sexta-feira, 30 de março de 2012

Por quem daria eu a vida?

Partilho um texto que recebi por email, que está disponível na página da Rádio Renascença. Aproxima-se a Semana Santa, ainda tenho tempo para me recolher e deitar para fora tudo o que me afasta de Deus. Quero poder viver a verdadeira Páscoa, sem ovos nem coelhos, mas com a alegria de saber que Cristo ressuscitou, que vive e que espera por mim na morada eterna.


"Ao longo dos últimos tempos vem-me à lembrança aquelas palavras de Jesus narradas no evangelho de S. João: «ninguém me tira a vida, sou eu que a dou» (Jo 10,18).

O que é pode estar na raiz deste dom total – do dom da própria vida –, pergunto-me?

Só um amor total; um amor auto-oblativo; uma pro-existência amorosa, como Jesus viveu.

Como pôde Ele dar a vida pelos outros? Certamente, por puro amor; um amor pelos outros maior do que por si mesmo.

«Não há maior amor do que dar a vida por aqueles que se ama» (Jo 15,13), lemos no evangelho de S. João.
Dou voltas e mais voltas às palavras de Jesus e fico fascinada diante de tal dom;

sinto uma enorme gratidão por tal prova de amor: Jesus também deu a vida por mim.

Não chegava dizer que a morte não tinha a última palavra;

era necessário passar pela morte, morrer e vencer a morte, para que todos pudessem ter confiança e esperança de que, realmente, não fomos criados para a morte.

A ressurreição de Jesus é o testemunho disso mesmo.
E pergunto-me: - Seria eu capaz de dar a vida por alguém? por quem daria eu a vida?

E as perguntas têm resposta imediata: sim, daria a vida, sem hesitar.
Estranho a prontidão da resposta, mas logo desaparece a estranheza.

Daria a vida com alegria por aqueles que amo.

Porque amar «é querer que o outro não morra”»ou melhor dito «é querer que o outro viva», querer que o outro viva mais do que qualquer outra coisa.
Neste dia que começa, a pergunta continua a ressoar: seria eu capaz de dar a vida por alguém? Por quem daria a vida?"

Tenho a resposta gravada no meu coração e tudo farei para com a minha vida fazer felizes aqueles que amo.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Madrid!

Ontem chegámos da nossa primeira viagem sem a Maria. Fomos a Madrid durante 3 dias e as saudades foram avassaladoras!!! O primeiro dia foi difícil, mas a Maria já tinha dormido fora de casa por isso não era novidade. Os dias restantes foram um acumular de saudades que foi difícil resistir a não ir buscá-la ontem, mas já era tão tarde que não fazia sentido acordá-la para nos podermos satisfazer a dar beijos naquelas bochehchas!
A viagem foi óptima, divertida e é sempre bom sairmos os dois, conhecer novas cidades juntos, explorar novos sabores e disfrutar de companhia um do outro. Mas as viagens vão ser sempre diferentes a partir de agora. Se por um lado apetece sair um pouco sem a Maria, namorar, aproveitar a cidade, os restaurantes e os bares, por outro lado há coisas que não fazem sentido sem ela, arrisco dizer que nada faz sentido sem ela! Todos os sítios por onde passámos, todos os jardins, todas as ruas, tinham algum casal com um bebé a passar e eu só me lembrava dela!!!
É óbvio que ela não iria aproveitar nada da viagem e nós também não poderíamos ter gozado Madrid como gozámos. É óbvio que ela ficou bem entregue aos avós e nós não poderíamos ter ido mais descansados. É óbvio que 3 dias não é um período de tempo significativo e nós já sabíamos que o tempo ia voar. Mas também é óbvio que quando não estamos completos as coisas não sabem tão bem e disso eu já estava desconfiada mas agora tenho a certeza.
 
Sentados numa esplanada na Plaza Mayor a beber uma caña bem fresca e a ver o sol esconder-se por trás das torres, saboreámos aquele momento e bastou olharmos um para o outro, para reconhecermos com um sorriso que as coisas mudaram, e a nossa vida a dois já não faz sentido só com dois como fazia antes da Maria nascer.
A vida a dois permanece a dois nestes momentos em que fugimos para namorar, mas permanece sobretudo nos momentos que construímos e partilhamos com a Maria e em que constatamos que crescemos como casal e como família - somos uma família!
Hoje hora do almoço foi passada a "devorar" as bochechas gordas da Maria, mas desconfio que ainda não estamos saciados!

segunda-feira, 19 de março de 2012

Papa! Papa! Papa!

Por mais que a minha mãe insistisse em ensinar a Maria a dizer mamã, penso que mais facilmente ela começou a dizer papá, não fosse o papá fonte de riso inesgotável lá em casa.
Para além de ser igual a ele, ter nascido com a orelha em bico, com os dedos dos pés e das mãos iguais aos do pai e com o mesmo narizinho arrebitado, a Maria tem uma grande semelhança em relação ao pai: gosta de rir e de fazer rir! É impressionante que com 1 ano apenas ela já faça gala em ficar à mesa a petiscar e a conversar (à maneira dela) e de puxar de uma novidade para fazer rir os presentes. Ter sentido de humor é uma grande virtude sobretudo quando permite que auto-crítica seja também ela vista com humor.
A Maria também sabe cativar, tem um olhar misterioso e profundo que primeiro tira as medidas e depois, quando ganha confiança, lança-se para a brincadeira. A Maria é dengosa, gosta de miminhos, gosta de ficar enrolada na manta e na ronha, a quem sairá?
E ver o pai e a Maria? Baba-se com ela, faz questão em esolher a roupa para as ocasiões especiais e não aceita que ela vá despenteada para a rua. Está-lhe sempre a pedir beijinhos e não se cansa de a apertar.
Durante a gravidez não é possível que o pai sinta a vida a crescer da mesma forma que sente a mãe, mas seguramente depois do nascimento tudo muda, e BUM!!! Faz-se luz. Tudo ganha sentido, tudo ganha vida, tudo ganha forma no corpo de um bebé que se vai desenvolvendo e que nos vai surpreendendo, que depende de nós para sempre. As prioridades mudam radicalmente e o centro de gravidade das nossas opções deixa de estar fixo em nós para passar a estar fixo num ser novo que nasceu.
O pai é fundamental desde o primeiro dia. O meu pai foi e é fundamental na minha vida, na construção da pessoa que sou hoje dos meus valores e da fasquia que imponho a mim própria. O Rui é fundamental para a vida da Maria.
Dou graças a Deus por não ser mãe sozinha e peço a Deus por todas as mães que têm de criar os seus filhos sem o pai porque é preciso muita força, daquela que só Deus pode dar. Dou graças a Deus por ter o Rui como pai presente na vida da minha filha e peço a Deus por todos os filhos e filhas que não têm o pai presente, que sintam sempre a presença constante do Pai do Céu.
O pai é o fio de prumo que permite ver se a casa está equilibrada, é a fortaleza onde nos refugiamos quando temos medo do que aí vem, é a primavera que nos faz rir em dias cinzentos.
Feliz dia do pai a todos os pais mas em especial ao pai da minha filha!

sexta-feira, 16 de março de 2012

Susto

Ontem tivemos um acidente de carro. Íamos os 3 a caminho da florista para comprar um ramo de flores para a aniversariante com quem íamos jantar e ver o jogo às 20h. Num cruzamento, um carro vindo da esquerda não parou.
Numa fracção de segundos o travão não foi suficiente para evitar o choque, o estrondo e o susto. Não passou de um susto apesar do carro ter ficado completamente amolgado, mas não foi só o carro que ficou amassado, o meu coração também ficou.
Não conseguimos evitar chocar num carro estacionado que por sua vez partiu a porta de um prédio. Não conseguimos evitar a falta de atenção do condutor do carro que vinha da esquerda e que antes de entrar no curzamento não viu o sinal de cedência de passagem que tinha que respeitar. Não conseguimos evitar o esticão do embate e o choro da Maria que saiu ilesa mas assustada.
Não conseguimos evitar que as coisas aconteçam porque não dependem apenas e só da nossa vontade. Existem outras vontades envolvidas nas nossas vidas e nós não as controlamos, sendo certo que já é tão difícil controlar a nossa própria vontade quanto mais a dos outros.
Íamos a 50km/h e o carro ficou como um papel amachucado... Imagino como teria ficado se a velocidade fosse outra... Todo o cuidado é pouco, sobretudo em noites de chuva em que a estrada parece ter sido barrada com manteiga e tudo fica escorregadio ao ponto de muitas vezes deixar que a vida escorregue por entre os dedos dos condutores que são menos atentos.
Ninguém se magoou é o que digo para mim, mas de alguma forma não me satisfaz, não consigo deixar de pensar no embate e na sorte que tivemos. Não consigo deixar de pensar que os milagres acontecem a todo o momento e que muitas vezes não os vemos porque não queremos, porque teimamos em acreditar que controlamos tudo e que podemos evitar o pior. Não é verdade. Não controlamos tudo, não conseguimos evitar o pior porque não depende apenas de nós e devemos saber reconhecer a "sorte". Uns podem dizer: "que azar, baterem logo no dia de anos da tua sogra, ao menos ainda conseguiram ir jantar?". Eu prefiro dizer: " que sorte, graças a Deus que ninguém se magoou".
São perspectivas diferentes de ver as coisas e de interpretar os acontecimentos que não conseguimos prevenir que ocorram na nossa vida. São milagres, são alertas, são oportunidades que Deus nos dá para repensarmos as coisas, redefinirmos as prioridades, reaprendermos a amar e a expressar esse amor aos que nos rodeiam!

quinta-feira, 1 de março de 2012

São dois dentes!

Quanto ansiei por este dia em que poderia registar o aparecimento dos primeiros dentes da Maria! Mais de 6 meses depois de ter escrito aqui sobre dentes, é no dia 1 de Março que nascem os dois primeiros dentes da Maria, já depois de fazer 1 ano!
Ela bem que gritava e punha a lingua de fora, mas nós pensávamos que era fita, birra, mania... afinal eram dois dentes incisivos a querer nascer.
Os médicos dizem que cada bebé tem o seu ritmo para tudo e também para o nascimento dos dentes, e que se o processo do nascimento dos dentes acontecesse na vida adulta não conseguiríamos suportar a dor. Porém um bebé, por mais vulnerável que seja, consegue e não se recorda disso. Tal como consegue começar a gatinhar, a andar, a falar, e não se recorda. É surpreendente a força de um bebé e perfeição da natureza e dos seus ciclos.
Para quê inventar? Para quê contrariar o que é natural? Deixar que a natureza siga o seu curso é assim tão dificil? Não devia, mas para a sociedade atual parece ser um verdadeiro problema. O que é contra-natura está na moda e parece ser difícil convencer as pessoas de que o que é contra-natura não dura, não perdura, é efémero e deixa consequências devastadoras na pessoa e no mundo.
Simplificar e deixar a vida seguir no curso na natureza... Deixemo-nos de artificialismos e valorizemos a perfeição que buscamos todos os dias enquanto pessoas, e que já existe em tudo o que nos constitui enquanto seres da natureza. Deus criou a natrueza perfeita e nós somos seres perfeitos porque nascemos da natureza.
Aprendamos com ela a construir uma pessoa melhor dentro de nós e olhemos para tudo o que a natureza nos dá com humildade e gratidão.