr, cuidamos dos outros a correr; cuidamos de nós a correr, amamos a correr…, a vida tornou-se uma correria. Corremos e não sabemos sequer porquê. Corremos sem sequer percebermos de onde partimos, onde queremos chegar, porque caminho lá chegar e o que fazer durante o caminho. Corremos, correndo a vida de um dia – maratona de 24 horas. Ficamos esfalfados, exaustos, desidratados e, pior que tudo, no fim da corrida diária, sentimo-nos frustrados: afinal, parece que não saímos do lugar; tudo ficou na mesma. Um dia atrás do outro; noite após noite, corrida após corrida, tudo permanece igual; nada muda. O estilo de vida que temos, hoje, é fruto das opções que os grandes decisores políticos, culturais, religiosos e cada cidadão e cidadã do mundo foram tomando. É este o estilo de vida que desejamos para a humanidade? É este estilo de vida que corresponde ao nosso ideal de realização pessoal e comunitária? É este estilo de vida que favorece o desenvolvimento harmonioso dos nossos sobrinhos, dos nossos filhos e dos nossos netos? É tempo de parar, escutar e olhar de frente a triste imagem de nós próprios. A vida não é um destino, é uma construção. Neste dia que começa proponho-vos um primeiro passo: parar, escutar e olhar para nós, para a nossa vida e para os que passam por nós." Por Isabel Varanda

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Tenho o melhor trabalho do mundo

Hoje vi um vídeo que uma amiga pôs no seu Facebook, agradecendo à mãe aquilo que é hoje. Como é óbvio sorri no início e chorei no fim. Eu choro por tudo e por nada, por ser mulher, por ser mãe, por ser humana. Mas chorei sobretudo porque revi a minha mãe e o esforço que ela fez e faz para me educar formar, e porque me revi a mim enquanto mãe que se orgulha sempre, por mais pequena que seja a conquista. Pequena para mim, gigante para a minha filha. Chorei porque sei ela terá de se magoar para um dia entender a razão de eu dizer: "não se faz isso", que é para o bem dela e não apenas porque me apetece medir forças. Chorei porque custa, e vai custar ainda mais levantar cedo, e acordá-la para se vestir e encarar o novo dia que chega, tirá-la do quentinho da cama e incentivá-la com um sorriso a viver o dia com alegria. Chorei porque sofro e sofrerei com ela os desafios que ela tiver que ultrapassar, sofrerei em silêncio sabendo que não posso intervir nas batalhas que só ela poderá travar, pois são as suas batalhas. Chorei porque revi Maria mãe de Jesus, sofrendo em silêncio na caminhada para o Calvário, sabendo o fim que esperava o seu Filho. Chorei porque trabalho e queria poder passar muito mais tempo com a minha filha, ver as suas novidades em primeira mão e em direto. Chorei porque tenho que ser sempre mais forte do que ela para lhe transmitir essa força e confiança com verdade. Chorei porque me queixo de tanta coisa quando devia era agradecer todas as birras, todos os berros, todos beliscões e amuos que ela já faz quando eu a contrario.
É o trabalho mais difícil do mundo? Não sei, fez agora 1 ano que comecei e o contrato é por tempo inderterminado e para toda a vida! Aqui não há despedimentos nem greves, não há cortes salariais mas também não há promoções de carreira nem tão pouco subsídios, há dedicação e amor! Receber amor é sempre garantido. Cada sorriso, cada abraço sempre que chego a casa, cada vez que ela vai buscar o boneco novo ou mostrar a brincadeira que fez durante o dia, enche-me, preenche-me e transborda para os que me rodeiam, torna-me verdadeiramente feliz, torna-me uma pessoa melhor, e não há trabalho no mundo que me dê isso!
Tenho o melhor trabalho do mundo e este ninguém mo tira!

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Os porquês têm que ser bem explicados às crianças, mas como?!

Enviaram-me este texto que não resisto em partilhar porque demonstra a dificuldade que temos em falar de Deus às crianças, especialmente nesta altura do ano em que o nosso Deus, a quem rezamos à noitinha e agradecemos as coisas boas do dia, morre pregado a uma cruz, e depois ressuscita! Ora falar da morte a uma criança já não é fácil quanto mais dizer-lhe que Deus, na pessoa de Jesus, morreu e voltou dos mortos para mostrar ao mundo que não fomos criados para a morte mas para a vida eterna! Não é tarefa fácil! Talvez a linguagem da igreja também não ajude, mas será que deve haver outra linguagem para explicar estas coisas que não aquela que é própria da religião? Será que temos que simplifcar e simplificando corremos o risco de saltar algumas partes importantes da história e omitir outras que são mais complicadas de dizer?

" - Pai, o que é a Páscoa?

- Ora, Páscoa é ...... bem... é uma festa religiosa!

- Igual ao Natal?

- É parecido. Só que no Natal comemora-se o nascimento de Jesus, e na Páscoa, se não me engano, comemora-se a sua ressurreição.

- Ressurreição?

- É, ressurreição. Maria, vem cá!

- Sim?

- Explica lá ao puto o que é ressurreição para eu poder ler o meu jornal descansado.

- Bom, meu filho, ressurreição é tornar a viver após ter morrido. Foi o que aconteceu com Jesus, três dias depois de ter sido crucificado. Ele ressuscitou e subiu aos céus. Entendido?

- Mais ou menos ... Mãe, Jesus era um coelho?

- Que parvoíce é essa? Coelho? Jesus Cristo é o Pai do Céu! Nem parece que foste baptizado! Jorge, este menino não pode crescer assim, sem ir à missa pelo menos aos domingos. Até parece que não lhe demos uma educação cristã! Já pensaste se ele diz uma asneira destas na escola? Deus me perdoe! Amanhã vou matricular esta criança na catequese!

- Mãe, mas o Pai do Céu não é Deus?

- É filho! Jesus e Deus são a mesma coisa. Vais estudar isso na catequese. É a Trindade. Deus é Pai, Filho e Espírito Santo.

- O Espírito Santo também é Deus?

- É sim.

- É por isso que na Trindade fica o Espírito Santo?

- Não é o Banco Espírito Santo que fica na Trindade, meu filho. É o Espírito Santo de Deus. É uma coisa muito complicada, nem a mãe entende muito bem. Mas se perguntares à catequista ela explica muito bem!

- Bom, se Jesus não é um coelho, quem é o coelho da Páscoa?

- (Aos gritos no meio da casa) Eu sei lá! É uma tradição. É igual ao Pai Natal, só que em vez de presentes, ele traz ovinhos.

- O coelho põe ovos?

- Chega! Deixa-me ir fazer o almoço que eu não aguento mais!

- Pai, não era melhor que fosse galinha da Páscoa?

- Era, era melhor, ou então peru.

- Pai, Jesus nasceu no dia 25 de Dezembro, não é? Em que dia é que ele morreu?

- Isso eu sei: na sexta-feira santa.

- Que dia e que mês?

- Gaita!!!! Sabes que eu nunca pensei nisso? Eu só aprendi que ele morreu na sexta-feira santa e ressuscitou três dias depois, no sábado de aleluia.

- Um dia depois portanto!

- (Aos berros) Não, filho - três dias!

- Então morreu na quarta-feira.

- Não! Morreu na sexta-feira santa... ou terá sido na quarta-feira de cinzas? Ouve, já me baralhaste todo! Morreu na sexta-feira e ressuscitou no sábado, três dias depois!

- Como !?!? Como !?!?

- Pergunta à tua professora da catequese!

- Pai, qual era o sobrenome de Jesus?

- Cristo. Jesus Cristo.

- Só?

- Que eu saiba sim, por quê?

- Não sei não, mas tenho um palpite que o nome dele tinha no apelido Coelho. Só assim esta coisa do coelho da Páscoa faz sentido, não achas?

- Coitada!

- Coitada de quem?

- Da tua catequista !!!"

sexta-feira, 30 de março de 2012

Por quem daria eu a vida?

Partilho um texto que recebi por email, que está disponível na página da Rádio Renascença. Aproxima-se a Semana Santa, ainda tenho tempo para me recolher e deitar para fora tudo o que me afasta de Deus. Quero poder viver a verdadeira Páscoa, sem ovos nem coelhos, mas com a alegria de saber que Cristo ressuscitou, que vive e que espera por mim na morada eterna.


"Ao longo dos últimos tempos vem-me à lembrança aquelas palavras de Jesus narradas no evangelho de S. João: «ninguém me tira a vida, sou eu que a dou» (Jo 10,18).

O que é pode estar na raiz deste dom total – do dom da própria vida –, pergunto-me?

Só um amor total; um amor auto-oblativo; uma pro-existência amorosa, como Jesus viveu.

Como pôde Ele dar a vida pelos outros? Certamente, por puro amor; um amor pelos outros maior do que por si mesmo.

«Não há maior amor do que dar a vida por aqueles que se ama» (Jo 15,13), lemos no evangelho de S. João.
Dou voltas e mais voltas às palavras de Jesus e fico fascinada diante de tal dom;

sinto uma enorme gratidão por tal prova de amor: Jesus também deu a vida por mim.

Não chegava dizer que a morte não tinha a última palavra;

era necessário passar pela morte, morrer e vencer a morte, para que todos pudessem ter confiança e esperança de que, realmente, não fomos criados para a morte.

A ressurreição de Jesus é o testemunho disso mesmo.
E pergunto-me: - Seria eu capaz de dar a vida por alguém? por quem daria eu a vida?

E as perguntas têm resposta imediata: sim, daria a vida, sem hesitar.
Estranho a prontidão da resposta, mas logo desaparece a estranheza.

Daria a vida com alegria por aqueles que amo.

Porque amar «é querer que o outro não morra”»ou melhor dito «é querer que o outro viva», querer que o outro viva mais do que qualquer outra coisa.
Neste dia que começa, a pergunta continua a ressoar: seria eu capaz de dar a vida por alguém? Por quem daria a vida?"

Tenho a resposta gravada no meu coração e tudo farei para com a minha vida fazer felizes aqueles que amo.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Madrid!

Ontem chegámos da nossa primeira viagem sem a Maria. Fomos a Madrid durante 3 dias e as saudades foram avassaladoras!!! O primeiro dia foi difícil, mas a Maria já tinha dormido fora de casa por isso não era novidade. Os dias restantes foram um acumular de saudades que foi difícil resistir a não ir buscá-la ontem, mas já era tão tarde que não fazia sentido acordá-la para nos podermos satisfazer a dar beijos naquelas bochehchas!
A viagem foi óptima, divertida e é sempre bom sairmos os dois, conhecer novas cidades juntos, explorar novos sabores e disfrutar de companhia um do outro. Mas as viagens vão ser sempre diferentes a partir de agora. Se por um lado apetece sair um pouco sem a Maria, namorar, aproveitar a cidade, os restaurantes e os bares, por outro lado há coisas que não fazem sentido sem ela, arrisco dizer que nada faz sentido sem ela! Todos os sítios por onde passámos, todos os jardins, todas as ruas, tinham algum casal com um bebé a passar e eu só me lembrava dela!!!
É óbvio que ela não iria aproveitar nada da viagem e nós também não poderíamos ter gozado Madrid como gozámos. É óbvio que ela ficou bem entregue aos avós e nós não poderíamos ter ido mais descansados. É óbvio que 3 dias não é um período de tempo significativo e nós já sabíamos que o tempo ia voar. Mas também é óbvio que quando não estamos completos as coisas não sabem tão bem e disso eu já estava desconfiada mas agora tenho a certeza.
 
Sentados numa esplanada na Plaza Mayor a beber uma caña bem fresca e a ver o sol esconder-se por trás das torres, saboreámos aquele momento e bastou olharmos um para o outro, para reconhecermos com um sorriso que as coisas mudaram, e a nossa vida a dois já não faz sentido só com dois como fazia antes da Maria nascer.
A vida a dois permanece a dois nestes momentos em que fugimos para namorar, mas permanece sobretudo nos momentos que construímos e partilhamos com a Maria e em que constatamos que crescemos como casal e como família - somos uma família!
Hoje hora do almoço foi passada a "devorar" as bochechas gordas da Maria, mas desconfio que ainda não estamos saciados!

segunda-feira, 19 de março de 2012

Papa! Papa! Papa!

Por mais que a minha mãe insistisse em ensinar a Maria a dizer mamã, penso que mais facilmente ela começou a dizer papá, não fosse o papá fonte de riso inesgotável lá em casa.
Para além de ser igual a ele, ter nascido com a orelha em bico, com os dedos dos pés e das mãos iguais aos do pai e com o mesmo narizinho arrebitado, a Maria tem uma grande semelhança em relação ao pai: gosta de rir e de fazer rir! É impressionante que com 1 ano apenas ela já faça gala em ficar à mesa a petiscar e a conversar (à maneira dela) e de puxar de uma novidade para fazer rir os presentes. Ter sentido de humor é uma grande virtude sobretudo quando permite que auto-crítica seja também ela vista com humor.
A Maria também sabe cativar, tem um olhar misterioso e profundo que primeiro tira as medidas e depois, quando ganha confiança, lança-se para a brincadeira. A Maria é dengosa, gosta de miminhos, gosta de ficar enrolada na manta e na ronha, a quem sairá?
E ver o pai e a Maria? Baba-se com ela, faz questão em esolher a roupa para as ocasiões especiais e não aceita que ela vá despenteada para a rua. Está-lhe sempre a pedir beijinhos e não se cansa de a apertar.
Durante a gravidez não é possível que o pai sinta a vida a crescer da mesma forma que sente a mãe, mas seguramente depois do nascimento tudo muda, e BUM!!! Faz-se luz. Tudo ganha sentido, tudo ganha vida, tudo ganha forma no corpo de um bebé que se vai desenvolvendo e que nos vai surpreendendo, que depende de nós para sempre. As prioridades mudam radicalmente e o centro de gravidade das nossas opções deixa de estar fixo em nós para passar a estar fixo num ser novo que nasceu.
O pai é fundamental desde o primeiro dia. O meu pai foi e é fundamental na minha vida, na construção da pessoa que sou hoje dos meus valores e da fasquia que imponho a mim própria. O Rui é fundamental para a vida da Maria.
Dou graças a Deus por não ser mãe sozinha e peço a Deus por todas as mães que têm de criar os seus filhos sem o pai porque é preciso muita força, daquela que só Deus pode dar. Dou graças a Deus por ter o Rui como pai presente na vida da minha filha e peço a Deus por todos os filhos e filhas que não têm o pai presente, que sintam sempre a presença constante do Pai do Céu.
O pai é o fio de prumo que permite ver se a casa está equilibrada, é a fortaleza onde nos refugiamos quando temos medo do que aí vem, é a primavera que nos faz rir em dias cinzentos.
Feliz dia do pai a todos os pais mas em especial ao pai da minha filha!

sexta-feira, 16 de março de 2012

Susto

Ontem tivemos um acidente de carro. Íamos os 3 a caminho da florista para comprar um ramo de flores para a aniversariante com quem íamos jantar e ver o jogo às 20h. Num cruzamento, um carro vindo da esquerda não parou.
Numa fracção de segundos o travão não foi suficiente para evitar o choque, o estrondo e o susto. Não passou de um susto apesar do carro ter ficado completamente amolgado, mas não foi só o carro que ficou amassado, o meu coração também ficou.
Não conseguimos evitar chocar num carro estacionado que por sua vez partiu a porta de um prédio. Não conseguimos evitar a falta de atenção do condutor do carro que vinha da esquerda e que antes de entrar no curzamento não viu o sinal de cedência de passagem que tinha que respeitar. Não conseguimos evitar o esticão do embate e o choro da Maria que saiu ilesa mas assustada.
Não conseguimos evitar que as coisas aconteçam porque não dependem apenas e só da nossa vontade. Existem outras vontades envolvidas nas nossas vidas e nós não as controlamos, sendo certo que já é tão difícil controlar a nossa própria vontade quanto mais a dos outros.
Íamos a 50km/h e o carro ficou como um papel amachucado... Imagino como teria ficado se a velocidade fosse outra... Todo o cuidado é pouco, sobretudo em noites de chuva em que a estrada parece ter sido barrada com manteiga e tudo fica escorregadio ao ponto de muitas vezes deixar que a vida escorregue por entre os dedos dos condutores que são menos atentos.
Ninguém se magoou é o que digo para mim, mas de alguma forma não me satisfaz, não consigo deixar de pensar no embate e na sorte que tivemos. Não consigo deixar de pensar que os milagres acontecem a todo o momento e que muitas vezes não os vemos porque não queremos, porque teimamos em acreditar que controlamos tudo e que podemos evitar o pior. Não é verdade. Não controlamos tudo, não conseguimos evitar o pior porque não depende apenas de nós e devemos saber reconhecer a "sorte". Uns podem dizer: "que azar, baterem logo no dia de anos da tua sogra, ao menos ainda conseguiram ir jantar?". Eu prefiro dizer: " que sorte, graças a Deus que ninguém se magoou".
São perspectivas diferentes de ver as coisas e de interpretar os acontecimentos que não conseguimos prevenir que ocorram na nossa vida. São milagres, são alertas, são oportunidades que Deus nos dá para repensarmos as coisas, redefinirmos as prioridades, reaprendermos a amar e a expressar esse amor aos que nos rodeiam!

quinta-feira, 1 de março de 2012

São dois dentes!

Quanto ansiei por este dia em que poderia registar o aparecimento dos primeiros dentes da Maria! Mais de 6 meses depois de ter escrito aqui sobre dentes, é no dia 1 de Março que nascem os dois primeiros dentes da Maria, já depois de fazer 1 ano!
Ela bem que gritava e punha a lingua de fora, mas nós pensávamos que era fita, birra, mania... afinal eram dois dentes incisivos a querer nascer.
Os médicos dizem que cada bebé tem o seu ritmo para tudo e também para o nascimento dos dentes, e que se o processo do nascimento dos dentes acontecesse na vida adulta não conseguiríamos suportar a dor. Porém um bebé, por mais vulnerável que seja, consegue e não se recorda disso. Tal como consegue começar a gatinhar, a andar, a falar, e não se recorda. É surpreendente a força de um bebé e perfeição da natureza e dos seus ciclos.
Para quê inventar? Para quê contrariar o que é natural? Deixar que a natureza siga o seu curso é assim tão dificil? Não devia, mas para a sociedade atual parece ser um verdadeiro problema. O que é contra-natura está na moda e parece ser difícil convencer as pessoas de que o que é contra-natura não dura, não perdura, é efémero e deixa consequências devastadoras na pessoa e no mundo.
Simplificar e deixar a vida seguir no curso na natureza... Deixemo-nos de artificialismos e valorizemos a perfeição que buscamos todos os dias enquanto pessoas, e que já existe em tudo o que nos constitui enquanto seres da natureza. Deus criou a natrueza perfeita e nós somos seres perfeitos porque nascemos da natureza.
Aprendamos com ela a construir uma pessoa melhor dentro de nós e olhemos para tudo o que a natureza nos dá com humildade e gratidão.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Obrigado!

No final do fim de semana revejo o dia de ontem com um sorriso rasgado. A Maria dorme ferrada depois de um fim de semana intenso: campo, cavalos, bezerros, cães, patos e galinhas, muita gente nova e velha, família e amigos, mascarados, divertidos, calor, pó, e muita muita brincadeira! Acho que ela cresceu mais neste fim de semana do que em muitos outros dias porque cheirou, provou, mexeu, andou, sentiu! Está realmente mais crescida.
Passou 1 ano e ainda me lembro dos momentos que fizeram aquele dia chuvoso e frio: 18 de Fevereiro de 2011.
Ontem esteve um dia lindo e a Maria brilhou no meio dos amigos e da família com quem quisemos partilhar o marco desta caminhada que sonho bem longa, mas que ainda está no início.
Antes de ir dormir e de fechar mais uma página só posso dizer obrigado. Obrigado pelo dom da vida da Maria, pelo que a pessoa dela trouxe e trará de novo às nossas vidas, pelo preenchimento daquela parte do meu coração que ousava arriscar amar incondicionalmente e para sempre, sem limites, sem regatear, sem desculpas, simplesmente amar até ao fim.
Obrigado

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Juntas no caminho

A Maria já tem 11 meses! Quase a fazer 1 ano e com muita genica para caminhar sozinha, para falar e cantar, para comer (mesmo sem dentes), para descobrir um mundo de gigantes à sua volta e que, a cada dia que passa, se vais tornando um bocadinho mais seu!
A Maria vai conquistando o seu espaço, a sua personalidade, o seu ser, sem saber que já conquistou o nosso coração e que com um simples choramingar conseguiria tudo de nós (não fosse a voz da razão a gritar-nos ao ouvido: "olha que se cederes agora abres um precedente e nunca mais consegues dizer que não!").
Está linda e crescida a minha Maria, e eu estou cada vez mais orgulhosa :)
Sei e digo-lhe todos os dias que estaremos sempre juntas no caminho, umas vezes lado a lado, outras vezes eu atrás para ajudar a levantar-se quando cair, outras vezes ela à frente a amaparar-me quando eu já não puder andar sozinha. Mas o certo é que estamos e estaremos sempre juntas no caminho!

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Mais um bocadinho... Esperança!

E já estamos em 2012! O ano que passou foi tão intenso que passou literalmente a correr. Tantas coisas mudaram... a casa, o emprego, o país, a União Europeia, o Mundo... a Maria chegou, o Gonçalo partiu... o meu coração chorou e sorriu, a minha vida ganhou um sentido que não tinha e que nunca mais deixará de ter.
2011 foi um ano para assumir novos papeis, com responsabilidade, com determinação e dedicação, mas também com medo... do que não conhecia, do que não achava ser capaz de fazer. 2011 foi o começo de um grande desafio para toda a vida, de uma transformação que me levou para um patamar diferente para não mais voltar a ser o que era.
Deus não nos pede mais do que somos capazes de dar, na certeza de que com Ele somos capazes! É assim que entro em 2012, com esta certeza de que a Esperança não é apenas um sonho ou uma ilusão de finais felizes. A certeza de que a Esperança é o que nos move! A cada um sem excepção!!! Mesmo os que resmungam e dizem que está tudo perdido, que este não é o caminho, que todos são incompetentes e que Deus anda a dormir, mesmo esses têm esperança e é esse o combustível que vai dando energia às suas vidas!
Em 2012 tenho esperança que o mundo mude mais um bocadinho, pode não ser muito, mas se mudar uma pessoa já valeu a pena acreditar! Em 2012 tenho esperança que o país melhore mais um bocadinho. Em 2012 tenho esperança que o Sporting ganhe mais um bocadinho. Em 2102 tenho esperança que a minha vida contribua para mudar e melhorar o que me rodeia, nem que seja um bocadinho. Que a minha vida sirva para alguma coisa de especial, que sirva para tornar alguém feliz, porque só assim é que as vidas têm sentido!
Como ouvia hoje na missa: não fiquemos pelas intenções e tradicionais promessas de ano novo, mas tomemos passos concretos para tornar as mudanças reais e não apenas ideais!
Aos que ficam e aos que vão: que o ano de 2012 seja um ano de Esperança renovada e em quantidade suficiente para vos fazer chegar concretamente onde sonharam!