Colher após colher, a Maria ia comendo mas com uma cara tão feia, tão feia que metia dó vê-la abrir a boca para mais uma colher de sopa.
Bem sei que tenho que insistir mas realmente aquela sopa não sabia a nada. Mal provei entendia perfeitamente o que a Maria estava a pensar. Que coisa mais sem saborona!
A Organização Mundial de Saúde aconselha a não introduzir sal nas refeições antes do 1º ano de vida completo do bebé e eu até percebo pois o sal em excesso é prejudicial e nós (portugueses) temos a mão pesada para o sal. É importante pouparmos o nosso bebé aos excessos que cometemos quando cozinhamos e que uma vez instituídos são tão difíceis de eliminar. Mas ainda assim fiquei a pensar no papel do sal não só na cozinha portuguesa, mas também e sobretudo na vida dos portugueses. É que às vezes a nossa vida é demasiado insossa e outras vezes demasiado salgada. E é tão difícil ter a "mão" certa para o sal...
Quando já experimentámos o tempero perfeito o nosso paladar automaticamente reconhece quando falta sal ou quando está a mais. Também assim é na nossa vida.
Lembro-me de uma passagem na Bíblia: "Vós sois o sal da terra". Pois somos, nós somos o sal que dá sabor à vida, à nossa e à dos que nos rodeiam. Muitas vezes ficamos abaixo das nossas capacidades, não arriscamos, acomodamo-nos e a vida fica insossa e passa por nós sem sabor. Outras vezes exageramos e salgamos demais os nossos momentos, os nossos prazeres, as nossas vontades.
Um bom cozinheiro pode ser muito criativo, pode apresentar verdadeiras obras de arte à mesa, mas se não tiver "boa mão" para o sal todos os seus pratos serão arruinados. Saibamos cozinhar com equilíbrio as nossas vidas, saibamos dar o sabor que merecem mas sem exagerar, e de certeza que qualquer receita para a Felicidade ficará bem cozinhada!
Sem comentários:
Enviar um comentário