sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Uma certa ingenuidade

Depois de mais um aniversário, penso sobre ter acrescentado mais um ano à minha idade e que consequências tem isso na minha vida. Agora que sou mãe, agora que tenho uma vida que depende de mim e à qual não hesitaria em dar a minha por ela, penso nas consequências de ter mais um ano de idade. Olho para o espelho e vejo-me fisicamente mais velha, algo amachucada pela gravidez, vejo o que os outros não vêem, mas gosto do que vejo e sobretudo penso que nada precisa realmente de mudar. Ter mais um ano, neste ano, não muda a forma como me vejo, mas muda a forma como vejo o mundo, e gosto de saber que olho para o mundo com uma certa ingenuidade. Não vejo segundas intenções em todos os que se cruzam comigo, ainda acredito que todos têm um lado bom e altruísta sem esperar nada em troca e sei que na Vida a vitória é sempre do Bem e nunca do Mal! Essa ingenuidade não se confunde com tolice ou burrice, é uma forma de esperança, é uma maneira simples e humilde de ver os outros e a extraordiária capacidade de amar que têm em si. É claro que há sempre aquelas vozes sábias que me avisam para ter cuidado ou que me dizem para não ser tão ingénua, mas a isso respondo que quem cultiva uma certa ingeguidade na forma como vê o mundo é feliz! Se em criança é aceitável ser-se ingénuo, então porque não sê-lo também em adulto? Que cada ano que acrescento à minha idade não represente menos ingenuidade na minha forma de ser.
Já dizia Almada Negreiros sobre o valor da ingenuidade:
"O maior perigo que corre o ingénuo: o de querer ser esperto. Tão ingénuo que cuida, coitado, de que alguma vez no mundo o conhecimento valeu mais do que a ingenuidade de cada um. A ingenuidade é o legítimo segredo de cada qual, é a sua verdadeira idade, é o seu próprio sentimento livre, é a alma do nosso corpo, é a própria luz de toda a nossa resistência moral.
Mas os ingénuos são os primeiros que ignoram a força criadora da ingenuidade, e na ânsia de crescer compram vantagens imediatas ao preço da sua própria ingenuidade.
Raríssimos foram e são os ingénuos que se comprometeram um dia para consigo próprios a não competir neste mundo senão consigo mesmos."

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