segunda-feira, 30 de abril de 2012

Pára, escuta, olha

Depois de umas férias cinzentas, com chuva, espirros e muita tosse, depois de umas férias apenas para descansar, para pôr o sono em dia, para parar, este texto não podia fazer mais sentido! Aqui deixo para reflexão: "Dormimos a correr, levantamo-nos a correr; comemos a correr, trabalhamos a correr, cuidamos dos outros a correr; cuidamos de nós a correr, amamos a correr…, a vida tornou-se uma correria. Corremos e não sabemos sequer porquê. Corremos sem sequer percebermos de onde partimos, onde queremos chegar, porque caminho lá chegar e o que fazer durante o caminho. Corremos, correndo a vida de um dia – maratona de 24 horas. Ficamos esfalfados, exaustos, desidratados e, pior que tudo, no fim da corrida diária, sentimo-nos frustrados: afinal, parece que não saímos do lugar; tudo ficou na mesma. Um dia atrás do outro; noite após noite, corrida após corrida, tudo permanece igual; nada muda. O estilo de vida que temos, hoje, é fruto das opções que os grandes decisores políticos, culturais, religiosos e cada cidadão e cidadã do mundo foram tomando. É este o estilo de vida que desejamos para a humanidade? É este estilo de vida que corresponde ao nosso ideal de realização pessoal e comunitária? É este estilo de vida que favorece o desenvolvimento harmonioso dos nossos sobrinhos, dos nossos filhos e dos nossos netos? É tempo de parar, escutar e olhar de frente a triste imagem de nós próprios. A vida não é um destino, é uma construção. Neste dia que começa proponho-vos um primeiro passo: parar, escutar e olhar para nós, para a nossa vida e para os que passam por nós." Por Isabel Varanda

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Tenho o melhor trabalho do mundo

Hoje vi um vídeo que uma amiga pôs no seu Facebook, agradecendo à mãe aquilo que é hoje. Como é óbvio sorri no início e chorei no fim. Eu choro por tudo e por nada, por ser mulher, por ser mãe, por ser humana. Mas chorei sobretudo porque revi a minha mãe e o esforço que ela fez e faz para me educar formar, e porque me revi a mim enquanto mãe que se orgulha sempre, por mais pequena que seja a conquista. Pequena para mim, gigante para a minha filha. Chorei porque sei ela terá de se magoar para um dia entender a razão de eu dizer: "não se faz isso", que é para o bem dela e não apenas porque me apetece medir forças. Chorei porque custa, e vai custar ainda mais levantar cedo, e acordá-la para se vestir e encarar o novo dia que chega, tirá-la do quentinho da cama e incentivá-la com um sorriso a viver o dia com alegria. Chorei porque sofro e sofrerei com ela os desafios que ela tiver que ultrapassar, sofrerei em silêncio sabendo que não posso intervir nas batalhas que só ela poderá travar, pois são as suas batalhas. Chorei porque revi Maria mãe de Jesus, sofrendo em silêncio na caminhada para o Calvário, sabendo o fim que esperava o seu Filho. Chorei porque trabalho e queria poder passar muito mais tempo com a minha filha, ver as suas novidades em primeira mão e em direto. Chorei porque tenho que ser sempre mais forte do que ela para lhe transmitir essa força e confiança com verdade. Chorei porque me queixo de tanta coisa quando devia era agradecer todas as birras, todos os berros, todos beliscões e amuos que ela já faz quando eu a contrario.
É o trabalho mais difícil do mundo? Não sei, fez agora 1 ano que comecei e o contrato é por tempo inderterminado e para toda a vida! Aqui não há despedimentos nem greves, não há cortes salariais mas também não há promoções de carreira nem tão pouco subsídios, há dedicação e amor! Receber amor é sempre garantido. Cada sorriso, cada abraço sempre que chego a casa, cada vez que ela vai buscar o boneco novo ou mostrar a brincadeira que fez durante o dia, enche-me, preenche-me e transborda para os que me rodeiam, torna-me verdadeiramente feliz, torna-me uma pessoa melhor, e não há trabalho no mundo que me dê isso!
Tenho o melhor trabalho do mundo e este ninguém mo tira!

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Os porquês têm que ser bem explicados às crianças, mas como?!

Enviaram-me este texto que não resisto em partilhar porque demonstra a dificuldade que temos em falar de Deus às crianças, especialmente nesta altura do ano em que o nosso Deus, a quem rezamos à noitinha e agradecemos as coisas boas do dia, morre pregado a uma cruz, e depois ressuscita! Ora falar da morte a uma criança já não é fácil quanto mais dizer-lhe que Deus, na pessoa de Jesus, morreu e voltou dos mortos para mostrar ao mundo que não fomos criados para a morte mas para a vida eterna! Não é tarefa fácil! Talvez a linguagem da igreja também não ajude, mas será que deve haver outra linguagem para explicar estas coisas que não aquela que é própria da religião? Será que temos que simplifcar e simplificando corremos o risco de saltar algumas partes importantes da história e omitir outras que são mais complicadas de dizer?

" - Pai, o que é a Páscoa?

- Ora, Páscoa é ...... bem... é uma festa religiosa!

- Igual ao Natal?

- É parecido. Só que no Natal comemora-se o nascimento de Jesus, e na Páscoa, se não me engano, comemora-se a sua ressurreição.

- Ressurreição?

- É, ressurreição. Maria, vem cá!

- Sim?

- Explica lá ao puto o que é ressurreição para eu poder ler o meu jornal descansado.

- Bom, meu filho, ressurreição é tornar a viver após ter morrido. Foi o que aconteceu com Jesus, três dias depois de ter sido crucificado. Ele ressuscitou e subiu aos céus. Entendido?

- Mais ou menos ... Mãe, Jesus era um coelho?

- Que parvoíce é essa? Coelho? Jesus Cristo é o Pai do Céu! Nem parece que foste baptizado! Jorge, este menino não pode crescer assim, sem ir à missa pelo menos aos domingos. Até parece que não lhe demos uma educação cristã! Já pensaste se ele diz uma asneira destas na escola? Deus me perdoe! Amanhã vou matricular esta criança na catequese!

- Mãe, mas o Pai do Céu não é Deus?

- É filho! Jesus e Deus são a mesma coisa. Vais estudar isso na catequese. É a Trindade. Deus é Pai, Filho e Espírito Santo.

- O Espírito Santo também é Deus?

- É sim.

- É por isso que na Trindade fica o Espírito Santo?

- Não é o Banco Espírito Santo que fica na Trindade, meu filho. É o Espírito Santo de Deus. É uma coisa muito complicada, nem a mãe entende muito bem. Mas se perguntares à catequista ela explica muito bem!

- Bom, se Jesus não é um coelho, quem é o coelho da Páscoa?

- (Aos gritos no meio da casa) Eu sei lá! É uma tradição. É igual ao Pai Natal, só que em vez de presentes, ele traz ovinhos.

- O coelho põe ovos?

- Chega! Deixa-me ir fazer o almoço que eu não aguento mais!

- Pai, não era melhor que fosse galinha da Páscoa?

- Era, era melhor, ou então peru.

- Pai, Jesus nasceu no dia 25 de Dezembro, não é? Em que dia é que ele morreu?

- Isso eu sei: na sexta-feira santa.

- Que dia e que mês?

- Gaita!!!! Sabes que eu nunca pensei nisso? Eu só aprendi que ele morreu na sexta-feira santa e ressuscitou três dias depois, no sábado de aleluia.

- Um dia depois portanto!

- (Aos berros) Não, filho - três dias!

- Então morreu na quarta-feira.

- Não! Morreu na sexta-feira santa... ou terá sido na quarta-feira de cinzas? Ouve, já me baralhaste todo! Morreu na sexta-feira e ressuscitou no sábado, três dias depois!

- Como !?!? Como !?!?

- Pergunta à tua professora da catequese!

- Pai, qual era o sobrenome de Jesus?

- Cristo. Jesus Cristo.

- Só?

- Que eu saiba sim, por quê?

- Não sei não, mas tenho um palpite que o nome dele tinha no apelido Coelho. Só assim esta coisa do coelho da Páscoa faz sentido, não achas?

- Coitada!

- Coitada de quem?

- Da tua catequista !!!"