segunda-feira, 7 de maio de 2012

Os filhos são um empréstimo de Deus

Depois do dia da mãe, depois do post da Helena Sacadura Cabral no seu blog, fio de prumo, transcrevo as suas palavras que transparecem o sentimento único e inimaginável do que é perder um filho e de como se pode olhar para essa perda: "Os filhos são um empréstimo de Deus". «Depois da missa de ontem o meu coração serenou. Fiz tudo quanto o Miguel pediu antes de morrer. Acabei como devia, entregando-o nas mãos de quem mo emprestou. Amanhã ele faria 54 anos. Hoje recomecei, mansinho, a trabalhar. Como ele desejaria. Mais uma vez em sua homenagem. Aquela que só uma mãe pode dar. Porque a vida continua e, felizmente, ainda tenho vivos de quem me ocupar.» Penso tantas vezes na perda e, no entanto poucas são as pessoas que perdi ao longa da minha vida. Tenho medo de sentir a perda, tenho medo do estrago que isso me possa causar. Perdi dois grandes amigos, perdi uma avó, mas tenho os meus pais e irmã vivos, tenho a minha metade viva na pessoa do Rui e, sobretudo, tenho a minha filha viva! A ordem natural das coisas nem sempre funciona, e quando "por acaso" acontece não funcionar como o previsto, baralha-nos o sistema, o coração e a vida. Não sabemos bem porque é que as coisas não acontecem como era suposto e expectavel, não compreendemos que, de um momento para o outro, o nosso mundo possa ficar de pernas para o ar e tudo o que construímos e sonhámos seja destruído num segundo. Temos uma visão da vida como um direito adquirido, o qual reclamamos todos os dias perante nós próprios e perante os outros. O qual teimamos em dizer que não gozamos como seria de esperar ou porque trabalhamos demais ou porque não temos trabalho, continuando a exigir cada vez mais e melhores condições para gozar esse direito em nome da nossa realização pessoal e da nossa individualidade. Se ao menos experimentássemos olhar para a vida não como um direito adquirido mas como uma dádiva, tudo seria diferente. Ao invés de reclamar todos os dias, agradeceríamos todos os dias. Em vez de dispendermos energias em projectar as nossas acções para alcançar o sonho futuro da casa, do carro e da realização profissional e pessoal, gastaríamos as energias em viver plenamente cada dia, em constante acção de graças por termos mais mais um dia que nos é dado viver. Os sonhos que temos são feitos à medida dos homens e por isso são limitados, ou seja não são verdadeiros sonhos. Os sonhos verdadeiros devem ser à medida de Deus, perfeitos, infinitos, com asas, e tornar-se-são realidade um dia e para sempre!

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