quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Filhos, Pais, Avós... barafunda da família, a riqueza das relações humanas

Hoje recebi um email com um texto, enviado por uma avó, avó da Maria, mãe do pai da Maria. Não digo sogra porque o que interessa é o passaporte de passagem pelas várias gerações: Mãe duas vezes, Avó três vezes e Filha (só se é filha uma vez e a vida toda!) - curriculum invejável.
Ao ler o texto pus-me a pensar nesta teia, neste emaranhado de sentimentos e relacionamentos que surgem no meio familiar com os quais muitas vezes não sabemos lidar, mas que são a maior riqueza que nos é dada nesta vida.
De um lado: "Há um período em que os pais ficam orfãos dos seus filhos".
Do outro lado: "Eu ainda não estou nesse período, estou apenas agora a começar esta aventura de ser mãe e por isso tudo que que ali está escrito eu ainda não vivi e quero viver intensamente com a Maria."
De um lado: "Passou o tempo do ballet, do inglês, da natação e do judo. Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas."
Do outro lado: "Ainda quero viver as brincadeiras na praia, o ballet, os trabalhos de casa, tudo isso, não quero perder pitada. Quero viver até ao último segundo e mesmo assim um dia direi que ela cresceu de repente."
De um lado: "Os pais ficaram exilados dos filhos. Tinham a solidão que sempre desejaram, mas, de repente, morrem de saudades. Chega o momento em que só resta ficar de longe torcendo e rezando para que eles acertem nas escolhas em busca de felicidade. É esperar que a qualquer hora nos podem dar netos. O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos. Por isso os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável carinho. Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto."
Do outro lado: "Os avós querem reeditar o afecto nos nossos filhos, e muitas vezes essa reedição passa por fazer o que não fizeram enquanto pais. Já disse isto aos meus pais que me deram uma educação rígida e conservadora e que de repente, com uma facilidade impressionante, esqueceram-se de boa parte dela. Nós os filhos e pais recentes temos dificuldade em lidar com isso e queremos rapidamente encontrar e estabelecer limites. O perfeito é que os limites sejam definidos em conjunto, mas nem sempre é possível e por isso vamos apalpando terreno, vamos calando quando é preciso e falando quando é preciso. Não é fácil estabelecer essa fronteira, mas faz parte da riqueza das relações humanas e familiares. Talvez sejamos melhores filhos para os nossos pais quando temos filhos, melhores pais para os nossos filhos quando temos netos e melhores avós para os nossos netos quando temos bisnetos... mas isso faz parte da aprendizagem da vida, pois cada vez que passamos para uma nova fase não queremos cometer os mesmos erros. Cada fase da vida tem, a meu ver, um papel específico e único que não se pode sobrepôr mas sim complementar-se. Não é fácil estabelecer essa fronteira, mas faz parte da riqueza das relações humanas e familiares".
Duas visões de duas fases diferentes da vida, que enriquecem a nossa aprendizagem se as olharmos com humildade e de coração aberto.

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