domingo, 18 de dezembro de 2011

Último Domingo do Advento... 10 meses da Maria... Esperança!

No último Domingo do Advento começo a sentir aquela ansiedade de pensar que está quase a chegar o Natal, a celebração cristã que marca toda uma civilização, todo um mundo! O Todo-Poderoso faz-se menino, vulnerável, simples, carente que nasce numa manjedoura e ao frio porque ninguém quis abrir a porta de sua casa para dar abrigo a uma grávida! Este é o mistério do Natal que dá sabor, cor e luz à vida, é o mistério que não se explica pelas medidas do Homem, mas sim pela medida do Amor: dar tudo sem esperar nada em troca! Porque é que é assim tão difícil acreditar neste Deus-menino que apenas quer um lugar no nosso coração? Porque é que é assim tão complicado gostar do que é simples e cheio de ternura? Porque é que está na moda desfazer a verdade do Natal e mascará-la de Pais Natal, Popotas ou Leopoldinas? De que é que têm medo os homens e mulheres que não reconhecem que o Natal é celebrado por cristãos pelo mundo fora, é uma festa religiosa e não uma festa "pagã"?
Sejamos francos uns com os outros e sobretudo connosco próprios! O que celebramos verdadeiramente no Natal? Presentes? Jantar com a família? Postais de Boas Festas? O que distingue este momento de tantas outras ocasiões em que damos e recebemos presentes, em que jantamos com a família e em que enviamos postais aos amigos? Sejamos verdadeiros e tenhamos a coragem de tornar este Natal num momento realmente diferente de tantos outros, vivido com simplicidade e plenitude, em torno do Presépio! Ainda estamos em tempo de o fazer!
A Maria faz hoje 10 meses e vai ter o seu primeiro Natal. O primeiro de muitos que, no que depender de mim, serão sempre verdadeiros, centrados em Jesus e na Sagrada Família, o exemplo de todas as famílias! Acreditar no mistério do Natal não é apenas um acto de Fé, é abrir as portas da nossa vida para que Deus possa fazer com ela o que entender, na certeza que o resultado será sempre a FELICIDADE!!!    

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Caldas da rainha, acidente, mota, jovem

O título deste post são as palavras que "tagaram" a notícia que hoje vinha no Correio da Manhã. Não sei se por esta ordem, mas esta foi a ordem em que as palavras se arrumaram na minha cabeça, num crescendo gelado que atingiu os 0º quando li a última palavra: jovem... Um jovem de 16 anos transformou-se ontem numa estrela, uma estrela que brilha ao lado de tantas outras presentes nas nossas noites e outrora presentes nos nossos dias. Não consigo imaginar nem sequer vislumbrar o que ficou desfeito no coração daqueles pais. Não consigo e fico com um nó preso na garganta cada vez que penso no Henrique, no Gonçalo, no Pedro, na Catarina, nas pessoas que hoje são estrelas mas que ainda ontem eram um pulsar de vida e de energia. Bolas!!!!! Para não dizer outras coisas! Podia dizer, mas de que adianta? Há quem queira dizê-lo mais do que eu, há quem chore mais do que eu, há quem esteja partido por dentro sem vislumbre de uma cola super poderosa que possa unir de novo todos os pedaços de um coração destroçado.
Elevo os meus olhos para o Céu e suplico com o maior despojamento e a maior sinceridade, suplico consolo para os pais que perderam os seus filhos, os que conheço e os que permanecem anónimos. Suplico a consolação divina, aquela que acalma a tempestade. Suplico o colo da Mãe divina, aquele onde deitamos a cabeça pesada e acabamos por adormecer suspirando. Suplico a força divina do Espírito Santo, aquela que capaz de juntar o que está dividido. Este post é uma oração que partilho porque me custa mantê-la no silêncio do meu coração.
Ámen!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Uma certa ingenuidade

Depois de mais um aniversário, penso sobre ter acrescentado mais um ano à minha idade e que consequências tem isso na minha vida. Agora que sou mãe, agora que tenho uma vida que depende de mim e à qual não hesitaria em dar a minha por ela, penso nas consequências de ter mais um ano de idade. Olho para o espelho e vejo-me fisicamente mais velha, algo amachucada pela gravidez, vejo o que os outros não vêem, mas gosto do que vejo e sobretudo penso que nada precisa realmente de mudar. Ter mais um ano, neste ano, não muda a forma como me vejo, mas muda a forma como vejo o mundo, e gosto de saber que olho para o mundo com uma certa ingenuidade. Não vejo segundas intenções em todos os que se cruzam comigo, ainda acredito que todos têm um lado bom e altruísta sem esperar nada em troca e sei que na Vida a vitória é sempre do Bem e nunca do Mal! Essa ingenuidade não se confunde com tolice ou burrice, é uma forma de esperança, é uma maneira simples e humilde de ver os outros e a extraordiária capacidade de amar que têm em si. É claro que há sempre aquelas vozes sábias que me avisam para ter cuidado ou que me dizem para não ser tão ingénua, mas a isso respondo que quem cultiva uma certa ingeguidade na forma como vê o mundo é feliz! Se em criança é aceitável ser-se ingénuo, então porque não sê-lo também em adulto? Que cada ano que acrescento à minha idade não represente menos ingenuidade na minha forma de ser.
Já dizia Almada Negreiros sobre o valor da ingenuidade:
"O maior perigo que corre o ingénuo: o de querer ser esperto. Tão ingénuo que cuida, coitado, de que alguma vez no mundo o conhecimento valeu mais do que a ingenuidade de cada um. A ingenuidade é o legítimo segredo de cada qual, é a sua verdadeira idade, é o seu próprio sentimento livre, é a alma do nosso corpo, é a própria luz de toda a nossa resistência moral.
Mas os ingénuos são os primeiros que ignoram a força criadora da ingenuidade, e na ânsia de crescer compram vantagens imediatas ao preço da sua própria ingenuidade.
Raríssimos foram e são os ingénuos que se comprometeram um dia para consigo próprios a não competir neste mundo senão consigo mesmos."

Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=98399#ixzz1fNz1X7DK

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Mais um dia 18 que passou!

A Maria já tem nove meses, feitos na passada sexta-feira. Nove meses de uma nova vida que veio preencher a minha vida, que veio dar sentido a tudo o que fiz até agora, a todas as opções do passado que me custaram fazer porque exigiram sacrifício, porque me fizeram ir no sentido inverso ao que a maioria dos meus amigos escolheu. Vale a pena escolher o caminho certo, ainda que seja difícil, porque é através dele que a nossa vida ganha sentido.
Queria assinalar a data mas não sabia bem o que escrever e então nada melhor do que ir beber inspiração à fonte:
Aqui deixo a leitura do Evangelho do dia 18 de Novembro:

"De madrugada, Jesus foi ter com eles, caminhando sobre o mar.
Ao verem-no caminhar sobre o mar, os discípulos assustaram-se e disseram: «É um fantasma!» E gritaram com medo.
No mesmo instante, Jesus falou-lhes, dizendo: «Tranquilizai-vos! Sou Eu! Não temais!»
Pedro respondeu-lhe: «Se és Tu, Senhor, manda-me ir ter contigo sobre as águas.»
«Vem» disse-lhe Jesus. E Pedro, descendo do barco, caminhou sobre as águas para ir ter com Jesus.
Mas, sentindo a violência do vento, teve medo e, começando a ir ao fundo, gritou: «Salva-me, Senhor!»
Imediatamente Jesus estendeu-lhe a mão, segurou-o e disse-lhe: «Homem de pouca fé, porque duvidaste?»
E, quando entraram no barco, o vento amainou.
Os que se encontravam no barco prostraram-se diante de Jesus, dizendo: «Tu és, realmente, o Filho de Deus!
» "

Quantas vezes duvido deste Deus que se apresenta na minha vida de mansinho, sem violar a minha vontade, que espera que eu Lhe abra a porta para poder entrar e falar-me do Amor verdadeiro. Quantas vezes duvido que Ele caminha sempre ao meu lado, pronto para me pegar ao colo quando estou prestes a cair. Quantas vezes me permito ter medo da vida, quando sei que se a confiar a Deus serei feliz de verdade! Vale a pena escolher o caminho certo, ainda que seja difícil, porque é nele que está Deus e é através dele que a nossa vida ganha sentido!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

A minha amiga foi mãe de uma menina!

Este Sábado recebi uma mensagem de uma amiga que dava a feliz notícia que tinha sido mãe de uma Rita com 8 anos! A gravidez dela foi bem mais do que nove meses de entrevistas, documentos, apresentações e muita muita ansiedade, mas finalmente chegou o grande momento em que a Rita chegou. Que alegria a daquela família que, contra tudo e todos, decidiu ser novamente lugar de acolhimento para mais uma criança, desta vez uma menina de 8 anos, em boa idade para brincar e fazer companhia ao João que nasceu para aquela família com apenas alguns meses de vida.
Todos sabemos dizer o que é a adopção, mas será que sabemos mesmo o que é, o que implica? É antes de mais um acto tremendo de amor, que quer acolher uma vida já concebida e criada que alguém não quis ou não pôde cuidar. É um acto de coragem que escolhe correr o risco de acolher uma criança "institucionalizada, com "desvios" e marcada pelo "sistema".  É um acto de humildade pois implica levantar as defesas de uma família, deixar cair os receios e aceitar a dádiva que é poder amar alguém que precisa realmente de amor.
Hoje quero agradecer de um modo especial a Deus pelo exemplo de maternidade da Ana e, claro também de paternidade do seu marido, que aceitando as limitações que a vida lhes deu souberam e quiseram escolher o amor.
A minha amiga, em vez de se esconder nas suas limitações, quis gritar bem alto que é Mãe. A Ana sabe bem o que é estar grávida, o que é sentir as palpitações de querer saber como é o ser que já amamos mesmo antes de o conhecer, o que é sentir a preocupação de saber se somos capazes de levar por diante esta tarefa, o que é sentir o calor de uma família que espera unida pela vinda daquela vida!
Que grande exemplo de força e de coragem, tudo é possível quando se tem vontade e fé!!!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Passo a passo a caminho dos 9!

A Maria está a caminho dos nove meses e já quer andar! É verdade, gatinhar não é com ela. Já pôr-se de pé no parque é o que mais gosta de fazer. Ontem à noitinha, quando a ia deitar, fui dar com ela agarrada às grades da cama, com um sorriso rasgado e os olhos a cintilar porque estava de pé e conseguia ver o quarto todo. O tapete de brincar já não era apenas um fragmento do espaço onde sentada comigo atirava os brinquedos, agora fazia parte de uma realidade maior que ela já conseguia ver da cama! Também a cómoda, o candeeiro e o urso grande sentado no canto! Estava visivelmente contente por ter conseguido pôr-se de pé e abarcar com os seus olhos a vista da cama dela, que deixou de ser apenas o tecto e o resguardo, para passar a ser muito maior e mais divertida! Agora é um instante até começar a andar. Pé ante pé, um passo de cada vez, agarrada aos braços dos pais e depois às paredes e depois sem segurança dará os seus primeiros passos sozinha, num caminho que sonho longo e repleto de felicidade!
Cada passo será uma conquista, assim é a vida!

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Palminhas

A Maria faz amanhã 8 meses e já bate palminhas!!!
Que orgulho! Não é nada de especial visto por um adulto sem qualquer ligação afectiva à Maria, mas visto por mim é um feito espectacular só superável pelo feito de começar a gatinhar para a frente e assim sucessivamente.
Este fim de semana a Maria exercitou bastante as palminhas, ela era palminhas ao acordar e palminhas ao deitar, palminhas à refeição e palminhas a mudar a fralda, enfim, tudo era pretexto para mostrar que sabia bater palminhas! Se este pequeno gesto já me encheu de orgulho faço ideia quando der o primeiro passo, quando na escola aprender a escrever, quando tiver boas notas, quando for passando de ano até se licenciar!
Realmente, os meus pais podem ter tido muitas coisas chatas comigo, mas nisso só tiveram motivos de orgulho ehehhe (também sabe bem escrever coisas boas sobre nós de vez em quando)!
8 meses volvidos e cá estamos com a Maria mais crescida, mais atenta, mais atrevida, mais sequiosa de aprender e apanhar tudo o que vê, tudo o que cheira e sente. Vou entregando a cada dia a sua vida nas mãos de Deus e pedindo a capacidade de ser sempre um exemplo de coerência que ela possa um dia querer seguir, não apenas para imitar, mas para melhorar.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

As flores têm as cores dos passarinhos...

http://youtu.be/s6NNOeiQpPM

Não resisti e resolvi colocar hoje aqui um vídeo de uma criança cega a quem é pedido para fazer uma redacção sobre as cores das flores. É uma lição e simplicidade que me assola e me faz lembrar como a vida deve ser simples e grata todos os dias. Seja com que limitação for que tenhamos que lidar (e cada um tem as suas) devemos encarar o dia a dia como uma dádiva, sendo certo que Deus nunca nos pede mais do que aquilo que somos capazes de dar. Por isso a minha conclusão é que esta criança é um eleito de Deus que pode dar muito fruto, pois Deus nunca mais pede do que o que cada um pode dar!
Sigamos o exemplo deste menino e tenhamos a coragem para tornar as coisas mais sombrias e cinzentas em arco-iris de alegrias, sem queixumes, porque a vida que temos foi-nos dada de graça, nada temos que pagar por ela, apenas temos que a viver bem!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Eis uma mensagem que vou querer passar à Maria

Palavras leva-as o vento... O que realmente inspira e motiva a mudança de vida é o exemplo de pessoas concretas.
Este é um deles:

http://youtu.be/66f2yP7ehDs

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Casa de bebés

Este fim de semana fomos jantar a casa do Afonso e a Maria também foi, claro! O Afonso já é um bocadinho mais velho do que a Maria, mas só uns meses. Como saímos a correr de casa, só tive tempo de levar a sopa da Maria e mais nada. Quando lá chegámos estava o Afonso a jantar na sua cadeirinha e ficou um pouco envergonhado quando nos viu entrar pela cozinha adentro a fazer muitas gracinhas e a interromper-lhe o jantar. Do saco da Maria tirei a sopa e depois tive que pedir emprestado um babete, uma colher de bebé, uma banana para a sobremesa e uma cadeira para a Maria comer, ao que a mãe do Afonso me responde: "Serve-te à vontade porque isto é uma casa de bebés".
Fiquei a pensar naquela frase e realmente apercebi-me de que quando se tem um filho tudo que compramos para o bebé fica automaticamente à disposição dos outros pais que, como nós, tenham filhos pequeninos. Há uma solidariedade, quase uma irmandade entre aqueles que têm o primeiro filho mesmo tempo, pois todos comungam da mesma experiência avassaladora. É como se falássemos a mesma língua em termos de necessidades do bebé, de tal forma que não é preciso pedir nada pois sabemos perfeitamente o que é preciso, sabemos bem a logística que envolve ir jantar fora com um bebé e sabemos que o factor mais importante é que o bebé se sinta em casa! Assim é tudo mais fácil.
A Maria jantou na cadeirinha do Afonso (ao que ele ficou um pouco desconfiado ao início, mas depois passou-lhe) e depois dormiu na cama dos pais do Afonso, cheia de almofadas à volta. Dormiu profundamente e só acordou quando tivemos que ir embora, porque se sentiu em casa.
Uma casa de bebés é assim, é uma casa em que os bebés se sentem seguros e confortáveis, e podem ficar à vontade para fazer disparates porque os donos da casa compreendem perfeitamente.
Que a nossa casa também seja sempre uma casa de bebés, para os bebés de 2011 e para os que aí vêm! Sejam muito bem-vindos!!!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Filhos, Pais, Avós... barafunda da família, a riqueza das relações humanas

Hoje recebi um email com um texto, enviado por uma avó, avó da Maria, mãe do pai da Maria. Não digo sogra porque o que interessa é o passaporte de passagem pelas várias gerações: Mãe duas vezes, Avó três vezes e Filha (só se é filha uma vez e a vida toda!) - curriculum invejável.
Ao ler o texto pus-me a pensar nesta teia, neste emaranhado de sentimentos e relacionamentos que surgem no meio familiar com os quais muitas vezes não sabemos lidar, mas que são a maior riqueza que nos é dada nesta vida.
De um lado: "Há um período em que os pais ficam orfãos dos seus filhos".
Do outro lado: "Eu ainda não estou nesse período, estou apenas agora a começar esta aventura de ser mãe e por isso tudo que que ali está escrito eu ainda não vivi e quero viver intensamente com a Maria."
De um lado: "Passou o tempo do ballet, do inglês, da natação e do judo. Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas."
Do outro lado: "Ainda quero viver as brincadeiras na praia, o ballet, os trabalhos de casa, tudo isso, não quero perder pitada. Quero viver até ao último segundo e mesmo assim um dia direi que ela cresceu de repente."
De um lado: "Os pais ficaram exilados dos filhos. Tinham a solidão que sempre desejaram, mas, de repente, morrem de saudades. Chega o momento em que só resta ficar de longe torcendo e rezando para que eles acertem nas escolhas em busca de felicidade. É esperar que a qualquer hora nos podem dar netos. O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos. Por isso os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável carinho. Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto."
Do outro lado: "Os avós querem reeditar o afecto nos nossos filhos, e muitas vezes essa reedição passa por fazer o que não fizeram enquanto pais. Já disse isto aos meus pais que me deram uma educação rígida e conservadora e que de repente, com uma facilidade impressionante, esqueceram-se de boa parte dela. Nós os filhos e pais recentes temos dificuldade em lidar com isso e queremos rapidamente encontrar e estabelecer limites. O perfeito é que os limites sejam definidos em conjunto, mas nem sempre é possível e por isso vamos apalpando terreno, vamos calando quando é preciso e falando quando é preciso. Não é fácil estabelecer essa fronteira, mas faz parte da riqueza das relações humanas e familiares. Talvez sejamos melhores filhos para os nossos pais quando temos filhos, melhores pais para os nossos filhos quando temos netos e melhores avós para os nossos netos quando temos bisnetos... mas isso faz parte da aprendizagem da vida, pois cada vez que passamos para uma nova fase não queremos cometer os mesmos erros. Cada fase da vida tem, a meu ver, um papel específico e único que não se pode sobrepôr mas sim complementar-se. Não é fácil estabelecer essa fronteira, mas faz parte da riqueza das relações humanas e familiares".
Duas visões de duas fases diferentes da vida, que enriquecem a nossa aprendizagem se as olharmos com humildade e de coração aberto.

domingo, 18 de setembro de 2011

É mais fácil andar para trás

Hoje a Maria faz 7 meses e hoje a Maria resolveu gatinhar... mas para trás! Estávamos os 3 no tapete do quarto a montar os brinquedos novos, quando reparámos que a Maria estava quase fora do tapete, mas em marcha à ré!
O esforço que ela andava a fazer há já alguns dias finalmente compensou, mas foi para trás! Talvez não fosse bem isso que ela tinha em mente, mas lá conseguiu sair do sítio.
É mais fácil começar a andar para trás. Mas na vida parece que continua a ser mais fácil andar para trás. Sempre que nos deparamos com um obstáculo a tendência é recuar, em vez de enfrentar. Sempre que surge uma situação mais complicada de resolver, constrangedora, intimidatória, a tendência é calar em vez de falar, contornar em vez de confrontar, baixar em vez de erguer. Bem sabemos que custa muito mais "pegar o toiro pelos cornos" do que saltar para as trincheiras.
A Maria anda para trás agora, mas vai chegar o dia em que ela vai descobrir como se anda para a frente e como é bom seguir em frente! Nessa altura não vai querer parar nunca, só quando começar a ter responsabilidades (oxalá que nem aí se canse de andar para a frente).
Devemos olhar as coisas de frente, saber dizer o que é preciso mesmo que isso nos custe e custe aos outros, seja na família, no trabalho ou com os amigos. Que não deixemos nada por dizer, para que não aconteça como a sopa que deixei na panela durante a noite: azedou!
Pode ser mais fácil andar para trás, mas isso é para a Maria que ainda não aprendeu a andar para a frente.
Queiramos reaprender a andar para a frente como um bebé, saboreando cada passo do nosso caminho.
Deixo-vos um texto "das 5ªs feiras" (site da RR)

"Um dia de não desperdício.

Hoje gostaria de estar mais atenta ao desperdício. Desperdício do bom dia do vizinho, a quem não retribuoDesperdício das cores do dia, que não vejo.Desperdício da mão estendida, que não agarro.Desperdício da palavra gentil, à qual não respondo.Desperdício do olhar atento e solícito, que evito.Desperdício da carícia, que rejeito.Desperdício do pão, que não saboreio.Desperdício da sabedoria, que ignoro.Desperdício dos desperdícios; tudo é desperdício, quando não amo. Ensina-me Senhor da Vida a não desperdiçar o dom deste dia."

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Estrela

Na passada 5ª feira o céu e as nossas vidas ganharam mais uma estrela. O Gonçalo deixou esta vida curta e redonda para começar uma vida eterna e plena de felicidade, junto de todas as outras estrelas que outrora já foram alguém especial aqui na terra.
A Maria já tinha conhecido o tio Gonçalo, e que tio babado! Foi lá a casa de propósito, fora de visitas com amigos e entre horários difíceis, para conhecer a Maria e presentea-la com roupinhas, as últimas trazidas de Londres. Eu até lhe disse que tinha perdido a cabeça, mas ele com aquele vozeirão e com o sorriso rasgado disse: "Pois perdi! Mas em Londres o que é tu querias?". Três vestidos, qual deles o mais giro, três pijamas em vários tons de cor de rosa, e muita vontade de ver a Maria crescer e tornar-se uma menina para com ele um dia aprender a dançar a valsa. Talvez não vá poder ensiná-la a dançar a valsa, mas vai com certeza vê-la crescer e de um sítio privilegiado, acompanhado de todas as estrelas que não chegaram a conhecê-la mas que olham por ela, como a Avó Maria e o Avô Roquette, o Pedro Zenóglio, e tantos outros que do céu tomam conta de nós. Creio profundamente que eles, ao lado de Nosso Senhor, vêm o que fazemos, e sopram sinais de esperança e de alento quando nos sentimos em baixo. É neles que tropeçamos quando estamos a ponderar uma decisão errada, é com eles que viajamos quando temos medo que o avião caia, é junto deles que adormecemos sabendo que lá não se dorme (não é preciso) e por isso alguém está de vigia por nós.
A Maria ganhou mais uma estrela, e esta muito brilhante de certo, pois partiu na flor da vida e com essa mesma garra vai fazer de tudo para nos iluminar o caminho certo.
À noitinha, antes de a deitar faço questão de lhe falar em cada uma das estrelas que ela tem a olhar por ela no céu, e desde 5ª há mais uma na lista! Ela vai conhecer bem este tio babado e vai querer aprender a dançar e a cantar, e a respirar música, história e cultura, como ele tanto gostaria de lhe ter mostrado!
Até sempre querido Gonçalo!

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Esta luz pequenina vou deixá-la brilhar...

No dia 27 de Agosto a Maria foi batizada. O evento foi preparado com afinco e dedicação pelos meus sogros, que deram a casa, o jantar, a ceia, o pequeno-almoço do dia seguinte e por aí fora, não fosse essa uma característica marcada da família: o gosto de bem comer mas sobretudo o gosto de bem receber!
Comidas e bebidas à parte, o que me enervava era mesmo a celebração. Digam lá o que disserem isso é que interessa.
Não é obrigatório batizar ninguém. Trata-se pura e simplesmente de uma questão de Fé.
Durante estes últimos dias procurei informar-me junto de documentos oficiais da Igreja Católica, sobre o ritual do Batismo e mais convencida fiquei que o Batismo não pode ser instrumentalizado como forma de dar uma festa e receber presentes para o bebé! Para isso façam um baby shower! Sou muito bruta nestas coisas, mas é assim que as coisas são. Por mim nem tinha recebido presentes nenhuns e digo isto com verdade.
Quem quer pertencer à Igreja Católica é livre de o fazer, mas deve ter consciência das suas regras. Se são justas ou não, se são demasiado rigorosas ou não, se são radicais ou não, isso é outra discussão. Mas se as regras existem são para se cumprir! Que sentido tem a definição de católico não praticante? Assumam as coisas ou bem que se é católico ou bem que não se é! Simples! Se não é quase como ir ao supermercado, só lá vou quando me falta alguma coisa! Isso é hipocrisia!
Porque é que os pais escolhem batizar um filho? Já pensaram nisso? É que não precisam de o fazer. Não é como matricular o filho na escola, ou inscrevê-lo como sócio de um clube de futebol. A escolha passa por uma enorme alegria de saber que a partir daquele momento a minha filha faz parte de Cristo! Quem não sente isto porque decide batizar um filho? Porque é que se dá ao trabalho de organizar uma festa? Arranje outro motivo, há tantos!!! Ninguém censura a vontade de se dar festas e receber presentes, de estar com amigos e família a conviver. Mas com tantos pretextos para convidar amigos e família para uma festa custa-me compreender porque é se que utiliza um que não é sentido verdadeiramente, manipulando a sua dignidade!
O Batismo é o início de uma caminhada que os pais começam e que a criança irá no futuro confirmar através do sacramento da Confirmação. Que verdade tem o batismo de um bebé se os pais depois não estiverem dispostos a caminhar?
"Esta luz pequenina vou deixá-la brilhar, bem dentro de mim vou deixá-la brilhar..." e que luz é aquela que se acende nesse dia tão especial e que depois é coberta pelos comodismos dos pais, pelas vergonhas e preconceitos dos amigos e da família, pela ausência de sentido de responsabilidade perante os apelos de uma igreja a que se pertence mas que é descurada porque tem uma voz incómoda e muitas vezes incoerente...? A resposta é simples: a luz apaga-se por falta de oxigénio para arder.
Nunca vou deixar que a luz que se acendeu no coração da Maria no dia do seu Batismo se apague. Nunca!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Saudades

Estou sem ver a minha filha há 2 dias. Como não tive férias, o pai foi com ela e com os avós apanhar ar do campo e eu fiquei em Lisboa a trabalhar. Até deu jeito para tratar de algumas coisas, mas sair do trabalho e constatar que não a vou ver dá-me cá um aperto... Fico com umas saudades!
Felizmente hoje já estarei ao pé dela, mesmo que só para a ver dormir, que já é um efeito calmante pois emana tranquilidade, aquela tranquilidade que em adulto é tão difícil de encontrar, mesmo durante o sono.
Estar longe da Maria é saber que uma parte de mim não está comigo, por isso custa tanto. Lembro-me dos meus pais quando estive a viver na Bélgica durante um ano... nunca dizem nada até porque sabem que nós filhos não gostamos de os ver preocupados, mas agora sinto mais na pele o aperto que eles sentiram silenciosamente durante 1 ano. E sentem quando nos deixam ir passar o primeiro fim de semana fora, o primeiro campo de férias, as saídas à noite, as viagens com os amigos e namorados e todos os programas e escolhas de vida que não passam por estar com eles. No fundo sabem que a maior parte da vida dos seus filhos será passada longe deles, o que é como viver a maior parte da nossa vida sem um bocado que nos pertence. Mas a grande verdade é os filhos não são nossos, não são nossa pertença, são dons de Deus que não podemos esconder com medo que nos tirem, pelo contrário têm que ser criados para serem dados à Vida.


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

6 meses...

Hoje a Maria faz 6 meses! Meio ano! Um semestre! Já é muito tempo!!!
A felicidade e a alegria de viver junto de um pequeno ser humano que cresce connosco, que nos surpreende a cada dia que passa, é inexplicável!
É delicioso olhar para ela, vê-la a ultrapassar os obstáculos que vão aparecendo, e sempre com boa cara! O virar-se de barriga para baixo e querer gatinhar, a vontade de estar em pé ou de se sentar sozinha, a expressão nos olhos dela quando quer pedir alguma coisa e não consegue, ou as tosses fingidas para chamar a atenção, são tudo momentos únicos cheios de magia, que transformam a nossa vida. Passamos a ter uma vida mais simples e sem grandes planos de viagens, jantares, saídas à noite ou compras, mas muito mais preenchida e muito melhor vivida!
Parabéns à Maria, parabéns a mim e ao Rui, parabéns à família e aos amigos que espero que ajudem sempre a Maria a crescer sabendo que na vida não há facilidade mas há Felicidade!!! E essa só se consegue verdadeiramente pelos caminhos mais difíceis, mas nunca impossíveis de ultrapassar. Não quero que facilitem a vida à Maria, quero que ela saiba o que são as dificuldades que atravessam o seu caminho, quero que ela tente agarrar a vida mesmo que lhe custe, tal como quando quer um boneco e estica o braço para o apanhar, coisa que nunca fará se eu lhe der logo o boneco. Para quê esforçar-me a tentar apanhar o boneco se alguém mo vai dar? Talvez seja uma tentação, pois quero vê-la feliz, mas sei que sempre que lhe poupar o esforço estarei a deitar fora uma oportunidade para ela crescer e aprender.
Hoje partilho convosco a algria que me enche o coração e me faz sorrir só de me lembrar daquelas bochechas que vou encher de beijos!!!
:D

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Combates, o primeiro de muitos!

Hoje forcei-me a vir aqui para partilhar o que chamo de: O primeiro de muitos combates entre a Maria e os pais.
Começa cedo, pensam vocês, mas não. É perfeitamente normal os bebés começarem a "medir forças" com os pais, sobretudo na hora da refeição, recheada de momentos e oportunidades para o bebé triunfar levando os pais ao cansaço e assim vencendo a batalha.
Hoje a Maria tinha à sua espera uma sopa muito cor de laranja, que já tinha deixado umas boas nódoas no Domingo e por isso o cuidado para não sujar o pijama de hoje foi redobrado.
Ora, nem de propósito! Começou a comer lindamente até que se lembrou de fazer o famoso "brrrrr" com a boca cheia de sopa cor de laranja! Rapidamente salpicou a cozinha e ouviu dos pais um: "Não faz isso!". Nesse momento parou, não estava à espera daquela reacção. "Teriam achado graça?" deve ter pensado... a calmaria durou apenas por momentos. Passado três colheres de sopa e uma de banana resolveu experimentar o "brrrr" outra vez, para ver qual era a nossa reacção. Mais uma vez, de olhos arregalados e com a voz colocada em tom de ralhete dissemos em uníssono: "Maria, não faz isso!". Ela estremeceu, depois riu-se na tentativa de arrancar de nós também um sorriso, mas logo se apercebeu que não tínhamos achado graça. Isso não a impediu de continuar, pelo contrário até a motivou mais e logo se recompôs para repetir a proeza. Já estávamos os dois perdidos de riso e com a cara tapada com guardanapos!!! Tudo menos mostrar-lhe que achávamos piada.
Fez-se uma pausa para ver se ela retomava a refeição normalmente, mas de pouco serviu, pois daí a nada recomeçaram os "brrrrs". Eu aproximei-me dela, abri os olhos e disse: "Não faz isso!". Ela parou, fitou-me com os seus olhos penetrantes e em silêncio disse-me: "não me vences tão facilmente". Aí caiu-me tudo, um pingente daquele tamanho enfrentou-me com o olhar!!!
Lembrei-me das vezes em que depois de ouvir um ralhete continuei a fazer certas coisas que sabia que deixavam os meus pais irritados (sobretudo a minha mãe) só para medir forças. Lembro-me como se fosse hoje! Era uma sensação de desafio que me movia. Depois acabava em castigo ou com umas boas palmadas para deixar claro que a relação entre pais e filhos não é uma democracia (e ainda bem!!!).
Em toda a nossa vida medimos forças, vamos travando vários combates com quem tem autoridade sobre nós, umas vezes por causas nobres e válidas, outras vezes só pelo prazer de combater e de esgrimir argumentos. Todos esses combates são inevitáveis, e se encarados com o devido bom senso até são saudáveis. Só há um combate que para mim não faz sentido travar, é o que teimamos em travar com quem amamos e nos ama: com a pessoa que escolhemos para viver o resto da nossa vida e com Aquele que nos ama infinitamente e nos deu a vida.
Contra nenhum deles vale a pena combater, pois o resultado é sempre negativo!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Ser carvão na vida uns dos outros

Queria ter escrito ontem, data especial, mas não deu.
Escrevo hoje para dizer que a Maria esteve na praia. O ar do mar fez-lhe bem e parece que voltou mais crescida. O mar empurrou o dentinho mais um pouco cá para fora, mas ainda não rompeu bem e é por isso que ela anda mais rabujenta.

Agora como já não estou tanto tempo em casa torna-se mais difícil escrever com calma, por isso partilho um texto que veio para ao meu inbox e que espelha bem o que vou querer um dia contar à minha filha.

"O menino olhava a sua avó com curiosidade enquanto ela escrevia uma carta.

A certa altura, perguntou:


- A Avó está a escrever uma história?


A avó parou a carta, sorriu, e comentou com o neto:


- Estou a escrever sobre ti... é verdade! Mas, mais importante do que as palavras, é o lápis que estou a usar: gostaria que um dia fosses como ele, quando cresceres.


O menino olhou para o lápis, intrigado, e não viu nada de especial.


- Mas ele é igual a todos os lápis que vi em minha vida!


- Tudo depende do modo como se olha as coisas. Neste lápis há cinco qualidades muito importantes, que se conseguires manter, serás sempre feliz e estarás em paz com o mundo.


Primeira qualidade: podes fazer grandes coisas, mas não podes esquecer nunca que existe uma mão que guia os teus passos, a que chamamos Deus.


Segunda qualidade: de vez em quando, é preciso parar de escrever, e usar o afia-lápis. isso faz com que o lápis sofra um pouco. Mas depois estará mais afiado e perfeito. Aprende a suportar algumas dores que te vão surgindo, porque nos ajudam ser melhores pessoas.


Terceira qualidade: o lápis permite o uso da borracha para limpar e corrigir o que estava errado. Corrigir o que fizemos mal é importante para construir um caminho mais justo.


Quarta qualidade: o que realmente importa no lápis não é a madeira, nem a cor, nem a sua forma exterior, mas o grafite que está dentro. Também connosco o mais importante é o que está por dentro.


Quinta qualidade: o lápis por onde passa deixa sempre uma marca... maior ou menor... Assim acontece com tudo o que fizeres na vida. Tudo o que fizeres fica com a tua marca. Por isso tenta ser perfeito em cada coisa que fazes. Procura que os teus desenhos sejam lindos!


O neto ouvia com atenção tudo o que a sua Avó lhe dizia, e gravou na sua memória fresca a interessante mensagem e prometeu vivê-la, tentando em cada dia uma escrita mais perfeita, sempre assistido pela mão invisível de Deus."


(autor desconhecido)


domingo, 10 de julho de 2011

Riscos

Esta semana foi um tempo de viragem. Às novas rotinas da Maria por causa das sopas, juntou-se a mudança de emprego. Tudo muito rápido, tudo tem que ser rápido.
Decidir para mim sempre foi uma situação complicada, porque sou indecisa por natureza, ou melhor, porque não gosto de arriscar. Mas olhando bem para os momentos mais felizes da minha vida, foram aqueles em que arrisquei. Quando decidi namorar com o homem com quem casei, pessoa sobre a qual o meu primeiro comentário foi: "nunca me envolveria com alguém assim". Quando decidi não começar logo a trabalhar, como todos os meus colegas de faculdade, e ir para Gent estudar. Quando decidi casar pela Igreja, ou seja para toda a vida. Quando decidi que uma vida nova poderia crescer dentro de mim. Esta, de todas as decisões, foi a mais arriscada, pela responsabilidade que acarreta, e foi sem dúvida a que me fez e faz mais feliz.
Pois bem, por falar em correr riscos, partilho aqui um texto que alguém "por coincidência" deixou no meu inbox:

"Na vida temos que tomar muitas decisões. Algumas fáceis, algumas difíceis.
A maior parte dos erros que cometemos não se devem a decisões erradas. A maior parte dos erros devem-se a indecisões. Temos que viver com a consequência das nossas decisões. E arriscar. Tudo é arriscar.
Rir é correr o risco de parecer tolo.
Chorar é correr o risco de parecer sentimental.
Abrir-se para alguém é arriscar envolvimento.
Expor os sentimentos é arriscar expor-se a si mesmo.
Expor suas ideias e sonhos é arriscar-se a perdê-los.
Amar é correr o risco de não ser amado.
Viver é correr o risco de morrer.
Ter esperança é correr o risco de se decepcionar.
Tentar é correr o risco de falhar.
Os riscos precisam ser enfrentados, porque o maior fracasso da vida é não arriscar nada. A pessoa que não arrisca, não faz nada, não tem nada, não é nada. Ela pode evitar o sofrimento e a dor, mas não aprende, não sente, não muda, não cresce e não vive. Presa na sua servidão, é uma escrava que teme a liberdade
."

Só posso acrescentar que, o risco, com a ajuda de Deus, é sempre controlado!

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Sopa?! bahhhh

Hoje foi o primeiro dia em que a Maria comeu a sopa de legumes. Confeccionada tal e qual como mandam os manuais: batata, cenoura e um legume verde (alface), não podia temperar com sal nem com outro condimento, e assim que a Maria provou parecia que tinha comido limão!
Colher após colher, a Maria ia comendo mas com uma cara tão feia, tão feia que metia dó vê-la abrir a boca para mais uma colher de sopa.
Bem sei que tenho que insistir mas realmente aquela sopa não sabia a nada. Mal provei entendia perfeitamente o que a Maria estava a pensar. Que coisa mais sem saborona!
A Organização Mundial de Saúde aconselha a não introduzir sal nas refeições antes do 1º ano de vida completo do bebé e eu até percebo pois o sal em excesso é prejudicial e nós (portugueses) temos a mão pesada para o sal. É importante pouparmos o nosso bebé aos excessos que cometemos quando cozinhamos e que uma vez instituídos são tão difíceis de eliminar. Mas ainda assim fiquei a pensar no papel do sal não só na cozinha portuguesa, mas também e sobretudo na vida dos portugueses. É que às vezes a nossa vida é demasiado insossa e outras vezes demasiado salgada. E é tão difícil ter a "mão" certa para o sal...
Quando já experimentámos o tempero perfeito o nosso paladar automaticamente reconhece quando falta sal ou quando está a mais. Também assim é na nossa vida.
Lembro-me de uma passagem na Bíblia: "Vós sois o sal da terra". Pois somos, nós somos o sal que dá sabor à vida, à nossa e à dos que nos rodeiam. Muitas vezes ficamos abaixo das nossas capacidades, não arriscamos, acomodamo-nos e a vida fica insossa e passa por nós sem sabor. Outras vezes exageramos e salgamos demais os nossos momentos, os nossos prazeres, as nossas vontades.
Um bom cozinheiro pode ser muito criativo, pode apresentar verdadeiras obras de arte à mesa, mas se não tiver "boa mão" para o sal todos os seus pratos serão arruinados. Saibamos cozinhar com equilíbrio as nossas vidas, saibamos dar o sabor que merecem mas sem exagerar, e de certeza que qualquer receita para a Felicidade ficará bem cozinhada!

sábado, 25 de junho de 2011

O regresso ao trabalho

Cheguei ao fim da minha primeira semana de trabalho depois de ter tido a Maria. Pensei que ia ser mais difícil, mas acabou por ser uma semana tranquila e com os horários bem repartidos.
É evidente que voltar às rotinas de trabalho custa, mas confesso que já estava a precisar de trabalho intelectual, pois isto de ficar 4 meses a mudar fraldas e a falar baboseiras farta um bocadinho. Também é evidente que tive saudades da Maria e que quando cheguei a casa no primeiro dia ela apenas esboçou um leve sorriso e depois fez questão de me mostrar que tinha percebido perfeitamente o que se estava a passar e o que iria começar a acontecer daqui para a frente. Só passado uma meia hora é que ela me deu aquele sorriso rasgado com que nos brinda quando está bem disposta! É impressionante como com apenas 4 meses os bebés compreendem tão bem as coisas e mesmo sem falar conseguem fazer passar a sua mensagem. Já os adultos parece que deixaram de perceber que existem outras formas de expressão para além da fala e por isso, tantas e tantas vezes, deixam de estar atentos a outros sinais que valem muito mais do que palavras, como um suspiro, um olhar, um sorriso ou levantar da sobrancelha. A nossa cara fala sem querermos e muitas vezes podemos perceber como o outro se sente se nos detivermos por uns momentos nas suas expressões faciais. A Maria tem uma grande expressividade facial e é através dela que muitas vezes percebo o que sente: espanto, alergia, tristeza (ai aquele beicinho) ou até manha.
Não sei se será o meu último post neste blog, vou fazer para que não seja, mas devo dizer que grande parte da sua missão foi cumprida: permitir-me nestes 4 meses partilhar para quem quer que fosse, as aventuras deste início de caminhada, que por vezes se revela muito solitária, que é ser mãe.
Se antes não era disciplinada com algumas metas a que me propunha, agora a disciplina está inerente à condição de mãe e por isso acho que vou conseguir manter este blog, de qualquer modo, caso não consiga, aqui fica um até já repleto de um enorme prazer que foi escrever para quem me quis ler durante estes meses.
Um beijinho meu e da Maria

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Primeira papa

Já lá vai algum tempo desde o meu último post, não por falta de tema mas por falta de tempo e receio bem que vá piorar daqui para a frente.
As mudanças têm sido mais que muitas e fica difícil acompanhar o ritmo da Maria (faço ideia quando ela começar a falar e a andar).
Ontem a Maria comeu a primeira papa. Depois da consulta no pediatra fomos directos à Farmácia comprar a papa (sem gluten para bebés com menos de 6 meses). Fizemos um ritual complexo e demorado enquanto a Maria berrava com fome, com muitos salpicos e nódoas à mistura. Resultado: imensa loiça suja tudo apenas para dar uma papa à Maria, que comeu tudo! Correu lindamente. Ela estava cheia de fome e chorava de cada vez que a colher não estava cheia!!! Claro que pôs a mãozinha para ajudar a empurrar e ficou toda peganhenta!
Tirámos cerca de 100 fotografias para registar o momento, mas não há nada que substitua a alegria de presenciar mais uma etapa avançada no crescimento de um ser humano.
A estranheza em relação à papa foi superada pela necessidade de comer e cada vez me convenço mais de que é assim que tudo avança na vida. Perante as verdadeiras necessidades a adaptação do ser humano é infinita e então de um ser humano bebé nem se fala!
São as adversidades que nos fazem evoluir e é perante situações novas que nos desenvolvemos. É nessa capacidade imprevisível e inesgotável de adaptação que devemos centrar a nossa atenção e depositar a nossa confiança. Somos capazes de muito mais do que imaginamos e olhar para a forma como um bebé luta minuto a minuto para se desenvolver é revigorante. Lembra-nos que por maiores que pareçam as dificuldades nós conseguiremos sempre, mas sempre superá-las!

domingo, 5 de junho de 2011

Dia de mudança

Hoje é dia de eleições, dia de grandes decisões, dia de mudança! Pois também parece ter sido um dia de mudança para a Maria.
Fomos almoçar com os avós a Belém e a Maria não pregou olho durante o almoço todo. Depois durante um pequeno passeio pelo jardim lá dormitou, mas não mais do que 45 minutos. Pensei para mim que mal chegasse a casa, adormeceria ferrada depois de comer. Estava redondamente enganada. Primeiro deu umas belas gargalhadas com as macacadas do pai, o que foi inédito pois nunca ela tinha rido tanto e com tantas gargalhadas como hoje. Depois esteve a palrar e nada de sinais de sono. Pu-la na cama dela e os olhos diziam: "Brinca comigo, ainda não quero dormir"! Não queria nada com o sono e só depois de insistir um pouco é que me apercebi: ela está a crescer e por isso vai ficando mais tempo acordada, vai querendo mais atenção, interage muito mais e queixa-se quando se sente entediada.
É engraçado que estas mudanças são muito subtis. Não vêm nos livros e nem sempre são fáceis de perceber. Parece que do nada surge um click na nossa mente e aí tudo faz mais sentido: ela está a mudar... É uma constatação inevitável que deixa antever o que é ser pai e mãe. As realidades mudam todos os dias e a compreensão de que a nossa filha é, cada dia que passa menos bebé, menos vulnerável, menos dependente é uma tarefa árdua e difícil de assimilar. Mais uma vez tiro o chapéu aos que já são pais há mais tempo, em especial aos meus, por terem sempre tentado dar-me o meu espaço em cada mudança que ocorreu na minha vida. Nem sempre resultou logo, mas a tentativa vale como esforço de ver partir sem poder ir atrás para a travar!

terça-feira, 31 de maio de 2011

Cagada na estrada!

No Domingo fomos com a Maria ver o bisavô e os primos a Coruche. Depois de um belo almoço, passeámos um pouco no campo, fomos ver os cavalos e as vacas e respirar o ar puro da charneca que aquecia ao sol depois de uma grande chuvada.
A Maria estranhou um pouco a casa e o barulho, mas logo se descontraiu depois do passeio, só que com toda a agitação daquele dia não conseguiu dormir nada, comeu mal e não fez cocó, eu bem sabia que ela se ia ressentir. Depois das visitas todas lá mamou e quando estava para adormecer chegou a hora de voltarmos para Lisboa. Carrega o carro do avô, põe o carrinho de bebé, aperta os cintos, e a Maria começa a protestar... queria sossego e ainda tinha que fazer uma viagem de uma hora para poder finalmente chegar à sua casinha, tomar um bom banho e deitar-se na sua caminha que ela tanto gosta. Começaram as cólicas e ela sentada no ovo estava tão incomodada que só acalmou depois de fazer cocó em plena viagem. "Ai, Rita, não te cheira mal?" perguntava a minha mãe. Mal eu olho para o lado estava a Maria com o ar mais feliz e aliviado do mundo, toda ela rodeada de cocó. Acho que ela sorriu quando percebeu o que tinha feito! O carro do avô foi estreado com a primeira cagada da Maria em plena estrada nacional. É claro que tivemos que encostar para trocar a fralda e limpar toda aquela porcaria, enquanto a Maria gozava o prato com um sorriso na cara!
Gostava de saber o que ela pensou quando nos viu aflitos a limpar aquela trapalhada toda, deve ter pensado: "Para quê tanta agitação por causa de merda?". Era bom que pensássemos assim de vez em quando, sobretudo quando parecemos baratas tontas a andar sem direcção e por causa de quê... merda. Não vale a pena!

terça-feira, 24 de maio de 2011

Dormir...

Hoje decidi escrever sobre algumas coisas úteis que me ajudaram com a Maria e que podem vir a ajudar outras mães e bebés, nomeadamente sobre dormir! Sim, porque hoje nem acreditei quando tocou o despertador... só queria voltar-me para o lado e voltar a adormecer, afinal tinha acordado duas horas antes para dar de mamar, mas era preciso acordar a Maria.
O sono de um bebé não é fácil de compreender mas salta à vista a sua importância para o seu bom crescimento e desenvolvimento. No início a Maria dormia o que queria e quando queria, de forma pouco regulada, e eu ia vivendo nos seus horários. Quando ela começou a ganhar peso e a crescer, eu comecei a ler sobre o sono do bebé e sobre como poderia regular (mais ou menos) os seus sonos sem interferir com o crescimento e a saúde da Maria. Há muitas coisas na net sobre o sono dos bebés e acho que li quase de tudo, mas devo dizer que os artigos e o livro do Dr. Mário Cordeiro ajudaram bastante e também, sem seguir à risca, o "Livro do Bebé Feliz" de Gina Ford. Este último livro tem horários muito rigorosos e demasiadas rotinas que nos impedem de fazer outras coisas com o nosso bebé, como passear, sair com amigos, jantar com a família etc, tudo com o intuito de conseguir fazer com que o bebé durma a noite toda. No entanto, acabei por utilizar alguns dos seus princípios, não para que a Maria começasse a dormir a noite toda (o que ainda não acontece) mas para eu poder ter a percepção de quando ela precisa de dormir e quando precisa de estar acordada e brincar.
A Maria dorme 3 sestas por dia (isto quando passamos o dia em casa): a sesta da manhã, a sesta da hora do almoço e a sesta da tarde. Nenhuma destas sestas poderia ter sido instituída sem uma regra de ouro: ter uma hora de deitar e acordar definidas. Pois é, apesar de estar em casa há mais de 3 meses, ponho despertador todos os dias para acordar a Maria entre as 8h00 e as 8h30, e a partir daí o dia dela e o meu começam ao mesmo tempo. No final do dia o ritual deve ser mantido o mais possível, apesar de haver excepções em algumas ocasiões especiais. Agora é a Maria que já nos lembra da hora do banho! É o momento do dia que ela gosta mais e quando começa a tardar ela começar a dar conta disso e fica rabugenta. Depois do banho (o mais tardar às 20h00) é hora de mamar e depois dormir. Também ao deitar há um ritual. Primeiro apago as luzes e depois com ela ao colo agradeço o dia e as coisas boas e peço pela nossa família, depois canto-lhe uma canção (sempre a mesma) e deito-a na sua caminha e no seu quarto. Ela suspira fundo e adormece tranquilamente... pelo menos é o que parece!
Apesar destas interferências da minha parte no sono da Maria, o que interessa é que ela acorda sempre com um sorriso rasgado e já muitos o testemunharam! É um bebé feliz e eu sou uma mãe cujo tempo fica mais fácil de gerir e, assim também, o cansaço e a boa disposição. Não sei se resulta com outros bebés, mas com a minha resultou em cheio! :D

quarta-feira, 18 de maio de 2011

3 meses

A Maria faz 3 meses hoje e pela primeira vez na vida teve febre! Lembro-me que quando ela nasceu, aquilo que mais me afligia era não perceber quando a minha filha tivesse febre. Devo dizer que foi muito fácil detectar a febre e bastou ouvi-la chorar para me aperceber logo que ela não estava nos seus dias. A Maria tinha acordado sem o sorriso habitual e com um choro muito diferente do que costumo ouvir. Quando peguei nela estava murchita, com um olhar longe e muito quente nas fontes. Lá fui buscar o termómetro e confirmava-se: a temperatura era de 37,5º debaixo do braço! Mas que bela forma de comemorar os 3 meses!!!
Três meses... é tempo para fazer um balanço e devo dizer que durante estes meses tem sido fascinante observar a evolução da Maria! É fascinante perceber-me das suas tentativas de ordenar os seus braços e pernas para se mexerem na direcção certa, de deitar a língua para fora, de desesperadamente emitir um som ou apanhar a chucha com a boca. São momentos únicos que marcam as importantes conquistas na caminhada de um bebé em direcção à sua autonomia!
Hoje posso dizer que os primeiros dias são difíceis, que a depressão pós parto existe nesses dias e que se chora sem razão, mas existem momentos ao longo dos 3 meses em que voltamos ao andar debaixo: começamos a ficar cansadas da rotina desrotinada do dia a dia de um bebé que já começa a querer brincar e socializar, que chora quando está entediado e que já não passa o dia inteiro a dormir. Continuamos a persistir, o pai começa a trabalhar e ficamos mais sozinhas. Estamos cansadas, ainda não dormimos a noite toda e tudo fazemos para não acordar quem dorme ao nosso lado e tem que trabalhar no dia seguinte. Mas nestes 3 meses o nosso bebé cresceu e como! Já se exprime, já tem gostos e desgostos, já nos reconhece ao longe, já tem manias e jeitos de uma personalidade muito vincada. Tudo isso exige muito de nós e mais não é do que o começo de uma longa caminhada cada vez mais exigente e, acima de tudo, cada vez mais gratificante!
Quando estas constatações começam a tomar conta de nós, é preciso recuperar ou melhorar um sentimento muito importante: a auto-confiança! A mãe sabe melhor do que ninguém o que tem o seu filho, é instinto e é fruto de uma aproximação única entre ela e o bebé que mais ninguém tem, ou pelo menos não devia ter. Foi isso mesmo que alguém hoje, durante a aula de ginástica, me disse: "tens que ter mais confiança em ti e deixar se ser escrava das balanças, das opiniões e das teorias. Bolas, tu é que és a mãe dela, tu sabes melhor!".
Conclusão, é claro que devemos ouvir outros sobretudo os profissionais de saúde, as outras mães, os nossos próprios pais, mas quando houver indecisão confiemos mais nos nossos instintos maternos, pois duvido que algum dia estejam errados.
Para finalizar este post não posso deixar de voltar a recomendar às mães e futuras mães o Centro Pré e Pós Parto em Entrecampos. E se estiver a custar ir à primeira aula ou ir lá para fazer inscrição pensem que vão dissipar imensas dúvidas e ganhar imensa auto-confiança. Hoje acabei por ter uma aula de ginástica pós parto parca em exercícios mas farta em partilhas. Posso não ter transpirado toxinas mas acreditem que transpirei muitos diabretes que andavam a zumbir aos meus ouvidos nos últimos dias!

domingo, 8 de maio de 2011

Cheira a mãe...

Todos nós reconhecemos o cheiro da nossa mãe. Mesmo já adultos, mesmo já fora de casa dos pais, todos nós guardamos na memória os aromas de perfumes, da pele, da almofada, do cabelo, do creme ou do champô que a nossa mãe usou ou usa.
O olfacto é talvez o sentido que nos permite avivar melhor a memória, fazendo-nos recuar em corpo e espírito a lugares, épocas e momentos que nos surgem tanto mais nítidos quanto mais intenso é o aroma que nos faz viajar pelas recordações.
Ontem tive a prova de que é desde pequeninos que começamos a desenvolver essa capacidade. De facto os bebés vão desenvolvendo os seus sentidos com o tempo, mas sem dúvida que o mais apurado de todos à nascença, é o olfacto. É através do olfacto que os bebés reconhecem o seu porto seguro.
A Maria ia ficar em casa dos meus porque nós tínhamos não 1 mas 2 casamentos! Deixámos tudo preparado: muda de roupa, fraldas, chucha, toalha para o banho, etc. mas a Maria percebeu o que se ia passar e assim que a minha mãe se preparou para a deitar ela desatou a chorar. E que choro... parecia que tinha desabado o mundo! Então tirei a minha camisa e dei-a à minha mãe para que pusesse ao pé da Maria. Foi instantâneo... o choro parou, ela acalmou e adormeceu.
Inacreditável pensei! Mas depois, vendo bem as coisas, não há nada mais natural do que isto. Afinal sempre soube bem e ainda sei qual é a almofada da minha mãe, tantas foram as vezes que durante a noite só me conseguia acalmar com ela. E por mais que me peçam para descrever o cheiro daquela almofada, nunca terei as palavras exactas para o fazer. Apenas posso dizer: "cheira a mãe", e estou certa que basta para todos percebem exactamente o que quero dizer!

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Percentis, pesos e medidas!

Fomos pesar a Maria ao pediatra e o comentário de alguém que lá estava foi: "pois não engordou muito... mas grão a grão enche a galinha o papo"!
A Maria tinha vindo a engordar pouco (desde há 3 semanas para cá), mas continua com a mesma vivacidade de sempre (ou até mais), a crescer em comprimento e em esperteza, só que muito levezinha...
Após 2 meses e meio de amamentação em exclusivo o pediatra disse para começarmos a dar um suplemento, mas com muita lisura porque ela está saudável. Voltei para casa com uma lata de leite em pó e com um novo desafio pela frente: dar o biberão de suplemento sem deixar de amamentar.
Comecei a ler sobre pesos e medidas, sobre percentis e suplementos de leite adaptado, e quanto mais informação encontrava mais insegura ficava. Para além disso, as razões do pouco peso da Maria pareciam ser sobejamente conhecidas pelo senso comum de todas as pessoas e só eu é que não via. Uns diziam: "deve ser o leite que está mais fraco", outros "passa para o leite artificial de vez, ao menos tens a certeza do que ela come", outros ainda "deves dar primeiro o biberão e depois o peito". Demasiadas opiniões que em vez de acrescentarem valor apenas acrescentaram confusão na minha cabeça.
Depois os sites e os artigos científicos na internet: "é de ter em atenção que a hormona que permite a saída do leite fica inibida com o stresse", "a ansiedade da mãe transmite-se para o bebé". Ora, só de pensar que não me posso enervar faz-me logo ficar irritada!
A acrescer a tudo isto a importância dos percentis, que deve ser relativa e indicativa, mas que acaba sempre por ser um fantasma com o qual os pais não sabem lidar ao início. Aquela linha curva que combina peso e idade, na segunda página do livrinho cor-de-rosa da Maria dizia-me que ela estava no percentil 25, ou seja abaixo de percentil 50. "Bolas, será que ela só está a engordar 25% do que devia?" pensava eu.
Finalmente, a cereja no topo deste bolo recheado de dúvidas e ansiedades: hoje a Maria resolveu mostrar o seu "geniozinho" e ficou uma hora a chorar ininterruptamente porque o pai lhe estava a tentar dar o biberão. Ambos pensámos: "ela há-de ficar cansada de tanto chorar e a fome vai acabar por vencer", mas não. Acabei por lhe dar o peito e ela comeu muito bem, sem adormecer, e no final sorriu com uma expressão de vitória estampada no rosto. MARIA 1 - PAIS 0!
Não quero continuar este braço de ferro. O que interessa é que ela coma e se mantenha saudável. Se não atingir o percentil x ou y não interessa, desde que se mantenha saudável. Hão de vir os tempos em que os braços de ferro terão que persistir e para esses vou ter que me forrar de força, porque a julgar pelo dia de hoje, custa muito ganhar aos filhos, sobretudo quando sabemos que lhes custa!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Feliz dia da Mãe!

http://youtu.be/suZ4IYVLZbU

No dia de hoje faltam-me as palavras por isso deixo apenas uma oração cantada, composta por uma melodia maravilhosa, em homenagem a todas as mães e à Mãe de toda a humanidade. É só fechar os olhos e deixar-se levar.

Feliz dia da Mãe!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

A pica dói... se dói!

Hoje a Maria foi levar as vacinas dos dois meses. Fomos inscrevê-la ao Centro de Saúde da nossa freguesia e esperámos que a Sra. Enfermeira chamasse pelo nome da Maria. Eu já estava a sofrer por antecipação ainda nem tínhamos entrado.
Disseram-me para pegar nela como se lhe fosse dar de mamar e para lhe segurar na perninha. Logo aí a Maria estranhou. Aliás, parecia estar a adivinhar, pois assim que lhe passaram o algodão na perna ela olhou de lado e depois para mim como se quisesse perguntar: "o que me vai acontecer?" e a seguir foi a pica. As lágrimas gordas começaram a cair, ela olhava para mim incrédula: "como pudeste deixar que me fizessem isto?", e eu a pensar que queria estar no lugar dela para não ser ela a sentir aquela dor.
Sempre me disseram que nos dói mais a nós do que a eles, mas nunca o tinha sentido e foi apenas uma vacina! Faço ideia do que sentiram os nossos pais e avós quando passámos por situações difíceis e dolorosas na vida.
O sentimento de impotência dá lugar à vontade de querer estar no lugar dela para a livrar daquela dor, por mais pequena que seja. Quer se trate de uma dor de barriga ou de uma dor do coração, daqueles que permanecem durante muitos dias e que não passam com massagens ou miminhos.
O problema é que na vida nada se consegue de verdade sem sacrifício. Deus não prometeu a Facilidade mas a Felicidade. E agora como decidir?! Que grande dilema este que os pais enfrentam: por um lado querem proteger os filhos de todas as dores, mas por outro sabem que se eles não passarem por elas, nunca conseguirão ser felizes de verdade.
É uma dualidade de sentimentos difícil de gerir, saber que lhe vai doer muito, mas que é para o bem dela. E hoje foi apenas uma vacina...

quarta-feira, 20 de abril de 2011

O tempo voa: 2 meses!

A Maria já fez 2 meses! Como o tempo voa! Já está a palrar e fica muito enervada quando não se consegue expressar. Faz um esforço enorme e lá deixa escapar um ah! e depois uma gargalhada.
As manhãs passadas à conversa são cada vez mais preenchidas, pois a vontade de socializar é cada vez maior. É impressionante a capacidade de aprendizagem de um bebé!
Agora o desafio é conseguir que ela pegue no biberão. Dizem que a memória dos bebés nesta fase é curta, mas sempre que ela vê o biberão começa a chorar. Deve ser porque se lembra das vezes em que se engasga. Não sei que mais tentar... O objectivo é que até ao dia 7 de Maio ela consiga beber o meu leite através de biberão, para que eu possa ir a dois casamentos sem a preocupação de a ter que levar. Mas sem biberão não há diversão (pelo menos até muito tarde)!
Atingidos os 2 meses uma série de novas preocupações começam: as vacinas e as reacções às vacinas, as cólicas cada vez mais fortes, a passagem para o quarto dela, a transição do leite materno para o leite artificial... pois, esta última é porque vou começar a trabalhar em breve... Já tinha dito que o tempo voa? Estou a repetir-me, mas é mesmo essa a minha grande preocupação neste momento. É que já passou mais de metade do tempo que tenho para a Maria em exclusivo, e soube a muito pouco. Agora a contagem já é decrescente! Ela é tão pequenina, e muda tanto em cada dia que tenho medo de perder os pequenos momentos da mudança, das tentativas falhadas e das tentativas conseguidas. Quero poder estar presente nas suas conquistas e ampará-la nas derrotas, mas a trabalhar parece impossível. Algum dia ia ter que recomeçar, porém não é fácil constatar que a maior parte do dia será passada com outra pessoa que não eu. Vou pensar que tudo não passa de uma forma de organização do tempo que voa! Já o tinha dito?

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Simplificar

A Maria passou o primeiro fim de semana fora de casa! Na 5ª feira eu já tinha o complicómetro ligado e tiveram que ser os meus pais a contar-me alguns episódios da minha infância para me convencerem que mais vale simplificar.
Combinámos ir rumo a São Martinho do Porto para a nossa casa de praia. Uma casa mesmo em frente à praia! Que bom! E é realmente um privilégio ter uma casa ali, mas é uma casa com 100 anos e que precisa de algumas (vá algumas é pouco) obras! O cheiro a mofo tão característico, a banheira antiga na casa de banho que verte água, o chuveiro com água muito quente ou muito fria, as janelas de madeira cheias de frestas, etc. Tudo isso nunca me incomodou, mas de repente começou-me a fazer um pouco de espécie quando planeei ir com a minha filha para lá. "Não há condições!"... pensei. Além disso lá não temos berço, não há banheira para ela, nem muda fraldas, nem tão pouco há aquecimento central para garantir que a temperatura do quarto fica amena. É evidente que os meus pais acabaram por me dizer que no meu tempo, tinha eu a idade da Maria, eu dormia numa gaveta forrada com mantinhas e viajava no carro sem cadeirinha, e ia de tal maneira solta que uma vez fui parar ao chão com uma travagem!
Depois de algumas histórias destas resolvi deixar o complicómetro em Lisboa e levar na bagagem apenas o essencial: simplicidade e boa disposição! Devo dizer que o fim de semana correu muito bem, apesar de algumas cólicas que não deixaram a Maria gozar mais e melhor o ar do mar. A Maria dormiu na cama da minha irmã, forrada de mantinhas e almofadas, tomou banho no lavatório e mudou as fraldas no sofá. Vale a pena simplificar!
Olho para a minha geração e para as gerações a seguir e acho que hoje em dia, simplificar, acaba por ser uma tarefa quase impossível. É que, apesar da tão afamada crise, vivemos com muitas coisas, aliás com coisas a mais, de tal maneira que já não sabemos simplificar. No fundo, desaprendemos a saber viver com pouco, a viver na simplicidade e ter que improvisar de vez em quando. Mas quando conseguimos simplificar e usar apenas o essencial, a vida sabe muito melhor.
É esse o espírito que quero passar à minha filha: que ela aprenda e nunca desaprenda a saber viver com pouco, pois só assim saberá o que é verdadeiramente essencial na vida!
Próximo fim de semana: São Pedro do Sul (e o complicómetro fica cá!).

sexta-feira, 8 de abril de 2011

A salinha dos bebés

Comecei o exercício físico de recuperação pós-parto. Inscrevi-me nas aulas de recuperação do Centro Pré e Pós Parto (que desde já recomendo vivamente) e agora faço exercício 3 vezes por semana, coisa que já não acontecia desde os tempos da faculdade!
Podia ser um ginásio qualquer e não ter nada de especial que me desse motivação para escrever aqui, mas a realidade é que é um espaço muito especial feito a pensar nas mamãs recentes.
As aulas têm exercícios específicos para a barriguita, totalmente diferentes dos tradicionais abdominais a que estamos habituadas e que tanto custam a fazer. Existe um acompanhamento mensal com avaliações físicas e o melhor de tudo é que as alunas estão todas na mesma situação! Por isso não há espaço para sentir aqueles complexos de quem recomeça a fazer exercício físico depois de muito tempo parada e veste t-shirts largas e camisolas para as primeiras aulas para não deixar à mostra as "banhas", enquanto a colega do lado, toda ela fitness, tem um corpo quase perfeito, já sabe todos os esquemas e faz todos os exercícios com o peso máximo! Ali somos todas iguais, passamos todas pelo mesmo, somos todas solidárias.
A mensalidade que se paga (75€) dá acesso às aulas e também a inúmeros workshops sobre temas que interessam a todas as mamãs.
Mas o melhor é o cantinho onde a magia acontece: "A salinha dos bebés".
Como o nome indica é uma salinha com acesso reservado a bebés e a duas enfermeiras que tomam conta deles durante as aulas. É uma sala com acesso a um jardim interior, onde não podemos fazer barulho e devemos entrar com "pezinhos de lã". À entrada ficam "estacionados" as cadeiras auto onde alguns bebés dormem e o resto da sala é forrada de mantas e almofadas espalhadas pelo chão.
Deixei a Maria às 14h45 e fui-me equipar para a aula. A enfermeira perguntou-me se tinha algum brinquedo que ela gostasse ou alguma dica para a acalmar caso chorasse. Eu deixei-lhe a chucha e disse que ela era calminha e não iria chorar pois já tinha comido e o mais provável era adormecer. Durante a aula aguentei-me para não ir lá espreitar! No final quando me cheguei à porta procurei com os olhos pela Maria... Não estava na cadeirinha! Pensei logo: "Para onde a levaram?". Rapidamente os meus olhos pousaram sobre o mar de almofadas onde a Maria estava refastelada, ao lado da Beatriz e do André (um bocadinho mais velhos). Não conversavam, não choravam, nem dormiam. Estavam os três nos seus pensamentos de bebés a observar tudo à sua volta, tão tranquilos no quentinho daqueles ninhos de mantas e almofadas. É mágica a salinha dos bebés porque faz magia em nós. No final da aula, depois de uma hora de esforço para recuperar a forma e o peso que tínhamos antes do nosso corpo se transformar numa incubadora durante 9 meses, poder parar e contemplar aqueles pequeninos que começam agora a descobrir o mundo cá fora dá-nos uma sensação de paz e de felicidade que é mágica! Quem dera que todos pudéssemos ver uma salinha de bebés para absorver aquela fragilidade que nos cala no meio do stress do dia a dia e que nos faz ver o verdadeiro sentido da vida: a entrega total para que um ser mais frágil do que nós possa vingar!

domingo, 3 de abril de 2011

Rotinas sim, rotineira não!

Estou a ler um livro sobre criar rotinas no bebé. Parece uma tarefa impossível e ao mesmo tempo revela-se tão necessária para a nossa sanidade física e mental! Depois de um mês e meio a não dormir a noite toda, a almoçar e jantar quando calha e tomar banho naquela hora em que ela dorme, mas que varia todos os dias... chegou a hora de dizer basta! É preciso começar a criar rotinas na Maria e hábitos de sono para que ela aprenda a adormecer sozinha na sua cama sem a ajuda do embalo do colo, para que comece a ter noção do dia e da noite, e dos momentos para brincar e para comer.
Constato isto porque que todos precisamos de rotinas na nossa vida, é inevitável! Mas tambéms todos sabemos o quão monótono e cansativo elas podem ser.
Quantas vezes nos queixamos: da rotina "Casa-trabalho, trabalho-casa", das refeições programadas, do dia para ir ao supermercado, dos fins de semana preenchidos com programas em família que já não sabem a nada, até da missa de Domingo! São tudo exemplos de situações que já não conseguimos apreciar porque (achamos nós) caíram numa rotina. Depois, para combater esse desgaste ansiamos por férias, para quebrar a tão mal afamada rotina, mas todos nos lembramos dos tempos de escola em que no final das férias já sentíamos a ansiedade do regresso às aulas, aquela vontade de comprar cadernos e estojos novos, de actualizar as fotografias coladas no dossier, de saber os horários e as disciplinas... no fundo a necessidade de voltar a entrar numa rotina.
Acho mesmo que ninguém consegue viver bem durante muito tempo sem criar rotinas porque são fundamentais para a optimização do nosso tempo.
Por essa razão, não são as rotinas que tornam os nossos dias enfadonhos e sem graça. Não são as rotinas que nos desgastam e nos fazem cansar da vida que levamos. Antes, é a nossa capacidade, ou a falta dela, em tornarmos os vários momentos do nosso dia únicos e especiais. A tentação é de seguir o caminho mais fácil e tornarmo-nos pessoas rotineiras. Assim, somos muitas vezes rotineiros em várias situações da nossa vida, desde a ida para o trabalho até à missa de Domingo. O segredo, penso, está em impedir que nos tornemos rotineiros e isso só é possível com uma atitude de agradecimento constante por cada dia que nos é dado viver. Sim, porque os dias são-nos dados. Não são conquistados por nós, nem ganhos com base no mérito ou na sorte, são-nos dados! Ao ter presente esta realidade, fica muito mais fácil saborear cada momento do dia ainda que dentro da nossa rotina, e torná-lo diferente do dia anterior e do dia seguinte, porque se torna único!
Carpe Diem!

domingo, 27 de março de 2011

Espreguiçar

Sempre ouvi dizer que nunca se deve interromper alguém quando se está a espreguiçar, muito menos um bebé. O que é engraçado é que eu nunca tinha acordado todos os dias com um bebé em casa e não sabia que os bebés desde os primeiros dias de vida também se espreguiçam. Quer dizer, ainda estão a aprender a viver neste mundo mas já sabem como é bom espreguiçar-se depois de uma boa soneca. A sensação de esticar tudo... como é bom sentir cada músculo, cada bocadinho do nosso corpo. E como é delicioso ficar a olhar para a Maria e vê-la a espreguiçar-se quando acorda. É um momento único olhar para ela e perceber que aquela caganita tem que esticar cada ossinho do seu corpo antes de abrir os olhos.
É um mistério o que se passa na mente de um bebé, até porque ninguém tem memória dos primeiros anos de vida, mas deve ser tão difícil cada dia, cada injecção de informação nova que vai ter que ser processada, os barulhos, as cores, as pessoas...

O espreguiçar-se é algo que parece de gente grande e, no entanto, já está incutido naquele pequeno ser humano com apenas 1 mês de vida. Quem é que lhe ensinou?

A Natureza é realmente perfeita!

terça-feira, 22 de março de 2011

Lagarta da couve

Tenho uma lagarta da couve em casa que se chama Maria! Agora que já se acha muito crescida resolve empinar-se toda e esticar as costas e o pescoço para segurar a cabeça muito direitinha e ficar a ouvir as nossas conversas. Sempre que a ponho a arrotar lá fica ela muito direita com a cabeça levantada e os olhos bem abertos, como se estivesse a perceber tudo o que está a ouvir e ainda tivesse uma palavra a dizer.
É como quando a estamos a vestir e a deitamos de barriga para baixo. Ela logo resolve levantar a cabeça e dar um ar da sua graça, como se fosse uma tartaruga que lentamente sai da casca.

Qualquer dia a lagarta da couve ganha asas e aí é que vão ser elas.

Como diz o provérbio: "Filhos criados, dobro dos cuidados". Quando crescem é que dão mais preocupações pois a vontade deles deixa de ser nossa... Ganham asas e é preciso deixar voar, mesmo com o risco de caírem.

Pode soar a clichet, mas não deixa de ser verdade, agora dou por mim a pensar muito mais no papel dos meus pais e no quão dificil deve ter sido para eles deixarem-me voar...

domingo, 20 de março de 2011

1 mês

A Maria completou o seu primeiro mês de vida na passada 6ª feira e deixou de ser oficialmente um bebé recém nascido!
Já não veste o tamanho zero, já não usa as fraldas "especial maternidade", já passa mais tempo acordada e já nos segue com o olhar!
O tempo voa... O dia do parto já vai longe, as dores do pós-parto também e as complicações da amamentação já não fazem parte do nosso dia a dia, porque olhar para ela e perceber que está a crescer e que eu estou a contribuir para isso é maravilhoso! Como se diz no campo, está a "medrar", ou seja está a crescer.
Começa uma nova fase! Já a sinto mais pesada, mais robusta e já não tenho a sensação de que se vai partir quando a pego ao colo.
Como estimulá-la para interagir connosco, como começar a criar rotinas, como entretê-la quando está acordada e há coisas para fazer... são algumas novas situções que começam a surgir e cujas respostas ainda não encontrei.
Uma outra questão que se me colocou foi: "será que é agora que ela vai começar a dormir 6 horas seguidas durante a noite?" Vinha mesmo a calhar, mas não posso depositar expectativas, nem querer impor de forma rígida os meus ritmos ao bebé. É claro que custa acordar de 4h em 4h durante a noite, mas as noites vão passando e o sono vai sendo domado ao longo desta jornada, logo logo já vai estar a dormir de seguida.
Ao fim de 1 mês posso dizer com certeza que o balanço é muito positivo com tendência a melhorar bastante!

quarta-feira, 16 de março de 2011

Girls' talk

Os primeiros dias em casa sem o pai passaram a voar!
Para não deixar a ansiedade tomar conta de mim comecei devagarinho a mentalizar-me "um dia de cada vez... um dia de cada vez..." e deu resultado. As noites também são mais solitárias e menos partilhadas porque o pai tem que dormir para acordar cedo no dia seguinte, mas têm corrido igualmente bem. Custa um bocadinho mais a acordar e a não acender as luzes, mas logo desperto e depois, no silêncio da noite, ela adormece logo a seguir a comer o que tem sido óptimo.
A melhor parte tem chegado de manhã. A seguir ao pequeno almoço (normalmente dou de mamar às 8h00) a Maria fica muito desperta e nessa altura a magia acontece! Conversamos muito as duas, conversa de raparigas! Ficamos a olhar uma para a outra e tenho a nítida sensação que a cada manhã que passa ela vai evoluindo, vai ficando mais atenta, mais observadora e acho que me vai conhecendo e reconhecendo. Hoje sorriu para mim! Tenho a certeza que foi um sorriso enquanto conversávamos. Soube tão bem!!!
A cada dia ela vai definindo a sua maneira de ser, o seu choro vai sendo mais fácil de distinguir, e a necessidade de comunicar vai sendo maior. A aventura só agora começou mas vai sendo melhor a cada dia que passa!

domingo, 13 de março de 2011

Primeiro evento social

Hoje foi um dia cheio. O almoço de aniversário da minha irmã, em família e em Coruche, com muita gente desejosa por conhecer a pequenina Maria. Confesso que antes de sair de casa estava um pouco receosa de como correria o dia, com todos a querem mexer, tocar, pegar...
A logistica de manhã para sair de casa já não foi fácil: Fazer o saco dela com fraldas, muda de roupa, toalhitas, resguardo, etc, levar o carrinho, a alcofa e a almofada de amamentação, etc... e isto só para passar o dia! Faço ideia quando formos passar uma semana a algum lado!
Quando chegámos a Coruche, tínhamos toda a gente à nossa espera e eu logo a ficar impaciente e a pensar que ela ia ficar agitada de passar de colo em colo e depois já não ia passar bem a noite. Acabou por ser um dia em família, muito divertido e a Maria não se ressentiu nada. Foi apertada e beijada por todos, e agora está aqui a dormir como um anjinho ao colo do pai (que também dorme porque amanhã recomeça a trabalhar) e o dia acabou por correr lindamente!
Foi mais uma prova superada com a ajuda e o bom senso de todos!

sexta-feira, 11 de março de 2011

Música para adormecer

http://www.youtube.com/watch?v=7sRlylWy1SE&feature=related

Funcionava com a minha irmã e agora também... A Maria adora :)

Fábrica de leite em risco de fechar

Parece uma manchete de um jornal sobre uma fábrica no norte do país mas não é. É a realidade vivida na 3ª semana de vida da Maria.
Amamentar não é fácil e é preciso muita determinação e algum sacrifício para vingar. As causas que podem prejudicar este caminho são várias mas aqui deixo as que se passaram comigo: Fissuras e depois mastite.
É preciso estar atenta aos sintomas pois a mastite é mesmo de evitar! Começa por ser um ligeiro incómodo no mamilo quando se está a amamentar, principalmente quando o bebé pega. A partir do momento em que se abre uma fissura o peito fica exposto a inúmeras bactérias. Depois dizem-nos para não tapar o mamilo, mas ficar em casa o dia todo e andar com as mamocas ao léu até que a fissura cicatrize não é propriamente o tratamento mais prático que existe. Enfim, isto para dizer que logo à menor impressão deve vigiar-se muito bem a fissura e usar um bom creme regenerador. Passando a publicidade (mas porque a posso fazer no meu blog) aqui fica o creme que usei e que é bastante eficaz: Regenerador de mamilos da marca AVEIA.
Quanto à mastite dá dores horríveis, causa vermelhidão no peito e é motivo para se ligar logo ao obstetra! Não se pode deixar que as dores impeçam a amamentação. Custa, mas se for suportável (e há dores piores que estas) vale a pena insistir para continuar a amamentar.

A fábica de leite está em risco de fechar, mas creio que vai resistir à crise e manter-se em funcionamento pelo menos até aos 3 meses! :)

terça-feira, 8 de março de 2011

A fábrica de leite

Podia ser uma metáfora em relação ao filme "Charlie e a fábrica de chocolate"... mas não é!
Aliás, é um desafio manter esta fábrica de leite, um desafio para um bem maior pois não há melhor alimento para o bebé do que o leite materno.
Vezes sem conta me avisaram sobre o dificil que era persistir na amamentação, pois nos dias que correm é enorme a oferta de leites artificiais e de formas menos dolorosas e cansativas de alimentar o bebé.
No curso de preparação para o parto a enfermeira dizia que não há leite fraco pois o leite materno é produzido à medida do bebé, daí que seja tão importante insistir na amamentação. Depois foi o pediatra, durante a consulta pré-natal, que nos alertou para o desafio de amamentar. Dizia ele "Ritinha vão ser dias dificeis e vai ter que persistir para o bem da sua filha". A enfermeira na sala de partos enquanto o médico se preparava, perguntou-me: "Vai querer amamentar?", ao que eu respondi acertivamente "Mas que raio de pergunta. É claro que vou! Isso nem se devia perguntar.". Finalmente o obstetra no dia em que me deu alta dizia "Quero que saia daqui a saber tudo sobre dar de mamar".
Pois bem, agora todos estes avisos e conselhos fazem mais sentido do que nunca.
Sou uma autêntica fábrica de leite em que a oferta é regulada literalmente pela procura. Quanto mais amamento mais produzo e se porventura a Maria dorme mais uma hora do que é suposto e não acorda para comer, o stock em excesso acaba por ter que ser "escoado" de uma maneira ou de outra!
A isto acresce que a produção do leite materno é influenciada por uma série de factores externos com os quais não tinha que lidar durante a gravidez. Se antes tinha que ter cuidado com os legumes crus ou com o marisco, agora não há placenta que me valha e que filtre os meus erros alimentares! Tudo o que como acaba no leite que produzo, e quem sofre as consequências é a Maria.
As idas ao frigorífico entre mamadas vão ter que acabar!
É cansativo ter que controlar por mais uns meses a alimentação, mas não me posso dar ao luxo de ver a minha filha chorar com cólicas e dores de barriga porque comi feijoada ao almoço ou porque abusei no chocolate.

Gerir esta fábrica de leite tem muito que se lhe diga! Mas dizem as mães mais experientes que é uma questão de atinar com as rotinas.
Espero conseguir criar a minha!

segunda-feira, 7 de março de 2011

E se eu ficar cansada?

A Maria já tem 18 dias de vida! Hoje dei por mim a pensar se a minha mãe algum dia se cansou de ser mãe. É que a minha filha não é apenas um hóspede, ela veio para ficar! As rotinas, as horas controladas para ela comer, para o banho, para mudar a fralda, tudo isso são novas realidades de uma nova vida que veio para ficar!

E se eu ficar cansada? E se eu me sentir farta das rotinas, das horas, dos minutos contados para ver tv porque depois é preciso fazer isto e aquilo... E se eu me sentir sem forças para ser mãe, para cuidar de outra pessoa com toda a minha entrega e dedicação? Devia mas é pensar em viver um dia de cada vez e deixar os pensamentos futuros para os outros. Pensar no futuro angustia-me.

É nestes momentos que não me canso de pensar nas mães, em todas as mães. Nas mães ao quadrado (avós), nas mães ao cubo (bisavós)! Não me canso de pensar nas mães solteiras, nas mães viúvas ou simplesmente nas mães de muitos filhos. Não me canso de pensar nas mães que não quiseram ser mães e naquelas que querendo não puderam gerar vida nos seus ventres. Não me canso de pensar na mãe de todas as mães: Maria mãe de Jesus, exemplo da força silenciosa que caracteriza a verdadeira mãe - aquela que dá a sua vida e sofre em silêncio sem esperar nada em troca.

É nestes momentos que não me canso de repetir: gratidão, gratidão, gratidão. Agradecer os dons que a Vida me tem dado, as pessoas que tem colocado no meu caminho, as mãos que se têm estendido para me ajudar quando preciso, as janelas que se vão abrindo quando se vão fechando portas. Agradecer e confiar!

E se eu ficar cansada? A resposta é simples, fecho os olhos por uns segundos, agradeço a Deus e recomeço tudo de novo! Ser Mãe é condição para toda a vida...

sábado, 5 de março de 2011

Bebé bolçado, bebé criado!

Mais uma refeição e mais uma vez a Maria adormeceu a mamar. Acontece quase sempre e depois não consegue arrotar. Ontem bolçou pela primeira vez e logo ouvi " bebé bolçado, bebé criado".
É claro que é importante arrotar. É evidente que devemos pôr sempre a arrotar, mas durante quanto tempo? E de madrugada quando os nossos olhos se fecham sem querermos, quanto tempo devemos estar a dar palmadinhas nas costas para ela arrotar?
Bom senso e ditados populares dão-nos algumas pistas para lidarmos com estas pequenas situações de forma serena e saudável.
Os radicalismos e fundamentalismos que hoje nos atingem em excesso, perturbam a evolução normal das coisas na forma como a natureza as concebeu, pois não há forma mais perfeita do que essa!

quarta-feira, 2 de março de 2011

Dúvidas e respostas

Quando nasce um bebé, em especial o primeiro, tudo é novidade e cada decisão, apesar de instintiva, é simultaneamente ponderada, e às vezes em excesso! Claro que devemos ponderar, mas devemos também confiar no nosso instinto e sobretudo devemos falar com quem já passou por isso.


Algumas situações que se passaram e que vale a pena partilhar:


AMAMENTAÇÃO: A Maria teimava em dormir mais do que comer, e nós descansados da vida. "Que bom, ela dorme tanto". "Que descanso". Mas depois de uma pesagem no pediatra rapidamente nos apercebemos que ao ritmo a que a Maria dormia e não comia, perdia peso. Era preciso acordá-la para que ela comesse e começasse a engordar. Lá se foram as três noites bem dormidas, e depois começou a luta para ela mamar. Cada boca a sua sentença. Aproximava-se a hora da mamada e eu, ansiosa que estava, acabava por transmitir o que sentia para a Maria que berrava com fome. Não vale a pena! Parámos, acalmámos, chorámos as duas e voltámos a tentar. Nesse momento valeu-me a linha SOS Amamentação. Falei com uma enfermeira que me descansou bastante e logo serenei. No dia seguinte fui ao Centro Pré e Pós Parto (onde fiz o curso de preparação para o parto) para uma consulta de amamentação com uma enfermeira, na qual vi todas as minhas dúvidas esclarecidas.

Menos uma dúvida para me atormentar o juízo, mais um dia superado!

SOLUÇOS/CHUCHA/CÓLICAS e AFINS: Durante estes primeiros dias é fundamental viver um dia de cada vez (literalmente), pois as dúvidas resolvidas rapidamente dão lugar a novas interrogações que vão surgindo para enublar o nosso pensamento.

Eis que chegou o dia de irmos ao pediatra. Logo nos primeiros 5 minutos vimos a nossa lista de questões respondidas. Dizia o médico: "Oh Ritinha isso é tudo normal. Os recém nascidos têm muitos soluços, espirram muitas vezes, fazem muitas vezes cocó que quase nunca é sólido e é quase sempre amarelo ou esverdeado. Também é normal que ponham a mão na boca pois é um reflexo do que faziam durante a gestação, mas nem sempre é sinal de fome. Deixem-nos chuchar! Eu prefiro que ponham a chucha do que permitam que ela chuche no dedo ou na mão. Por isso se já tem a amamentação implementada pode introduzir a chucha à vontade. Quanto às cólicas são normais e frequentes e passam aos 3 meses de idade, mas por mais que lhe digam que sim, não existe nenhum medicamento totalmente eficaz. Agora têm perguntas?". Nós cruzámos olhares e pensámos "Ufff, estamos a fazer tudo bem!".
Foi mais um dia superado. A Maria engordou mais um bocadinho e nós vimos a nossa autoconfiança reforçada.

Aqui deixo alguns alguns links que podem ser úteis: http://www.sosamamentacao.org.pt/

http://www.preeposparto.com/pages/homepage.php

Durante este período é muito fácil cair na armadilha da insegurança e da ansiedade e, sem darmos conta, estamos a chorar sem razão, com um fardo pesado sobre os ombros que pode ser facilmente transformado numa pluma, basta falarmos com alguém. Posso dizer que a presença constante e incondicional do meu marido ao meu lado me ajudou imenso, mas há coisas que só nós sentimos, por isso é importante falar, perguntar, chorar e não deixar que a dúvidazinha se instale no nosso pensamento e nos vá corroendo.

terça-feira, 1 de março de 2011

A chegada a casa

Eis que chegou o Domingo e tive alta.

Sabia que era tempo de vir para casa com a Maria e que lá não haveria o botão vermelho para chamar a enfermeira ou a auxiliar. Em casa era só eu, o Rui e a Maria. A ansiedade começou...
E agora? O que fazer? Por onde começar?
A noite passou, com poucas horas de sono e muitas dúvidas. Nestes momentos o pai torna-se a âncora, a boia de salvação para nos agarrarmos. Assim passaram 3 dias e 3 noites. As dores limitavam-me os movimentos, e a insegurança toldava-me a capacidade de decidir. Logo percebi que como era fácil entrar num ciclo negativo de pensamentos e emoções.
Como foi importante sair de casa para ir ao pediatra, para ir a casa dos meus pais, para perceber que o mundo não fica confinado à nossa casa onde este pequeno humano se veio instalar para ficar para sempre! Como foi importante rezar e agradecer as pessoas que tenho ao meu lado! Como foi importante pensar nos exemplos que tenho, entre amigos e família, de mães solteiras, viúvas, separadas ou que pura e simplesmente não já não têm os pais ou os sogros disponíveis para ajudar.
Humildade e gratidão, foi nisso que pensei durante estes dias e continuo a pensar, para não deixar que o meu mundo já desarrumado pelo nascimento da Maria, desmorone aos meus pés.

Agora tudo flui com mais naturalidade, a confiança foi reconquistada e os dias passam mais rápido e com mais alegria! Sim, porque depois basta um olhar dela para que tudo se componha novamente.

As primeiras linhas entre as primeiras fraldas

A Maria nasceu no dia 18 de Fevereiro de 2011. Um pequeno ser humano que nem comer sabia, veio abalar as estruturas da nossa vidinha já tão bem rotinada e domesticada. Este pequeno ser humano veio derrubar as nossas barreiras físicas, psicológicas e emocionais, destruindo a estabilidadezinha já então conquistada, os horários, os projectos, as viagens, as noites e as manhãs. Este pequeno ser humano veio sem querer, pois quem o quisemos fomos nós. Este pequeno ser humano veio dar um sentido aos nossos sonhos e desejos, desarrumando tudo o que já estava meticulosamente arumado! Bem-vinda Maria!

Ora, passados alguns dias de habituação à minha nova condição pensei que podia aproveitar para deixar uns rabiscos partilhados no espaço cibernáutico, para me livrar de alguns fantasmas que só saem quando os escrevemos e também para partilhar algumas (in)experiências com futuras ou recentes mamãs que também passam pelo mesmo.

Assim aqui fica esta mensagem em jeito de introdução e um grande bem haja a todas as Mães. Espero dar uso a esta ferramenta sempre que, durante as trocas de fraldas, me surja um tempinho para deixar aqui algumas linhas, sem pretensões nem objectivos, apenas linhas...