terça-feira, 29 de maio de 2012

São Martinho do Porto

Este fim de semana, contrariando a previsão meteorológica, fomos para São Martinho do Porto. A Maria já lá tinha ido no Verão passado, mas ainda não tinha estatura nem consciência para disrutar do mar, do jardim, do pôr-do-sol, do chilrear das andorinhas quando se vão deitar...
Pois bem, este fim de semana foi diferente. Mal chegámos e avistámos a baía, ela guincha e diz "Aba, Aba" que quer dizer água. O excitamento de ver o mar, tanta água junta, contagiou-nos e mal acabámos de almoçar, fomo pôr o pé na areia!
Admirada com a textura dos grãos de areia que se colavam entre os dedos, a Maria foi andando devagar e sempre de mão dada, para não se desequilibrar. Pouco tempo depois já estávamos à beira mar e mal a água tocou nos seus pezinhos, num laivo de independência largou a minha mão e se não tivesse atenta tinha-se molhado toda dos pés à cabeça! Ria-se sozinha sempre que vinha uma onda (uma ondinha porque em São Martinho não há ondas), chapinhava, corria e se pudesse dado um mergulho. Ao fim do dia, depois de um banho quentinho, jantou e dormiu tranquila a noite toda.
O ar do mar traz-nos uma lufada de ar fresco que congela as preocupações, e neste fim de semana as minhas preocupações ficaram congeladas e só descongelaram quando regressei a Lisboa. Na praia em geral, mas em São Martinho em particular, o relógio serve apenas para confirmar que a barriga tem as horas certas e que a Maria tem que jantar. O telemóvel fica esquecido dentro da mala em casa. Os óculos não saem da caixa e são substituídos pelos óculos de sol. Os sapatos trocam-se por chinelos e as calças por uma canga atada à cintura. A carteira fica na cómoda da entrada e leva-se apenas uns trocos no bolso para um café ou um gelado. A leveza da praia contagia e torna a vida mais leve do normalmente é no quotidiano. Além disso, as descobertas da Maria mexeram na minha forma de olhar as coisas, sem ser com a perspectiva de que já conheço tudo, de que já sei o que vem a seguir, que é como normalmente olho os acontecimentos rotineiros do dia a dia. O que se conhece deixa de ter encanto. Já não somos supreendidos por nada. Mas porque achamos que conhecemos tudo? Mesmo as pessoas que julgamos conhecer, muitas vezes têm algo novo para nos mostrar, mas são à partida afastadas pelo nosso preconceito de achar que já sabemos o que esperar delas.
As descobertas da Maria fizeram-me redescobrir e viver os momentos deste fim de semana de uma forma mais especial. O mar clareou-me a mente e sol revitazlizou-me a alma. Pronta para mais uma semana de trabalho com o propósito de levar a Maria mais vezes perto do mar, faz-lhe bem a ela, a mim, a nós.

Sem comentários:

Enviar um comentário