terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Feliz ano novo

Entre o ano velho e o ano novo há uns escassos momentos em que a minha mente e o meu coração se concentram para pedir novos desejos para novos sonhos a realizar. Desta vez, entre as doze passas engolidas à pressa e a contagem decrescente para a meia noite, só consegui pensar na Maria. Pensei no tempo que quero passar com ela, nas coisas que lhe quero mostrar, nas histórias que lhe quero contar, nos valores que lhe quero transmitir. Pensei na Maria, que é o centro das minhas prioridades, e no facto de nem sempre ter sido fácil, durante este ano que já terminou, dar tempo à minha prioridade... caricato não é? A verdade é que entre trabalho, prazos, reuniões, solicitações, fui chegando sempre em cima do acontecimento, e a conclusão é que estive sempre presente mas poucas foram as vezes em que consegui desfrutar dos acontecimentos.
Os desejos para este novo ano resumem-se a um só: família. Ter tempo para estar, para desfrutar, para viver a minha família. O trabalho passa, os projetos profissionais terminam, os sucessos de carreira ficam guardados em artigos de jornais e prémios, mas a maternidade é para sempre e a obra que eu posso deixar neste mundo já tem nome, chama-se Maria, é nela que quero investir o meu tempo, a minha vida. Não tenho dúvidas que outros virão, quem sabe já este ano, mas por agora a Maria é a minha prioridade.
As mentalidades não se mudam de um dia para o outro, mas de uma vida para a outra, é por isso que para 2013 quero dar mais um passo para sedimentar a ideia de que o melhor investimento passa por dar mais tempo, e tempo de qualidade, à família.
Feliz ano novo!

PS - Este blog ficará inativo em 2013, obrigada a quem leu estas linhas entre fraldas, que durante este ano desaparecerão. Até breve

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Tudo o que não deres hoje, perde-se amanhã!

A Maria esteve doente pela primeira vez. Doente a sério, não foram aquelas frebicas de 37.º,5 por causa dos dentes. Esteve doente de febre alta e dores de barriga. Ao primeiro sinal de febre alta fiquei logo assustada, ela coitadinha gemia entre os desenhos animados do babytv e ia tentando brincar enquanto a febre e as cólicas a deixavam em paz. O pediatra disse-me que devia esperar que se completassem 24h com febre pois antes disso não havia grande motivo para preocupação, mas eu já estava preocupada por isso as 24 horas passaram como se fossem 24 dias!
O corpo dela reagiu e venceu! Hoje já não teve febre e já poderá começar a deixar de comer canja!
Nestes dias todas as outras coisas passaram para o plano de baixo, só queria que o tempo passasse para chegar a casa e ver a Maria. Isso fez-me pensar que devia ser assim todos os dias! O que deve ficar sempre no plano de cima é a família, tudo o resto vem a seguir. É que vamos deixando o tempo passar nesta lógica de que o podemos recuperar depois, mas o que é certo é que tudo o que não damos hoje, amanhã já estará perdido e já não será recuperável. Estamos sempre a adiar para o fim de semana com a desculpa que estamos cansados e tivemos um dia complicado no trabalho... Chega o fim de semana e as soliticações aparecem de todos os lados e de repente já é 2ª feira outra vez e tudo não passou de uma intenção.
O beijo que não dei hoje, já não o posso dar amanhã; a palavra amiga que não disse hoje perdeu-se e amanhã não será a mesma; e assim se vão perdendo as oportunidades de cuidar daqueles que são nossos.
No dia do nosso casamento prometemos um ao outro que iríamos namorar pelo menos 5 minutos por dia, todos os dias da nossa vida. Hoje digo que isso não acontece todos os dias, e que ao contrário do que queria que fosse verdade, os dias em que não dedicamos 5 minutos do nosso tempo ao namoro não se convertem em créditos para usar depois, perdem-se! É assim com tudo o que amamos e não cuidamos, cada oportunidade que escolhemos perder é um descuido que não pode ser compensado depois. É uma distância que não se recupera, porque não há dois momentos iguais.
Dizia-me hoje um amigo: "Tu só comes ao fim de semana? Imagina como seria se assim fosse, andavas à míngua a semana toda". Também é assim com o amor. Não somos um depósito de beijos e carinhos que enchemos ao fim de semana e vamos utilizando durante a semana. Precisamos disso todos os dias, em doses pequenas mas vitais!
Sejamos capazes de encurtar as distâncias, reconhecendo que o que não dermos hoje ao outro não vamos poder recuperar, mas assumindo (com vontade e determinação) que iremos dar um bocadinho de nós todos os dias! Só assim é possível cuidar de alguém.
Bom fim de semana (mas hoje ainda é dia)!

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Anjo da guarda

Hoje a Igreja celebra o dia do Anjo da Guarda.
Desde pequena que me lembro de ouvir falar do Anjo da Guarda, normalmente personificado numa criança com asas, talvez o meu tio António que desde os 2 anos ganhou asas e que lá do alto nos vai guardando!
Não quero aqui discutir o sexo ou a personificação dos anjos. Limito-me a reconhecer que a presença deles me conforta a alma. Se calhar somos demasiado incrédulos para acreditar em anjos, mas todos nós temos alguém que partiu a quem atribuímos essa função: olhar por nós!
Já muito se escreveu sobre anjos, já muito se pintou e encenou sobre o tema dos anjos. Numa sala de teatro ou de cinema, num livro ou num quadro os anjos dão azo a muita criatividade e curiosidade, mas para mim não é preciso pensar ou fantasiar muito, simplesmente porque sinto que tenho um anjo que me guarda.
Uma oração ternurenta antes de dormir foi o que a minha mãe a a minha avó Maria me ensinaram e hoje sou eu a que canto à Maria.
Quando estava grávida resolvi ensaiar uma canção que ela pudesse escutar, ainda no meu ventre, e que de algum modo a acalmasse, e hoje assim que canto as primeiras notas da melodia ela serena e aninha-se para dormir. A letra da música é a oração que me ensinaram a rezar com um pequeno acrescento:
"Ó meu Anjo da Guarda, minha doce companhia, guardai a minha alma de noite e dia. Ó meu Anjo da Guarda, minha doce companhia, guardai a minha filha de seu nome Maria".
Não sei a Maria fica mais calma só por se ter habituado a escutar aquela melodia, ou se de facto o Anjo da Guarda dela me ouve e fica ali sentado a olhar por ela para que ela durma tranquilamente, sei que o meu coração fica mais calmo sempre que a canto.
São João Maria Vianney dizia:
"Meus irmãos, não só Deus não vos perde de vista um instante, como até vos dá um anjo que não deixa nunca de vos guiar. Oh, grandiosa felicidade, tão mal conhecida pelos homens!"
Que no dia de hoje nos lembremos do nosso Anjo da Guarda e nos deixemos guiar na sua doce companhia, quer de noite quer de dia!

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Indignação

Hoje, após uma longa jornada de trabalho e uma discussão sobre a crise à sobremesa, fiquei a pensar sobre a indignação e qual o limite para se estar indignado. É que nao sendo a indignação um direito, não existe verdadeiramente um limite para se estar indignado, isto porque a indignação de cada um pode ser tão subjectiva...

Tal como a dignidade é absoluta também a indignação o é, logo eu não devo dizer ao meu vizinho se deve ou pode estar ou não indignado, ele é que sabe se tem razões para estar indignando. Parece que os pais têm uma grande facilidade em avaliar o grau de indignação dos filhos e, por consequência, a sua justificação e o respectivo limite. Mas como são pais, os filhos até compreendem. Já não se compreende quando são outras pessoas que nada têm a ver connosco. Porque raio é que uma pessoa mais pobre pode/deve estar mais indignada do que uma pessoa mais rica ou vice-versa? E até que ponto posso estar indignado sem correr o risco de me chamarem mariquinhas? 

Não existe um direito à indignação! Simplesmente se está indignado ou não se está! E note-se bem que eu disse estar e não ser. É que a indignação é um estado temporário/transitorio que serve precisamente paramarcar um ponto de mudança interior que por sua vez impulsiona uma mudança exterior. Não se é indignado!

O que fazer depois de estar indignado é que é a chave do problema. A diferença entre a indignação e o queixume é precisamente a permanência num estado de reclamação e cobrança constante, o que no caso do queixume se torna prejudicial para a própria pessoa porque conduz ao pessimismo.

Parece que hoje já não estamos indignados, somos indignados! E é isso que vai corroer a nossa última réstia de esperança, aquele que nos poderia impulsionar para a mudança.

Eu não quero que a Maria cresça numa geração de pais e permanentemente indignados. Eu não quero que o queixume se apodere de mim e transforme o meu dia a dia numa constante reclamação capaz de matar todo e qualquer sonho. Hoje estou indignada mas amanhã quero trabalhar para mudar (o meu centro de gravidade)

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O amolador de tesouras

Todos sabem entoar as notas musicais que o amolador de tesouras toca quando está a chegar a uma rua. Aquele som é familiar a qualquer ouvido lisboeta. Característico da cidade doutros tempos, é um som que antecipa a chuva, pelo menos já dizia a minha avó Maria.
Ontem, dia 11 de Setembro, recordou-se a tragédia que mudou o mundo. A história da humanidade encerrou um capítulo e começou um novo em que tudo acontece à velocidade da luz, em que as ligações se estabelecem com a facilidade de um "click" e em que quem não está ligado a uma rede social é excluído dos acontecimentos.
Ontem, dia 11 de Setembro, muitos pararam para ouvir o Ministro das Finanças falar em sacrifícios e gerações futuras, outros não; muitos saíram mais cedo para poder assistir ao jogo de Portugal com o Azerbeijão, outros não. Talvez porque já estejam fartos de ouvir sempre a mesma coisa, seja na política seja no futebol.
Ontem, dia 11 de Setembro, eu ouvi o amolador de tesouras na rua onde trabalho, ouvi aquele som que sobressaiu no meio dos sons da rua e dos carros, como se calasse tudo à sua volta. Ouvi as notas simples e conhecidas que todos os amoladores sabem tocar e voltei atrás no tempo. Por momentos lembrei-me da minha avó Maria, das férias grandes com os primos, das brincadeiras na rua, do tempo em que as profissões do futuro eram simples e fáceis de entender. O que faz um amolador de tesouras? Afia tesouras. O que faz um sapateiro? Conserta sapatos. O que faz um consultor comercial? O que faz um assessor? O que faz um jurista? O que faz um designer? O que faço eu? Aquele som tranquilizou-me a alma porque me recordou que a simplicidade das coisas é o que lhes dá a verdadeira beleza e que os meus sonhos para o meu futuro e o futuro da Maria são simples e fáceis de entender.
No meio desta confusão de sinalética e vocabulário de difícil compreensão, em que ninguém sabe qual a direção a seguir,  ainda se ouvem amoladores de tesouras em Lisboa!

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

STOP: Férias, paragem obrigatória para pensar!

"Este é o pão que desce do Céu; se alguém comer dele, não morrerá.
Eu sou o pão vivo, o que desceu do Céu: se alguém comer deste pão, viverá eternamente"


Hoje escrevo sobre o Evangelho de ontem porque ultimamente tenho andado com pensamentos e atitudes que fogem do essencial, do simples, do básico.

O pão é o alimento básico, que tapa sempre o buraquinho de um estomago a dar horas.
No outro dia encontrei-me com uma amiga que vive perto de um Pingo Doce, eram quase 22h, e dei por mim a olhar fixamente para os caixotes do lixo. Estava um homem que podia ser o meu pai, bem vestido, sem mau aspecto, a vasculhar o lixo do Pingo Doce. Os desperdícios daquele dia seriam aproveitados para ele e talvez para a família, não sei. Mal me viu escondeu-se atrás dos caixotes e ali ficou sem se mover até eu sair com o carro. A vergonha, a tristeza, não sei o que sente alguém que tem de ir vasculhar o lixo para comer. O homem ficou escondido durante o tempo em que estive a conversar na rua, como um gato que tem medo das luzes de um carro... Fiquei a pensar nisso, rezei, mas no dia seguinte tudo voltou ao normal.

Penso em ter mais filhos, penso em viagens, penso nas férias, penso em remodelar a casa, em jantar fora, é normal pensar nisso e não posso sentir-me culpada por pensar nisso, pois tenho trabalho e vivo bem. Mas posso sentir-me culpada por não fazer nada para ajudar os outros. Sinto-me inútil na parte voluntária. Sinto-me incompleta mas não sei como começar nem por onde! Acho que não tenho tempo, e por vezes penso como quando tiver mais filhos! Mas tudo se faz, tudo se consegue com a graça de Deus e com a ajuda da família, do nosso parceiro de caminhada. Se ao menos pudesse convencer os outros e a mim própria que ação de voluntariado é importante, preenche-nos e faz bem a todos!!!!!!!!!! Não quero desistir, mas confesso que muitas vezes baixei os braços e pensei, que se lixe! Vou continuar o meu caminho e os outros que continuem o seu. Mas bem sei que o meu caminho cruza todos os dias com o caminho de uma outra pessoa.

Faz-me falta parar e ganhar coragem para começar e acordar cada dia com outra esperança, com a esperança de que posso fazer a diferença nem que seja por pouco, mas posso.

Objetivo de férias: parar para pensar em como posso preencher este vazio de não me dar aos outros. Talvez o meu post de Setembro já tenha um plano de acção voluntária concreta!

A Maria faz 18 meses dia 18... Como está crescida e linda! Alegria da minha vida! :D

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Bem-vindo Verão

Esta semana foi uma semana quente, muito quente! Dias quentes, noites quentes. E o calor convida a sair de casa, a não dormir, porque mesmo de janela aberta se dorme mal, a usar pouca roupa e a beber (e brincar com) muita água!
Assim fizemos com a Maria. Apesar de não podermos ir à praia, pois em dias de trabalho, e com os meus horários, sobra pouco tempo para ir até à praia, levámos a Maria a sair mais à noite. Fomos comer um gelado às Docas e logo percebemos que muitos mais casais com filhos pequenos tiveram a mesma ideia... estava cheio de miúdos e graúdos!
Na relva muitos pezinhos do 20 ao 25, corriam sem parar. Uns atrás dos outros corriam, caiam, riam, gritavam de excitamento por estarem acordados àquela hora e a brincar na rua! Estava um calorão e o vento soprava quente!
Foi tão engraçado ver todos aqueles pequeninos a aproveitar a noite para correr e tirar o maior partido daquele momento, até chegar a hora em que se ouve: "Vá, vamos para casa". Corriam sem parar como que se aquela hora estivesse mesmo atrás quase a apanhá-los e fosse preciso fugir para não ir para a cama.
Mas a hora chegou e a Maria mal chegou ao carro encostou-se ao seu amiguinho coelhinho e parou de correr. Tenho a certeza que nos seus sonhos a correria continuou e prolongou-se para o dia seguinte!
Este tempo quente é o tempo para sair e aproveitar. É certo que é preciso deitar cedo, mas nestes dias posso estar mais tempo com a minha filha, posso esticar o tempo livre para viver a minha filha fora de casa.
E já não era sem tempo! Bem-vindo Verão, que nos empurras para a rua, para a liberdade, para a descontração. Bem-vindo Verão, que abres as janelas e as portas, deixas soprar o vento e despentear os cabelos, destapas os ombros e os dedos dos pés e trazes gotas de água salgada.
Bem-vindo Verão, que chegaste atrasado mas ainda a tempo de nos despertares para os dias que se prolongam pelas noites e que, sem culpa, nos fazem ficar acordados até mais tarde.
Agora só faltam mesmo as férias, mas até lá vou aproveitar este Verão e não quero perder pitada das descobertas da Maria!